Por
Altamir Pinheiro
Corria o
ano de 1968... Com um orçamento de três milhões de dólares que a Paramount
colocou à sua disposição Leone entendeu que era o momento de mostrar ao mundo
com “ERA UMA VEZ NO OESTE” que seu nome decididamente merecia figurar no templo
consagrado dos maiores diretores dos filmes de faroeste. Como diz o cinéfilo e
estudioso do assunto Darci Fonseca: “A Paramount colocou à
disposição de Leone um orçamento ainda maior que sua volumosa barriga: três
milhões de dólares”. Com toda essa grana na mão, a primeira atitude do diretor
italiano, aceitando uma preciosa sugestão de Eli Wallach, foi
contratar o ator perfeccionista nato, o experimentado Henry Fonda,
pela bagatela de 250 mil dólares, que àquela altura estava no auge da fama e da
forma com 63 anos de idade.
Já o
adicional desse filme é a presença imponente da figura de Jill McBain,
interpretada pela sensual e exuberante Claudia Cardinale, uma ex-prostituta que
se casa com um irlandês, dono de terras que são do interesse de Morton, que era
um empresário ganancioso da companhia ferroviária que estava sendo construída
naqueles arredores ou cercanias das esturricadas terras do monumental
vale do Arizona, mas o lucro das indenizações era algo de cobiça do sanguinário
empresário. No tocante ao papel desempenhado pela divina e maravilhosa Claudia
Cardinale há de se entender que, ela é uma presença completamente
resplandecente e isso tem a ver com um carisma muito pessoal, a tal qualidade
de estrela ou como dizem os norte-americanos: "star quality"... Este
importante papel feminino que ficou por conta de Cardinalle foi em razão
de, naquele momento, entre as atrizes italianas, só perdia em prestígio
para Sophia Loren.
O
extravagante diretor sonhava alto e para este filme, Leone acabou contratando
também Charles Bronson, ator fadado a ser eterno coadjuvante nos Estados
Unidos e que havia se tornado famoso na Europa. Também fez parte do elenco o
excelente Jason Robards que em 1977 conquistou o Oscar de Melhor Ator
Coadjuvante pela atuação em “Todos os Homens do Presidente”. A maior atração ou
a cena mais cativante do espetacular filme, Era Uma Vez no Oeste,
acontece com o DUELO mais longo da história dos faroestes com Henry
Fonda e Charles Bronson(a cena durou 8 minutos). Desnecessário informar do
estupendo cenário, onde se passou as filmagens externas que foram
realizadas em MONUMENT VALLEY, nos Estados Unidos e no deserto de Almeria, na
Espanha.
Depois
de pronto o roteiro como nos fala o pesquisador Darci Fonseca, a maior
preocupação de Leone era o início do filme: como começá-lo!!! O novo faroeste
de Sergio Leone teria uma cena marcante em seu início, envolvendo Harmônica e
três bandidos. A participação desses atores seria pequena e o delirante Leone
imaginou como ficaria espetacular aquele início se os três bandidos que morrem
na estação fossem interpretados por Clint Eastwood, Lee Van Cleef e Eli
Wallach. Convidado, Clint Eastwood foi curto e grosso em sua resposta a Leone:
“Sergio, no more Italian westerns” (Sergio, chega de faroestes italianos). Com
isso Leone resolveu esquecer de Van Cleef e Wallach. Os três bandidos mortos no
início do filme acabaram sendo os norte-americanos Jack Elam, o NEGÃO Woody
Strode e o canadense Al Mulock.
Como
costuma afirmar o bom apreciador de filmes de cowboys, o pernambucano CÍCERO
TAVARES: “O cinema atual perdeu a magia: Os efeitos especiais, as pirotecnias
acabaram com o cinema-arte!). Perfeito o pensamento de TAVARES, pois
antigamente não tinha disso não!!! Não é à toa que, há filmes consagrados
que dispensam palavras para descrevê-los: São títulos que carregam uma aura
maior que qualquer cartão de visitas, integram o apogeu ou o ápice do cinema e
superam qualquer gênero ou classificação como obras de arte que atravessam
gerações sem perder o brilho e se sustentando através do tempo como verdadeiros
clássicos. Era Uma Vez No Oeste, que está fazendo seu QUINQUAGÉSIMO ANIVERSÁRIO
este ano, é um dos nomes presentes nesse escalão de filmes que transcende o
cinema e as artes cênicas e audiovisuais de forma geral.
Como
filme cinquentenário, seria uma enorme redundância encher de adjetivos
esta belíssima obra. Poucas vezes a vingança, a cobiça, a luta pela
sobrevivência e o sonho da vida ideal foram apresentados de maneira tão sublime
e ao mesmo tempo tão amargo e doce. Mesmo em meio à violência e o jorrar
desnecessário de sangue, o filme não passa nem perto de ser uma tragédia ou
algo parecido. Era
Para os
apreciadores e estudiosos dessa modalidade de filme que é
o bang bang, todos hão de saber que o nome de Ennio
Morricone está ligado aos filmes de Sergio Leone. Ambos formaram uma
dupla vencedora, tal como Fellini com seu parceiro, Hitchcock e
tantos outros em seus respectivos estilos, tipos ou forma. Uma coisa não se
pode negar: esta dupla deu prestígio aos SPAGHETTI WESTERN. Agora,
Ennio Morricone é muito mais do que um compositor de trilhas de filmes
famosos. Ele é, provavelmente, o mais fecundo e produtivo
compositor da história do cinema, principalmente no gênero faroeste. A prova é
tanta que, o produto ou valor final dessa simbiose entre o Maestro Morricone e
o Diretor Leone foi esta operação fantástica que se transformou em ERA
UMA VEZ NO OESTE, com cinematografia e trilha sonora impecáveis, com cenas
líricas e personagens inesquecíveis.
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