Lembrou,
oportunamente, meu amigo e colega Carlos Omena, historiador e professor
universitário em São Luiz, que domingo passado o filosofo alemão Walter Benjamin, faria aniversário, se vivo fosse. E pediu que a
passagem fosse lembrada com a contribuição que ele poderia ter dado para a
compreensão de nossa época.
Veio-me à memória dois conceitos benjaminianos muito
atuais: "Estado de Exceção", utilizado por ele para explicar o
fascismo na Alemanha, e o "eterno retorno do mesmo" ou "do
sempre-igual", o tempo do inferno,o tempo da produção de mercadorias no
capitalismo.
O primeiro está bem expresso, no livro "A origem do drama barroco alemão", quando fala da concepção barroca da História, e elabora a compreensão do que constitui o "Estado de exceção".
O livro faz uma referencia velada ao fascismo de sua
época, baseada na obra de um filósofo conservador chamado Karl Schimitd. A
segunda menção do autor está nas "teses sobre o conceito de
História", onde ele diz que para a classe operária o Estado de Exceção é
permanente, apesar de sua aparência de legalidade constitucional.
E que é preciso criar um verdadeiro Estado de Exceção
para as classes dominantes. Esta discussão conceitual é oportuna nesta hora que
se debate a existência de um Estado de Exceção no Brasil. Aliás, alguns
sofistas universitários (aqui do Recife) bem que recrutaram a noção para
justificar o golpe parlamentar que a Dilma sofreu, em 2016. Não vou recordar
essa triste e amarga discussão, porque fui muito maltratado publicamente pelos
defensores brasileiros dessa inovação constitucional.
O segundo conceito benjaminiano - o "eterno retorno do mesmo" ou "o tempo do sempre igual", aplica-se - como uma luva - à cena política pernambucana. Na versão regional, o "eterno retorno do mesmo" é o tempo da política oligárquica, dos grupos oligárquicos de Pernambuco, que se revezam no poder. Trocam de partidos, de alianças, de legendas, para sobreviverem politicamente, mas as caras são as mesmas, nas mais improváveis coligações partidárias. Neste sentido, o conceito benjaminiano, tomado de empréstimo de Blanqui e e Nietzsche, cabe como uma luva no caso do nosso estado. O tempo da política oligárquica é o tempo do inferno, do sempre-igual, do mesmo. Ainda que venha disfarçada com a cara do novo ou do diferente.
Como ele dizia, precisamos "implodir" esse circulo infernal, e criar uma outra história, onde o "Estado de Exceção" não seja uma eterna realidade para os de baixo e sim para os de cima.
Valeu, meu amigo Carlos Omena.
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