Na
manhã da sexta-feira, o jornal Estado de São Paulo publicou entrevista
exclusiva com Moro, na qual o hoje ministro da Justiça tenta naturalizar suas
conversas com os procuradores. Apesar disso, o ex-juiz que condenou Lula se
recusou a admitir o teor das mensagens vazadas, e escondeu-se atrás de um
suposto ataque hacker para fazer provocações ao Intercept.
Além
de defender que o site divulgue todas as conversas de uma vez, Moro quer que o
dossiê seja entregue para uma “autoridade independe” para fazer uma perícia.
Glenn
escreveu aos seus seguidores: “Moro mentiu em sua entrevista ao Estado hoje,
afirmando que só tinha conversas banais e ‘comuns’ com os promotores, negando
que já tivesse participado de sua estratégia. Essas provam que ele fez
exatamente isso – fingindo ser um juiz neutro enquanto comandava a promotoria.”
“Enquanto
julgava o processo criminal contra Lula, Moro secretamente zombava da defesa em
conversas secretas com os promotores. Pior, ele estava dirigindo sua campanha
pública contra o mesmo réu que ele estava julgando – exatamente que ele sempre
negou que ele fez.”
O Intercept mostrou, em sua sexta
reportagens sobre a Vaza Jato, que Moro enviou uma mensagem a Carlos Fernando
dos Santos Lima na noite do dia em que Lula foi a Curitiba prestar depoimento
sobre o apartamento no Guarujá.
Depois
de pedir a opinião do procurador da Lava Jato sobre o confronto com o
ex-presidente, Moro sugeriu que o Ministério Público deveria produzir uma nota
evidenciando o que chamou de “contradições” de Lula durante a oitiva.
Santos
Lima encaminhou a “demanda” para Deltan Dallagnol e para a assessoria do MP.
Dallagnol, no dia seguinte, procurou Moro no aplicativo para justificar a
demora.
“Talvez
o mais significativo e embaraçoso de tudo: Moro comandou efetivamente o
processo contra Lula enquanto fingia ser um juiz ‘neutro’, condenando-o. Seu
papel de chefe da força-tarefa era tão claro que Deltan se desculpou quando
adiou a obediência às ordens de Moro.”
Para
além das nossas convicções já antigas, surgiram agora
graves
crimes. Até a insuspeita revista Veja (porta-voz do mais desabrido e desonesto
reacionarismo da direita) já sabe disso.
Trata-se
do começo de uma queda que impõe ao governo, desde já, o dilema de mantê-lo
como um pedestal de base rachada, trincando progressivamente sob as
sistemáticas denúncias irrespondíveis dos vazamentos de textos, áudios e
imagens capturados no Telegran, ou
“pedir” ao mesmo uma “saída” obsequiosa para responder às acusações fora do
poder (e com isso ganhar a ira dos seus fanáticos seguidores). Dado o grau de
apodrecimento do Judiciário e da política nacionais, não me surpreenderia se
nada acontecer.
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