O padre da discórdia
E não é que na Colômbia se faz cinema de qualidade?
Graças à Netflix, hoje temos
oportunidade de assistir boas produções dos mais diversos lugares do mundo,
como Japão, Coreia do Sul, Alemanha, França, e países da América do Sul como Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.
Da Colômbia, de 2016, está em
cartaz na provedora de filmes o excelente “O Suborno do Céu”, um ótimo programa
para este domingo.
O longa trata da questão da
intolerância religiosa e é baseado em uma história que realmente aconteceu, numa
pequena cidade do interior da Colômbia.
Lembra, apesar das diferenças
significativas, o brasileiro “O Pagador de Promessas”, baseado em obra de Dias
Gomes, que ganhou a Palma de Ouro no prestigiado Festival de Cannes, na França,
isso na década de 60.
O
Suborno do Céu conta a história de um padre excessivamente
rígido que se recusa a celebrar missa por um suicida, apesar do morto pertencer
a uma família cristã do lugarejo, principalmente a mãe do rapaz que cometeu o
ato de desespero.
Pessoas ligadas à família
tentam conversar com o pároco, ele mantém sua posição e ainda trata os que o
procuraram de forma grosseira.
Sacerdote vai mais longe:
envia a polícia para tentar evitar o sepultamento do suicida no cemitério da
cidade.
Um irmão do morto, After,
enfrenta a polícia com argumentos, alegando que o trecho do cemitério foi
comercializado pela igreja e agora é propriedade particular, portanto o
sepultamento não pode ser impedido.
A partir daí o padre endurece
ainda mais a situação, fecha a igreja e deixa de dar a extrema unção, realizar
casamentos, batizados e outros sacramentos.
Conflito evolui, pároco não
abre mão de suas posições extremadas e After, com a ajuda de outras pessoas
começa a elaborar uma lista de muitos suicidas que estão enterrados no mesmo
cemitério. Essa atitude vai causar um reboliço na cidade.
Até a Semana Santa, que está
próxima, fica ameaçada de “passar em branco”, por conta da guerra do padre com
os fiéis.
Filme é todo bem realizado.
Começa bem, mantém a qualidade durante o desenrolar da história e tem um final
praticamente perfeito e até surpreendente.
Lisandro Duque Naranjo é o
diretor dessa obra valiosa do cinema colombiano e no elenco merecem destaques
German Jaramillo, que interpreta o padre, Guillermo Garcia, como After, e
Milady Dau, no papel de Fabíola, que proporciona uma das melhores cenas do
longa, já nos minutos finais.
Filme “redondinho”, sem
complicações ou enfeites, talvez sem grandes pretensões, mas que cumpre um
papel importante ao resgatar um fato real ocorrido no pais da América do Sul e
discutir, em pleno Século XXI até que ponto um padre dogmático pode fazer
mal a toda uma comunidade por pura teimosia e intransigência.
No mínimo “O Suborno do Céu” merece uma nota 8.
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