Por Dom Fernando Saburido
A Paz é fruto da justiça.
Os
meios de comunicação social vêm noticiando que o Presidente da República
assinou decreto que facilita a posse de armas de fogo para a população civil
brasileira e declara que esse é o primeiro passo no cumprimento de uma das
principais promessas de campanha. Nesse campo, outras mudanças virão. Foi
prometido também empenho para a redução da maioridade penal para 16 anos,
quando deveria sim, haver empenho para investimento na área da educação e
cultura, sobretudo das nossas crianças, adolescentes e jovens, em situação de
vulnerabilidade. Qualquer nação que se preza sabe, perfeitamente, que somente
um povo bem educado poderá evoluir individual e comunitariamente, sem esquecer
a educação da fé. É o único caminho a trilhar para garantir um Brasil melhor,
próspero e pacífico.
Como
cristãos, discípulos de Jesus e como pastor desse povo de Deus, já vítima de
tantas violências cotidianas, em consciência, me sinto obrigado a me posicionar
publicamente contra essas medidas. Quero lembrar às pessoas que se consideram
cristãs a palavra de Jesus dirigida ao Apóstolo Pedro no Horto das Oliveiras: “Guarda a tua espada (a tua arma). Pois
todos os que usam a espada, pela espada morrerão” (Mt 26,52). Quem
quer viver como filho ou filha de Deus, deve refletir o seu caráter de Amor
incondicional. Conforme Jesus nos ensina, “bem-aventurados
os que promovem a paz porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9).
Atualmente,
os meios para garantir maior lucro às indústrias de armas pessoais é a violência
cotidiana. De fato, esta tem aumentado e sempre provoca insegurança e a revolta
das pessoas. Disseminar armas entre os cidadãos, porém, não somente não
diminuirá a violência, como, ao contrário, ainda mais a agravará, basta ver o
exemplo de outros países. As empresas fabricantes de armas é que ganharão com
essas medidas.
Há
dez anos (em 2009) a CNBB tomou como tema da Campanha da Fraternidade: A
Fraternidade e Segurança Pública. E o lema era a palavra de Isaías 32, 17 que
tomei como título dessa declaração: A paz é fruto da justiça. Isso
significa que a segurança pública não se resolverá apenas por medidas policiais
e menos ainda por linguagens que incitam a violência e o ódio em meio às
pessoas. De acordo com a Bíblia, só o cuidado com a justiça social e uma
educação para o respeito aos direitos de todos, podem nos conduzir ao Brasil
que desejamos e com o qual sonhamos.
Espero
que todos os irmãos e irmãs que constituem as forças vivas da nossa
arquidiocese, padres, religiosos, religiosas e leigos/as, saibam discernir o
que é correto e justo e não dêem um testemunho contrário ao espírito do
Evangelho. Recordo a todos que os nossos exemplos de pastores devem ser Dom
Hélder Câmara, servo de Deus que liderou no Brasil a Ação Justiça e Paz através
da não violência e o bispo Dom Oscar Romero, agora canonizado, que deu a vida
para acabar com a violência em El Salvador.
Por
seu modo de ser e de viver, revelemo-nos discípulos/as de Jesus.
Ele
é a nossa paz. (…) Em sua carne, derrubou o muro de inimizade que separava os
povos e quis assim formar um só homem novo, estabelecendo a paz (Ef 2,
14–15).
Recife, 17 de janeiro de 2019
Dom Antônio Fernando Saburido, OSB
Arcebispo de Olinda e Recife.
ARCEBISPO DE OLINDA E RECIFE escreve uma artigo bem feito mostrando o contraditório para servir de exemplo aos católicos e evangélicos que defenderam a pena de morta,o armamento de todos os cidadãos de bem e cassete nos homossexuais.
ResponderExcluirParem de dizer que RECRUTA ZERO vai influenciar as pessoas a usarem armas. Lula não me influenciou a beber cachaça... E MUITO MENOS A ROUBAR!!!
ResponderExcluirP.S.: - A desfaçatez dessa gente é assombrosa.