Capitão Augusto
Rosa (PR-SP), deputado federal, líder da
“bancada da bala” deu uma entrevista ao jornal Valor Econômico, das
organizações Globo, reconhecendo que o Governo vai mal.
Apesar de jurar
fidelidade a Bolsonaro, o deputado compara a situação do presidente na Câmara
Federal, no atual momento político, a da ex-presidente Dilma Rousseff.
Detalhe: Entrevista
foi antes das manifestações desta última quarta-feira.
Confira:
"Valor: Tem
risco de ele não terminar o mandato?
Augusto Rosa: Tem
Valor: Qual o nível
desse risco?
Augusto Rosa: Gosto
de estudar política. Na época da Dilma, fiz um diário com o escalonamento dos
sinais de insatisfação. Um: A base aliada parou de defender o governo. Hoje,
tirando dois ou três gatos pingados, ninguém sobe na tribuna. Nas rodinhas [de
deputados] também não importa se tem gente do PSL, o cara senta o pau e
ninguém, nem o do PSL, defende. Dois: O pessoal fala mal publicamente, reclama
nos grupos de Whatsapp, até nos que o Eduardo Bolsonaro [filho do presidente e
deputado] participa.
Valor: Não é normal
criticarem o governo nesses ambientes?
Augusto Rosa: O
pessoal costuma se preservar porque sempre precisa de algo do governo, ser
atendido por ministro, liberar emenda. Quando chega nisso de mandar [o governo]
"tomar banho" é grave. Depois começam a votar projetos menos
relevantes para dar umas pauladas e, se não tem resultado, derrotam ou adiam os
projetos mais relevantes.
Valor: Como a
reforma.
Augusto Rosa: Para
ver onde já estamos. O governo oferece cargos e o pessoal não quer. Não estão
oferecendo, mas vários partidos falaram que não aceitarão. Por último, o
pessoal se recusa a participar de eventos do governo. Só olhar a participação
do Bolsonaro na Agrishow [feira da agropecuária]. A Dilma e o [Michel] Temer
levavam uns 20 deputados junto, iam no avião presidencial para prestigiar. Só
vi um deputado na foto com o Bolsonaro.
Valor: A situação é
crítica?
Augusto Rosa: É o
retrato da Dilma, parece um filme repetindo. O governo tem que agir rápido, mas
infelizmente acho que o Bolsonaro não tem ideia do que está se passando. É
triste ver uma luta tão grande para a direita assumir o poder e ver
esfacelando, segundo as pesquisas, a nossa imagem.
Valor: Ele aposta
em jogar a opinião pública contra o Congresso?
Augusto Rosa:
Talvez, mas não funciona. O Congresso está aguardando, cozinhando o galo, como
se diz no interior. Sabem que não é hora de brigar porque ele ainda está
fortalecido, tem popularidade, mas que tende a diminuir se a economia não for
bem. Minha avó dizia: quando o problema financeiro entra pela porta, o amor sai
pela janela. Se o cara perde emprego, a gasolina sobe, o humor muda.
Valor: É isso o que
falta para o impeachment, a economia parar?
Augusto Rosa: Se a
situação econômica estivesse boa com a Dilma, o Congresso não conseguiria
tira-la. O bombeiro fala que o ambiente está gasado, falta só a faísca para
explodir. Ambiente gasado tem insatisfação política e insatisfação popular. A
insatisfação política já está instalada, a olhos vistos. E se você juntar com a
insatisfação popular, só falta uma faísca [estala os dedos].
Valor: Mas o Mourão
assume?
Augusto Rosa: O
Mourão assume sim.
Valor: Acha um bom
nome?
Augusto Rosa: Gosto
dele. Gosto do Bolsonaro e do Mourão, os dois são amigos né. Os dois são
ótimos.
Valor: Já foram
amigos, né, a relação não está das melhores.
Augusto Rosa: Eu
até ia conversar com o Mourão hoje porque pedi para ele receber um prefeito,
mas era na hora do voo. O pessoal na Câmara elogia muito ele. Está numa função
mais tranquila, não precisa ficar decidindo, não é vidraça. E tem tempo, os
deputados vão lá [e ficam conversando]. Fui mostrar meu livro, eram 15
minutinhos e fiquei 1h30 batendo-papo sobre política. Ele ficou muito
interessado no meu super trunfo.
Valor: O que é
isso?
Augusto Rosa: É um
baralho que uso para aprovar projetos. No primeiro mandato aprovei emenda à
Constituição e a lei que salvou os rodeios. Fiz um perfil dos 513 deputados e
atribui pontuação para cada um, o quanto têm de prestígio, o quanto influencia
os votos e a mídia. Se preciso de apelo popular, vou atrás de quem tem mídia.
Se preciso votos no plenário, vou atrás de alguém influente. De 513, uns 30 que
influenciam o voto mesmo. Não precisa ficar conversando com quem não
influencia.
Valor: O Bolsonaro
viu?
Augusto Rosa: Quem
se interessou foi o Mourão. Quer que eu explique o passo a passo. Toda semana
converso com 50 deputados diferentes. Sento no cafezinho e quero saber o que
estão achando. Levei isso ao governo, mas parece que não estão interessados.
Valor: Esse
sentimento é do senhor ou da bancada da bala?
Augusto Rosa: Não é
opinião pessoal, é o sentimento geral da Casa. Estou com o Bolsonaro até o fim.
Se tiver impeachment, eu voto contra, subo, defendo, brigo, uso meu super
trunfo. Se afundar o barco, afundo junto. Mas vocês estão ouvindo alguma coisa
diferente do que estou falando?
Valor: Vê sinais de
que o governo está percebendo isso e vai mudar?
Augusto Rosa: Os
partidos não quererem mais participar do governo não dá para reverter, só
minimizar. Era algo normal compor o governo distribuindo cargos aos partidos.
Como presidente da frente, eu queria ter indicado o secretário de segurança
nacional [Senasp]. O interesse é escuso? Não, é a nossa bandeira. Se tenho um
cara lá afinado comigo, é mais fácil articular.
Valor: O governo
não ofertou, mas se oferecer eles aceitam.
Augusto Rosa: Demonizou tanto que
partido nenhum é louco de pegar ministério ou cargo. Vão falar que estavam na
oposição porque não tinham cargos e chamar de prostituta, que se vende em troca
de cargos. Quem é louco de aceitar isso? Com 100 dias, já se tornou
irreversível."
Bolsonaro está deixando ser construído por esquerdistas e ladrões, o ambiente de ingovernabilidade e não está buscando apoio dos Estados Unidos, Israel, Japão, Coreia do Sul de graça? Esquerdistas e Bandidos agora vocês podem começar a temer, pois seus traseiros serão visitados em breve por coturnos pesados.
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