A ação de despejo movida pelo
INCRA contra o MST, retomando a posse da fazenda Normandia (Caruaru) cumpre
estritamente o programa de retaliação e criminalização dos movimentos sociais
no Brasil, anunciado antes pelo senhor Jair Bolsonaro.
A exemplo das ações
criminosas contra as terras dos indígenas, quilombolas, contra os negros,
homossexuais, a escola pública e o meio-ambiente, este governo pratica um
verdadeiro crime de lesa-sociedade.
O MST é um movimento social
moderno, exaltado por personalidades do mundo inteiro. Faz parte de um comitê
mundial dos povos da terra, tem sido um participante assíduo do fórum social
mundial e contribuído, também, para o avanço da democratização das estruturas
agrárias brasileiras.
A fazenda Normandia é uma
verdadeira escola da mais alta importância para os trabalhadores rurais. As
universidades públicas têm contribuído frequentemente com seus quadros para o
trabalho de formação de agentes sociais. Tem sido também um laboratório de
novas formas coletivas e solidárias de produção autossustentável. As
cooperativas do MST ajudam a colocar comida boa e barata na mesa do povo
brasileiro e ensina os princípios da agroecologia.
É lamentável sob todos os
aspectos essa espécie de vindita social contra os movimentos sociais. Tal medida só pode partir de uma mente insana
a serviço dos grandes agro negociantes, das empresas de alimentos transgênicos
e do agrotóxico. Poucos movimentos sociais granjearam tanta admiração e apoio
da sociedade como o Movimento dos trabalhadores sem-terra. Foi ele considerado
por Manuel Castels um movimento de “identidade de projeto” não apenas de
“reação”.
Chico Buarque de Holanda,
José Saramargo e Sebastião Salgado reconheceram o seu importante papel na
sociedade. Abundam na universidade os estudos sobre a capacidade do MST
produzir fatos políticos através do poder simbólico. Sua tríade: “terra,
trabalho e vida” se opõe como nenhuma coisa a esse capitalismo rentista que faz
da propriedade rural mera reserva de valor, enquanto milhares de brasileiros
morrem de fome ou não tem um chão para plantar.
*Michel Zaidan Filho é cientista político e professor da UFPE.
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