Por Rodrigo Viana, no site Viomundo
As duas pesquisas Ibope divulgadas esta
semana (são séries diferentes de pesquisas, a segunda delas encomendada pela
CNI; por isso, estatísticos dizem que não se deve tomá-las como uma sequência)
mostram números muito parecidos. Mais que os números, indicam algumas
tendências claras na eleição:
*Bolsonaro
interrompeu seu crescimento; sob ataque da campanha de Alckmin, e com a
repercussão (até internacional) do #EleNão, tende a recuar mais um pouco; mas o
grau de consolidação de seu eleitorado é alto, e é um voto de quem não está
disposto a escutar; por isso, me espantaria se ele chegasse ao dia 7 abaixo dos
23% ou 25%;
*Haddad
furou o teto dos 20% e tem potencial para subir mais um pouco, por isso há
chance real de que termine o primeiro turno ligeiramente acima de Bolsonaro;
mas engana-se quem imagina que a transferência de Lula fará mágica – parte do
voto lulista foi para Ciro, e outra menor para o candidato do PSL;
*Ciro
mantém uma resiliência surpreendente, permanecendo na faixa de 12% ou 13%,
mesmo sem tempo na TV; o voto de Ciro é menos consolidado, dizem as pesquisas,
mas o “feeling” nas ruas e nas redes indica que muita gente seguirá com ele até
o fim.
É
sobre esse terceiro ponto que pretendo escrever abaixo.
Num
grupo do qual participo, com maioria absoluta de eleitores petistas, alguém
postou que os 12% do Ciro, indicados pelo IBOPE/CNI, vão nos “custar caro” no
segundo turno.
Discordo
um pouco…
Considero
que a presença de Ciro é positiva para quem defende a democracia. Ele cumpriu
papel fundamental, especialmente nos primeiros momentos da campanha – quando
Haddad estava mais voltado a defender Lula, e a consolidar a transferência de
votos.
Foi
o pedetista quem assumiu o papel de confrontar a direita no debate econômico
(Ciro é antiliberal, antimercadista, nacionalista) e também no campo dos
costumes.
Alguém
precisava chamar Mourão de “jumento”, e Bolsonaro de “nazista filho da puta”.
Coube
a Ciro enfrentar o fascismo de peito aberto.
Mas
não é só isso.
Quem
vota em Ciro costuma apresentar um argumento central: é uma escolha mais segura
pra derrotar Bolsonaro no segundo turno.
Isso,
numericamente, vem-se mostrando menos relevante nas últimas pesquisas, apesar
do pedetista ainda abrir margem mais larga segundo o último IBOPE/CNI: Ciro 44%
x 35% Bolsonaro.
O
petista ganha mais apertado: Haddad 42% x Bolsonaro 38% – no limite do empate
técnico.
Mas
ouço muita gente dar outro argumento para votar em Ciro: “Detesto Bolsonaro,
tenho horror a Temer, e acho que há sim perseguição ao Lula na Lava-Jato; mas
não quero dar tanta força ao PT depois de tudo que aconteceu”.
Tudo
que aconteceu: acordos com MDB e empreiteiras, descuidos na área ética,
frouxidão no debate público.
Ou
seja: faria bem ao PT (dirigentes e militantes) ter humildade pra conversar com
gente (progressista) que tem críticas importantes ao partido e a seus governos.
Ciro
representa exatamente esse eleitorado. No mais do que provável segundo turno
contra Bolsonaro, Haddad precisará dos votos e do apoio de Ciro! E acho que
eles virão, numa proporção de 80%!
Mas,
pra isso, é preciso compreender o que significa o voto em Ciro Gomes.
A
resiliência de Ciro é a demonstração de que existe – sim – esse “meio do
caminho”.
Gente
que entende a Lava-Jato como abusiva. Que detesta Temer. Mas que também acha
que o PT cedeu demais.
Não
estou aqui fazendo juízo de valor se Ciro é mais ou menos “oportunista”, ao
vocalizar esse sentimento (afinal, ele também tem uma história de acordos, de
“real politik”).
Mas
o fato de resistir com 12% ou 13% (sem estrutura, nem tempo de TV) mostra que
esse campo de centro-esquerda, nacional e popular, não-petista (mas não
antipetista), está aí diante de nossos olhos. Não podemos brigar com isso.
Haddad
tem mostrado sabedoria pra lidar com os arroubos de Ciro. E pode ser que até o
7 de outubro esse setor representado pelo pedetista se esvazie um pouco… Mas
seguirá de toda forma relevante.
Acho
que é saudável para o país, e bom para o campo democrático, que Ciro esteja aí.
A
existência dele atrapalhou Alckmin na construção da “terceira via”. Porque a
terceira via já estava com Ciro. Uma terceira via nacional e popular. E não
neoliberal.
Lembremos
que em 2014 a terceira via era Marina, abraçada ao Itaú e ao Aécio.
Agora,
a terceira via é Ciro – que chama golpe de golpe, que defende a revogação da
Reforma Trabalhista e é contra entrega do Pré Sal e da Embraer.
Mas
que, para ser terceira via, também critica duramente o PT, como fez no debate
SBT/UOL.
O
PT provavelmente terá que negociar com Ciro. Negociar significa ouvir, levar em
conta, respeitar…
E,
por fim, talvez seja saudável que Lula e o PT (até agora vencedores, de forma
espetacular, enfrentando a Justiça partidarizada e a mídia) tenham mesmo que
negociar com outra força decididamente democrática.
Mesmo
porque, aqui e ali, já começam a surgir sinais de salto alto e prepotência
entre gente próxima do PT.
E
não falo de Haddad ou Gleisi, gigantes a percorrer o país em situação adversa,
nem da militância que põe o bloco na rua.
Mas
de setores incrustrados na máquina de campanha e no aparato partidário.
Gente
que, parece, não aprendeu nada com os erros brutais cometidos especialmente no
campo da comunicação – seja no governo federal, seja na Prefeitura de São
Paulo.
Humildade
será fundamental para vencer.
A
“onda vermelha petista” é parte do caminho para vitória. A outra parte é
incorporar Ciro e todos setores democráticos para enfrentar o fascismo.
Com
inteligência e amplitude, sem arrogância e sem colocar a fidelidade canina ao
“petismo” à frente dos interesses do Brasil.
Como diz o jornalista Guzzo: Num eleitorado em que a maioria dos 150 milhões de votantes não têm nenhum preparo para escolher nada, qualquer farsante bem treinado para mentir mais que os outros candidatos sempre terá chances excelentes de ganhar.
ResponderExcluirP.S.: - Tanto a putada esquerdopata petralha quanto à comuna, não estão nem aí com defesa da democracia, da legalidade, do Estado de Direito, da tolerância, da pluralidade, das liberdades públicas, das liberdades individuais. E o prior é que os eleitores não se tocam que, a vocação deles é roubar ainda mais e soltar o Lula através de um criminoso indulto...
‘"Alguém precisava chamar Mourão de “jumento”; e Bolsonaro de “nazista filho da puta”. Coube a Ciro enfrentar o fascismo de peito aberto."’ – Assino embaixo e mando reconhecer firma no cartório de dona Ruth. - O mundo ainda se lembra do holocausto e dos tenebrosos e monstruosos Hitler e Mussolini. Não aos nazifascistas bolsonazistas !! (#eleNÃO!! #eleNUNCA!!! /.
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