Por Ricardo Kotscho
Os generais estão voltando, sob o comando de um capitão reformado, mas não estão sozinhos para dar as ordens em Brasília.
Os generais estão voltando, sob o comando de um capitão reformado, mas não estão sozinhos para dar as ordens em Brasília.
Junto com eles, chegam ao poder os bispos da grana das igrejas
evangélicas neo-pentecostais, que já nomeiam e vetam ministros.
Nada muito diferente de 1964.
Só mudaram as igrejas: naquela época, quem açulou os militares a
tomar o poder foram bispos da igreja católica apostólica romana, que promoveram
as Marchas da Família, com Deus pela Liberdade, e acenderam o pavio do golpe.
Igrejas e Forças Armadas sempre tiveram muito poder no Brasil.
Juntas, podem eleger e derrubar presidentes.
Na semana em que os nostálgicos da ditadura militar comemoram os 50 anos do Ato
Institucional Nº 5, o golpe dentro do golpe de 64, Jair Bolsonaro será diplomado
pelo TSE ao final do processo eleitoral mais sujo e manipulado da nossa
história.
Desta vez, não foi preciso colocar tanques nas ruas: o serviço
foi feito nas redes sociais e nos tribunais, “tudo dentro da lei e da ordem,
com as instituições em pleno funcionamento”.
Na manhã de sábado, reunido na Agência Pública, um grupo de
jornalistas que já passaram pelas principais redações do país discutiu o papel
da mídia que foi surpreendida pela onda conservadora bolsonariana nas eleições
de outubro.
Nós, repórteres, não vimos germinar nos becos, nas quebradas, nos templos
eletrônicos e nos quartéis, muito menos nos algoritmos das redes sociais, as
novas fontes de poder.
Nas nossas agendas de fontes, já não havia militares nem
religiosos como em outros tempos.
Sabíamos de cabeça os nomes dos generais do Alto Comando do
Exército e dos principais líderes da CNBB, agora substituídos pelos cardeais do
STF e cruzados da Lava Jato, que viraram astros da televisão ao vivo.
São difusos os interesses dos novos donos do poder, mas o
objetivo é o mesmo de 50 anos atrás: tolher as liberdades públicas e rifar os
direitos dos trabalhadores, para vender as nossas riquezas naturais na bacia
das almas, e atender ao projeto dos grandes interesses multinacionais na
Amazônia e no pré-sal.
Ao abdicar de uma política externa independente, para se
oferecer como ponta de lança de Donald Trump na América Latina, os senhores
proprietários de terras, gado e gente se uniram em torno do capitão para varrer
do mapa os movimentos sociais e implantar seu projeto de concentração de renda
e de poder.
Até o presidente do STF, Dias Toffoli, e o governador eleito de São Paulo, João
Doria, fiéis aliados da nova ordem, já convocaram generais para suas equipes.
Nestes dias de reminiscências do AI-5, voltam as lembranças da
época em que a segurança pública em São Paulo era comandada pelo famigerado
coronel Erasmo Dias, que tinha tara para bater em estudantes, professores e
operários.
Agora, em lugar do coronel, teremos um general e, em lugar dos
generais-presidentes, assume um capitão reformado pelo Exército aos 33 anos,
que virou deputado do baixo clero e em três décadas de atuação parlamentar
nunca passou de uma figura folclórica, defensor da ditadura militar e seus
torturadores.
Como a imprensa vai lidar com estas velhas novas fontes de
poder, que já tratam repórteres como inimigos da pátria, a exemplo do que faz o
presidente americano?
Repórteres, como sabemos, são esses tipos inconvenientes que
querem saber: de onde veio e para onde foi o R$ 1,2 milhão do caixa eletrônico
da família do PM motorista dos Bolsonaro?
Uma coisa é certa: não será fácil a lida dos jornalistas daqui
para a frente para contar o que está acontecendo nos subterrâneos deste poder
teocrático-militar.
*Ricardo Kotscho é jornalista experiente, tendo atuado nos principais veículos de comunicação de São Paulo e do Brasil. Atualmente assina o blog O Balaio do Kotscho.
**Ilustração: Revista Época. Foto: Jornal CGN
O único erro na vida do bom jornalista Ricardo Kotscho foi pertencer ao setor de comunicação no governo do quadrilheiro Lula.
ResponderExcluirP.S.: - Em que pese ser um jornalista petralha, Kotscho, sofre muito pouco ou quase nada de dissonância cognitiva e sabujices difamatórias...
"Nós, repórteres, não vimos germinar nos becos, nas quebradas, nos templos eletrônicos e nos quartéis, muito menos nos algoritmos das redes sociais, as novas fontes de poder."
ResponderExcluirEstavam muito ocupados gastando dinheiro público, roubado, e distribuído por laranjas. Mas a teta secou. Nos próximos anos haverá uma gigantesca investigação, sobre onde foram parar as verbas desviadas nos governos petistas, e com certeza vai se encontrar muito dinheiro distribuído, para agentes de mídia do país inteiro.
Para acompanhar as igrejas católica e neopentecostais faltou a maçonaria, por estar esta em declínio absoluto! E o satânico coronel Erasmo Dias tinha estreita colaboração do matador sanguinário, delegado Sérgio Paranhos Fleury... Este se tornou tão poderoso que as próprias forças armadas resolveram dar fim à vida dele... E assim o satanás já levou todos... Até o torturador maior Brilhante Ustra já repousa nas profundas dos infernos... Que os diabos recebam todos com espetos fumegantes nas mãos!!
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