Praça Irmãos Miranda, em
Garanhuns, é um local que representa bem um microcosmo do município e da região.
É que por lá, principal
terminal de ônibus da Suíça Pernambucana, durante o dia e a noite, passam
regularmente pessoas de todos os bairros e da maioria das cidades da região.
Gente simples, gente do povo.
Pela Praça Irmãos Miranda não passam os grandes empresários, advogados,
médicos, bancários, funcionários públicos bem remunerados ou demais representantes do que
se convencionou chamar “alta sociedade”.
São comerciários, domésticas,
pedreiros, padeiros, eletricistas, manicures, aposentados humildes, que durante
a semana fazem o vai e vem do centro para as Cohabs, Indiano, Brasília, Magano,
Parque Fênix, Boa Vista, Mundaú, Várzea ou cidades vizinhas a exemplo de
Lajedo, Jupi, Calçado, São João, Angelim, Canhotinho, Lagoa do Ouro, Correntes,
Terezinha e Bom Conselho.
Na hora do “rush” o terminal
de ônibus fervilha com tantas pessoas atrás da condução que os levará à casa.
E aparecem os vendedores
querendo ganhar uns trocados dos passageiros, antes do embarque. Um oferece
frutas, outro picolé, olha aí a pipoca! Um senhor oferece 6 panos de prato por
10 reais, uma senhora numa barraquinha comercializa água e refrigerante. Às
vezes aparece alguém também com milho assado ou cozinhado, canjica, pamonha,
tapioca.
Parece uma feira!
Nos bancos de cimento, os mais cansados
esperam sentados que seu ônibus passe, ouvindo as conversas do que estão em pé, mas
próximos de onde para o coletivo.
Se fala de futebol, de
religião, das chuvas e de política. Ora se esse assunto palpitante iria faltar em lugar de
tanta diversidade.
Uma senhora aparentando 45
anos, morena, começando a ganhar fios brancos na cabeça, esculacha com Bolsonaro:
“Disse que num nasceu pra ser
presidente. Nasceu pra poliça” (assim, com Ç mesmo, foi assim que pronunciou).
“Ele em três mês não fez nada.
Só fala bestera”, entrou na conversa um cidadão de idade, demonstrando
claramente não estar satisfeito com o presidente brasileiro.
“Daqui a poco tá igual ao
Téme, é tudo uma desgraça só”, voltou ao assunto a mulher morena.
Aí um rapaz, com jeito de
estudante, ainda jovem, resolveu intervir e fez uma pergunta à senhora de meia
idade:
“Na sua opinião Temer ainda
faz alguma coisa, com aquela mulher bonita que ele tem”?
A mulher fez uma meia careta,
mexeu o corpo, deu um meio sorriso irônico e soltou:
“Faz?”, devolveu a pergunta e
jogou a resposta: “Faz, igualzinho a meu marido, o inútil”.
Passou um ônibus de uma linha
que estava demorando. Quase metade do povo que estava na Praça Irmãos Miranda
foi embora.
Depois viriam outros para
discutir novela e futebol, falar mal de Temer e Bolsonaro, rindo dos próprios
problemas, dos apertos do dia a dia.
*Foto:
Catiana V. - https://pt.foursquare.com/
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