Por Manoel Belarmino
Andando
em algumas ruas das cidades do sertão sergipano, percebo que as lojas e os
locais de negócios já começam a se enfeitar com adornos e luzes natalinos. É a
luz do comércio. É a festa de Natal chegando.
Nos
tempos atuais todos os anos são assim. As cidades se iluminam. As casas
comerciais mais ainda. Luzes que piscam. A cor vermelha e branca do papai Noel
estão por todos os lugares. Nós os cristãos continuamos ensinando e enganando
os nossos filhos que o velho Papai Noel, filho da Coca Cola, é o homem bom. E
escondemos o verdadeiro salvador do mundo, o mestre Jesus.
"As
luzes dos comércios colocam na escuridão a luz de Cristo" (Papa Francisco
na homilia da Missa do Galo do ano de 2016) nasce neste Natal. O
"papai" Noel, filho da Coca Cola e da mentira, filho da ganância e da
enganação, nestes tempos de Natal toma conta de todos os lugares, das ruas, das
praças, das telas de TV e das mentes e dos corações das pessoas e, mais grave
ainda, das crianças. E o mestre Jesus quase não aparece. Somente nas poucas igrejas.
O consumismo toma conta. O capital criou o Papai Noel, o filho da Coca Cola.
Nos
tempos atuais, o Natal é um momento de alegria e de esperança, mas também é um
momento de aprofundamento em muitas comunidades da tristeza e da dor. Crianças
que recebem belos e caros presentes mesmo sendo de um papai Noel falso e
mentiroso, se alegram mesmo momentaneamente. Outras e muitas que neste Natal
choram e se aprofundam mais ainda ao não ter sequer comida na mesa e nem água
para beber. Crianças que nem uma esperança de mentira, como mentiroso é o papai
Noel da Coca Cola.
O
capital que criou o papai Noel é o mesmo que aprofunda a exploração e o
empobrecimento de populações em todo o planeta. É o mesmo que mantêm os
governos a seu serviço, que enfraquece as políticas de saúde para fortalecer as
indústrias de medicamentos e planos de saúde; que enfraquece as políticas de
educação para manter a educação privada e que enfraquece a política da produção
de alimentos e da agroecologia para manter o agronegócio. É esse mesmo capital
que forçam os governos a manterem a indústria das secas nos sertões do
nordeste.
Maldito
seja o Papai Noel, o velho mentiroso, que vive a serviço da ganância e da
exploração de pessoas pelo capital! Velho bandido, mentiroso e enganador de
crianças!
Viva
o mestre Jesus, o santo, o revolucionário filho de Deus, que se fez pobre e
nasceu na exclusão para mostrar o caminho da liberdade e da vida!
Feliz
Natal e que nos livre do Papai Noel e de todos os papais noeis desses governos,
do congresso e do judiciário. Estes são tão enganadores quanto o papai Noel que
aparece no Natal.
E
que a luz do comércio não seja a nossa luz, mas que a Luz do Cristo ilumine as
nossas consciências e as nossas vidas.
*Manoel Belarmino é de Poço Redondo, Sergipe, é líder quilombola e pesquisador de temas nordestinos como, por exemplo, o cangaço.
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