Por Junior Almeida
O Programa Mais Médicos foi criado em
julho de 2013 no governo da então presidente Dilma Roussef para ampliar o
atendimento médico principalmente em regiões mais carentes. Em agosto do mesmo
ano foi fechado um acordo com a Opas
- Organização Pan-Americana da Saúde - para participação de médicos cubanos.
O
programa dispõe de 18.240 vagas em mais de 4 mil municípios e 34 Distritos
Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), atendendo
cerca de 63 milhões de brasileiros, segundo
o Ministério da Saúde. A participação de médicos cubanos no programa tinha sido
renovada no início deste ano por mais cinco anos. Atualmente o programa emprega
16.707 profissionais, sendo 8.556 cubanos.
Um
levantamento do Governo divulgado em 2016 apontou que o programa é responsável
por 48% das equipes de Atenção Básica em municípios com até 10 mil habitantes e
em 1.100 municípios atendido pelo programa, o Mais Médicos representava 100% da
cobertura de Atenção Básica, de acordo com dados divulgados.
Mesmo
com todos estes números positivos o programa chega ao final em nosso país (pelo menos para os cubanos), e de
uma maneira no mínimo polêmica. É que o presidente eleito Jair Bolsonaro disse
que não tinha como saber se os cubanos que
trabalhavam no Brasil eram realmente médicos, por isso iria exigir deles um
exame de comprovação de nome Revalida.
Tal
atitude já era de certa forma esperada, pois em agosto passado, ainda durante a
campanha, Bolsonaro já anunciava sua vontade de acabar com o programa, em
especial por conta dos profissionais do país caribenho. O então candidato
Bolsonaro disse que expulsaria os médicos
cubanos do Brasil com base no exame de revalidação de diploma de médicos
formados no exterior, o Revalida.
Com
esta ameaça os cubanos já estavam com “as barbas de molho” e a mais nova declaração
do presidente eleito fez o governo daquele país se sentisse ofendido e anunciasse
na quarta-feira (14) a retirada de seus profissionais do Brasil. O Governo de
Cuba citou "referências diretas, depreciativas e ameaçadoras" feitas
pelo presidente eleito Jair Bolsonaro à presença dos médicos cubanos no Brasil.
Em
Pernambuco 414 médicos cubanos deixarão de atender. Na nossa região o fim do
programa trouxe preocupação a prefeitos, secretários de saúde e principalmente
da população. Em Caetés, por exemplo, o município perde quatro médicos, das
comunidades Campinho, Quati, Várzea de Dentro e Ponto Alegre, todos, segundo os
próprios moradores, adorados pelas comunidades. O prefeito Armando Duarte disse
aguardar um posicionamento do Ministério da Saúde, mas que por enquanto, se diz
muito preocupado com o grande desfalque na equipe da saúde municipal.
Em
Capoeiras são três os cubanos que vão deixar o município. Os médicos vinham
atendendo na Vila Maniçoba, Alegre e cidade, no posto de saúde Maria Zélia, que
atende pessoas dentre outros lugares, dos bairros Cohab e Quatis, sendo esse último
um dos locais mais carentes do município.
O
secretário de saúde de Capoeiras, Cléber Gewehr, na mesma linha de Armando
Duarte, disse que as comunidades estão sentindo muito a saída dos médicos
cubanos. Relatou ainda que conversou com os profissionais e que eles gostariam
muito de terminar o seu contrato, se sentindo tristes em deixar o Brasil.
Cléber
publicou uma nota de agradecimento aos doutores cubanos pelos serviços prestados
à população de Capoeiras e onde bate
no presidente eleito Jair Bolsonaro. Diz o texto:
Nós sanitaristas
agradecemos a enorme colaboração dos irmãos cubanos, lamentamos tudo que está
acontecendo, no entanto, nossos médicos cubanos não merecem serem expulsos do
país, o governo cubano fez muito bem em solicitar o desligamento do programa,
quem perde é o povo, e nosso deputado "mascarado" de presidente vai
continuar com todos os privilégios de um político em nosso país... E nunca irá
precisar recorrer a uma unidade básica de saúde para buscar atendimento médico!
Já
a Comissão Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores divulgou uma nota
nesta quinta-feira (15) falando em preconceito por parte do político do PSL e lembrando
que ele, o presidente eleito Jair Bolsonaro, votou contra o Mais Médicos na Câmara dos Deputados e foi ao STF - Supremo
Tribunal Federal - para tentar impedir sua criação.
