CONTEXTO

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Pesquisas Eleitorais

O CINISMO NA POLÍTICA PERNAMBUCANA

Por Michel Zaidan Filho

Disse, certa vez, um filósofo alemão que não via nenhum propósito sensato na política profana.

Falando ele da perspectiva do sindicalismo   revolucionário, o nosso   autor só era capaz de reconhecer nos   políticos da socialdemocracia de sua  época apenas  motivações meramente  estratégicas,  destinadas à conquista e a manutenção  do  poder.

Só isso. Discursos e narrativas destituídos de toda  e  qualquer pretensão   de  validade ética  ou  normativa,  apenas imperativos  de  poder pura  e   simplesmente.

Se fôssemos  atualizar essa  crítica  à  política nas circunstâncias  brasileiras, seríamos   forçados a constatar  que o  pragmatismo   político  aqui   praticado beira às  raias   do absurdo ou do non sense.

Como é possível que um dos   parlamentares que mais  se  destacou em  denunciar  o  golpe   parlamentar    desferido   contra   a   presidente Dilma venha  agora criticar aqueles que usam a palavra "golpistas" para   designar os
que   apoiaram  o  afastamento  inconstitucional da   presidenta  petista?

Para isso,  só  há  uma  explicação:   a aliança  que  o PT  nacional e   alguns pernambucanos buscam celebrar   desesperadamente  com  o  PSB  do  governador Paulo  Henrique   de Saraiva   Câmara. É inacreditável que se possa passar uma borracha num   passado   bem   recente - que   ainda lateja  e   sangra  em benefício   de interesses  puramente eleitorais e  sub-partidários,  à   revelia do  que   pensa e  do que  deseja majoritariamente   a   sociedade  brasileira e   pernambucana.

Não precisaríamos nem   apelar para   a definição  bobbiana  de   democracia  procedimental ou   de   baixa   intensidade,  onde   as  minorias   organizadas  decidem  com  base  na         autorização   periódica   das  maiorias  desorganizadas. No   caso acima  citado, trata-se simplesmente  de  cinismo,  busca  desesperada pela  sobrevivência política,  num   cenário devastada onde  imperam a   desconfiança e a  desesperançado   eleitor   em   relação   aos   seus   representantes.

Não  creio que  possamos sair   dessa  imensa   crise   de   representação política   a   base de procedimentos   mesquinhos como  esses. Enquanto não  se   produzir um novo ciclo (virtuoso) na   política brasileira, continuaremos presos, aos trancos   e  barracos,  a esses   maquiavelismos   de   meia  tigela,   aprofundando a   crise  institucional   do país e o  ressentimento da  democracia.

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