PAULO FREIRE NUNCA FOI UM ENERGÚMENO

Energúmeno, segundo o dicionário, se refere ao algum tipo de fanatismo, pessoa desnorteada ou exaltada.

O termo, usado pelo presidente Bolsonaro, em relação ao professor Paulo Freire, não se encaixa de forma nenhuma no perfil do educador pernambucano.

Professor, que escreveu diversos livros e criou um método de alfabetização considerado revolucionário – usado em diferentes países – era um pensador cristão de esquerda, respeitado internacionalmente.

Paulo Freire defendia que as pessoas fossem ensinadas não somente a ler e escrever, mas também a pensar.

Seu método incorporou palavras ligadas à vida das pessoas comuns, para facilitar o aprendizado.

Roça, tijolo, enxada, casa, palavras assim eram utilizadas no processo de alfabetização de Freire, de modo que homens e mulheres aprendiam a ler soletrando termos que faziam parte do seu dia a dia, o que facilitava o aprendizado.

Nada de “vovô viu a uva”, ou outras expressões vazias ou imbecilizantes.

Dois livros são fundamentais na obra do professor: “Pedagogia como Prática da Liberdade” e “Pedagogia do Oprimido”.

Pode-se discordar do pensamento de Paulo Freire, mas não dá para negar a importância do seu trabalho nem apagar algumas verdades pregadas em seus livros.

Educador foi perseguido pela ditadura militar pós-64 e volta a ser atacado, tantos anos depois de sua morte, por um admirador do regime de terror que infelicitou o Brasil 20 anos.

O termo energúmeno, no entanto, não se aplica ao autor de “Pedagogia do Oprimido”, pois ele nada tinha de fanático ou extremista.

Era um intelectual comprometido com mudanças, com as classes oprimidas, na luta de classe tomava posição a favor dos pobres, dos humilhados e ofendidos.

Provavelmente o líder político da extrema direita, ao se referir ao professor Paulo Freire com o termo inadequado, estava diante do espelho.