Ainda
segundo a direção do partido:
O preconceito ideológico,
a ignorância sobre políticas públicas e a falta de sensibilidade social de Jair
Bolsonaro vão deixar 60 milhões de brasileiros sem a assistência de 8,5 mil
médicos cubanos participantes do programa Mais Médicos.
A 5ª. GERES (Garanhuns) tem 60 profissionais no Programa Mais Médicos, sendo int = intercambistas, crm = brasileiros e coop = cubanos, que estão assim distribuídos:
01-Águas Belas -1 int; 3 crm; 9 coop.
02-Angelim 1 crm;
03-Bom Conselho -2 int. 2 crm. 6 coop –
04-Brejão - não tem
05-Caetés - 1 crm; 4 coop;
06-Calçado - 1 int; 2 crn; 1 coop.
07-Canhotinho - não tem
08-Capoeiras - 2 crm; 3 coop;
09-Correntes - não tem
10-Garanhuns - crm 4;
11-Iati - não tem
12-Itaíba -6 coop.
13-Jucati - não tem
14-Jupi - não tem
15-Lagoa do Ouro - 4 coop
16-Lajedo – 1 int. 3crm
17-Palmeirina 1 crm.
18-Paranatama -não tem
19-Saloá - 1 crm; 2 coop;
20-São João – não tem
21-Terezinha – 1 crm
*Informações em: G1, Poder 360, Mais Médicos, V GERES e DP.
**Foto:
Causa Operária.
KKKKKK Se esses "médicos" cubanos são tão bons mesmo por que não fazem uma provinha comprovando seus largos conhecimentos de medicina?
ResponderExcluirOu então se é assim. Qualquer um vira médico só por que veio de Cuba e está com uma bata branca, então eu quero ser médico também pra ganhar 10 mil por mês Pois eu já removi um bicho de pé do meu irmão quando era moleque!
O Presidente eleito Jair Bolsonaro vai conceder asilo aos médicos que quiserem ficar. (Revista Veja).
ResponderExcluirpresidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta quarta-feira, 14, que não vai convidar a permanecerem no Brasil os médicos cubanos chamados de volta por Cuba de volta após o país caribenho decidir não cooperar mais com o programa Mais Médicos. Bolsonaro, no entanto, disse que concederia asilo aos profissionais que pedirem a partir de janeiro, quando ele toma posse.
“Não vou convidá-los não, jamais faria um acordo com Cuba nesses termos, isso é trabalho escravo, não é nem análogo à escravidão, não poderia compactuar com isso aí”, declarou o pesselista a jornalistas após o anúncio do diplomata Ernesto Araújo como ministro das Relações Exteriores.
Indagado sobre se concederia asilo aos que pedirem, contudo, Bolsonaro disse que sim. “Se eu for presidente e o cubano quiser pedir asilo aqui, vai ter”, afirmou. “Temos que dar o asilo às pessoas que queiram, não podemos continuar ameaçando como foram ameaçados pelo governo passado”, completou.
O presidente eleito citou o caso da médica cubana Ramona Rodríguez, que em 2014 deixou a cidade de Pacajás (PA), onde atendia como credenciada no Mais Médicos, rumo a Brasília. Ela foi abrigada no gabinete do DEM na Câmara e pediu refúgio ao Brasil. Na época, o então ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, afirmou que médicos que se desligassem do programa perdem o visto para permanecer no país.
“O governo do PT anunciou que, caso alguém pedisse asilo aqui, seria deportado, não podemos admitir isso aí”, afirmou Jair Bolsonaro, que disse não saber se há cláusulas no acordo com Cuba que imponham sanções em caso de quebra.
Bolsonaro também voltou a criticar o que considera “desumanidades” no Mais Médicos, como a manutenção de familiares dos médicos em Cuba e o envio de parte dos salários ao país caribenho.
Sem a necessidade de passarem pela validação de diplomas no país, conforme decidiu em 2017 o Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente eleito também afirma que “não há comprovação” de que sejam, de fato, médicos, e questionou a aptidão dos cubanos.
“Se esses médicos fossem bons profissionais, estariam ocupando o quadro de médicos que atendiam o governo Dilma no passado e não é dessa forma. Vocês mesmos, eu duvido quem queira ser atendido pelos cubanos, porque não temos qualquer comprovação de que eles são médicos. Se fizer o Revalida, salário integral e poder trazer a família, eu topo continuar com o programa”, declarou.
Diante da resposta, Jair Bolsonaro foi questionado sobre se o programa seria encerrado. “O programa não está suspenso, [médicos] de outros países podem vir para cá e a partir de janeiro nós pretendemos dar uma satisfação às populações que estão desassistidas”, disse.