A ONU FOI CRIADA PARA IMPEDIR A BARBÁRIE

Depois que o setor de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas se posicionou favorável à candidatura de Lula à presidência, defendendo ainda o direito de o petista ter acesso aos meios de comunicação para dar entrevistas,  e todos os direitos políticos assegurados, até o seu julgamento final dos crimes de que é acusado, a ONU passou a ser atacada por pessoas sem o menor conhecimento do que é a instituição.

Alguns falam da entidade como se fosse uma organização qualquer, tipo uma associação de bairros de Garanhuns.

A ideologia e a ignorância, juntas, chegam a imaginar que a ONU é um “braço do PT” no exterior.

Até mesmo um candidato a presidente da República, Jair Bolsonaro, alimenta a burrice e o desconhecimento, ao criticar a decisão da instituição e anunciar que se eleito irá tirar o Brasil da Organização Mundial.

Seria uma medida prejudicial ao Brasil, jogando o país no isolamento e rebaixando a condição nossa de nação civilizada.

Ora, a ONU foi criada em consequência dos horrores da Segunda Guerra Mundial com o objetivo de promover a cooperação internacional e evitar novos conflitos bélicos entre os países.

A Organização das Nações Unidas é uma instituição pacifista que atua contra as arbitrariedades praticadas em diferentes países e continentes, defendendo os direitos humanos, o cumprimento das leis internacionais, o desenvolvimento político, social e econômico dos povos.

A ONU tem sede, em Nova Iorque,  nos Estados Unidos, superpotência capitalista e é integrada, atualmente, por quase 200 países.

Não é uma organização perfeita, nem sempre se posiciona corretamente e muitas vezes sofre forte influência dos Estados Unidos e de outros países do primeiro mundo.

Mas se trata de um instrumento (mais que isso) importante para manter o equilíbrio entre as nações, colaborar na luta contra os regimes autoritários e na defesa da justiça social.

A ONU é detentora de muitos prêmios, inclusive do Nobel da Paz de 2003.

Pode se discordar da política das Organizações das Nações Unidas, é claro, e se criticar determinados posicionamentos da instituição internacional.

Agora, chamar a Organização Mundial de comunista só se pode fazer isso por ignorância ou má fé.

Uma decisão da Comissão de Direitos Humanos, como essa relacionada com o Brasil, não deve obrigatoriamente ser obedecida.

Mas não atender a determinação, feita depois de estudos jurídicos, com base no Direito Internacional, é admitir que não estamos vivendo uma democracia plena, que a Justiça brasileira funciona a favor de interesses do Estado e do Poder e não da sociedade como um todo.

Fica evidenciado, também, que há uma perseguição do Estado e do Poder Judiciário a um ex-presidente da República, que diante desse imbróglio passa mesmo a condição de “preso político”.

Tanto que a assassinos e bandidos perigosos, a exemplo de Fernandinho Beira Mar, é permitido o acesso a imprensa, o que se tem negado ao ex-presidente.

Um jornalista conhecido da Folha de São Paulo escreveu durante esta semana que “a ONU quer que se rasguem as leis para beneficiar Lula”.

Eu diria outra coisa: Desde 2016 que o Brasil vem rasgando as leis, inclusive a Constituição Cidadã de 1988. A própria prisão de Lula representa um desrespeito flagrante ao Direito, uma vez que o político está preso por conta de um apartamento que nunca conseguiram provar que é seu e por uma reforma no imóvel que comprovadamente nunca foi feita.

Desrespeitam as leis internas e agora querem desrespeitar um tratado internacional que vigora desde o Governo Sarney.

Tal qual a Cuba de Fidel Castro, que se isolou ao aderir ao comunismo, o Brasil trilha um caminho inseguro ao perder cada vez mais sua identidade e se caracterizar como um país de casuísmos.

Não somos comunistas, nem capitalistas; não vivemos uma democracia plena nem estamos (ainda) numa ditadura.

É um país acéfalo, sem governo, sem ética, sem vergonha, sem lideranças que nos levem a algum lugar.

E ainda pode piorar.

O povo está tão iludido, sem esperança e sem informação que pode eleger a representação da estupidez ambulante para nos governar.

E aí teremos a repetição da tragédia de Collor, viveremos por um momento a Grande Ilusão, que será seguida da decepção, do baque, a “falência múltipla dos órgãos”, daí que levaremos décadas para encontrar novamente o rumo.

Mas talvez nesses dois meses até a eleição o povo acorde, dê um basta no atraso e impeça que continuem levando o Brasil para o “caminho da perdição”.

A ONU, senhores, é um instrumento contra a barbárie, o atraso. Infelizmente, muitos por interesse de classe ou cegueira aplaudem as trevas em que estamos mergulhados.