LULA LIVRE! - Por Roberto Almeida

Ao deixar o cemitério, Lula subiu no carro da Polícia Federal e acenou para seus apoiadores. Na hora que ele desceu, o delegado da PF disse: “O senhor sabe que não devia ter feito isso”.

- O senhor sabe que eu devia – respondeu Lula.

Este pequeno texto, publicado no jornal Estado de São Paulo de hoje, sintetiza o que foi a saída do ex-presidente da prisão para acompanhar o velório e cremação do neto Arthur Araújo da Silva.

Líder petista se despediu do neto cercado por quase 300 policiais militares, mais algumas dezenas de integrantes da Polícia Federal.

Os PMs fortemente armados, ostentando metralhadoras, como se estivessem prontos para uma guerra, cuidadosos para evitar a fuga ou qualquer ato de rebeldia do "Al Capone brasileiro".  Um homem de 73 anos alquebrado pelas perseguições e perdas de seus entes queridos, como a esposa Mariza, o irmão Vavá e agora o neto de 7 anos, Arthur.

Lula ficou livre por algumas horas, viu de perto, fora da prisão, os familiares, amigos e companheiros do PT, partido criado por ele na década de 80.

Apesar de toda tristeza, do acúmulo de sofrimentos e humilhações durante a maior parte de sua vida, revelou a altivez de um homem de verdade, seja pela resposta ao delegado da PF, seja pela aparência de quem está em paz com sua consciência.

A TV Globo mostrou, no meio da tarde, imagens do ex-presidente saindo do avião, caminhando e acenado para as pessoas.

Não se viu a imagem de um homem derrotado nem amargurado, mas de alguém que não baixa a cabeça, porque tem a consciência do que fez, de quem são os verdadeiros bandidos, do que está em jogo num país que há poucos anos atrás era respeitado e atualmente não vale mais do que nossos vizinhos como a Argentina, o Paraguai, o Chile ou o Uruguai.

Todos os jornais, as rádios, as emissoras de TV, os sites, os blogs, a imprensa inteira, do Brasil e exterior, noticiou o “Lula Livre” de hoje.

Nas imagens da TV, nas fotos, no semblante do nordestino do Sítio Várzea Comprida, ex-operário em São Paulo, deputado constituinte e presidente da República não dá para enxergar um criminoso e sim um político carismático que tem uma história de respeito.

Outros, que estão livres das grades, alguns até no governo, passam muito mais a impressão de ligação com o crime, improvisado ou organizado.

Homens e mulheres choraram nos mais diferentes lugares do país. Porque embora milhares tenham Lula como bandido, milhões o consideram um perseguido, um injustiçado, vítima de um complô do qual participaram juízes, promotores, jornais e emissoras de TV.

Afinal de contas esse Lula que governou com tanta habilidade oito anos, que está entre os indicados para o Prêmio Nobel da Paz deste ano é gênio ou estúpido?

Teve todo o poder e não acumulou riquezas. Não tem apartamentos em Paris, nem fazendas, empresas, dezenas de automóveis de luxo, iates, mansões em São Paulo ou no Rio de Janeiro.

Pelo menos o Ministério Público e os juízes que cascavilharam tanto sua vida nunca mostraram nada disso, nem contas no exterior.

E ele foi condenado em suas sentenças irmãs (as duas com texto semelhante), como se o segundo julgador tivesse feito control-v, por conta de um muquivo e um sítio que não conseguiram provar serem seus.

Enquanto no carnaval de Olinda, do Recife, de Salvador, de Belo Horizonte, de São Paulo, de todas as cidades brasileiras em que os foliões estão nas ruas,  o povo brasileiro protesta contra o Governo Bolsonaro, Lula Livre por alguns instantes comove uma nação, mexe com a sua gente, obriga a imprensa a mostrá-lo

E o que se vê ou viu, até na Globo, não foi um criminoso, mas um líder político, um homem que não baixa a cabeça, que permanece altivo e por isso mesmo é temido pelos reacionários e pelos que conquistaram o poder graças as mentiras e manipulações pós golpe parlamentar de 2016.

Brasileiros acordem. Fiquem unidos. 

Hoje,  mas que nunca. Por Mariza, por Vavá, pelo pequeno Arthur, pelos mais pobres, pelo bem do país.

Lula Livre!

*Fotos: Reproduzidas do Portal G1 e do blog Conversa Afiada