A Diocese de Garanhuns divulgou hoje nota, assinada pelo bispo Dom Paulo Jackson, criticando a apresentação na cidade do espetáculo teatral "O Evangelho Segundo Jesus, A Rainha dos Céus". O religioso aponta equívocos na peça, informa que não tomará medidas para tentar proibir sua exibição, mas conclama os católicos a não prestigiarem o espetáculo, caso venha a ser apresentado.
Dom Paulo Jackson também critica o Secretário de Cultura do Estado, Marcelino Granja e os que estão fazendo uso da polêmica com fins políticos.
Eis a íntegra da nota da Diocese:
Nesses dois últimos dias,
a cidade de Garanhuns foi tomada por -ulna discussão em tomo de uma peça
teatral que está na programação do Festival de Inverno de Garanhuns — 2018.
Trata-se da peça "O Evangelho segundo Jesus, rainha dos céus" (IIE
GOSFI according to Jesus, queen of heaven): escrita pela atriz transexual
escocesa Jo ClifTord; dirigida, no Brasil, por Natália Mallo; e encenada pela
atriz transexual Renata Carvalho.
Estão em jogo dois grandes valores presentes na
Constituição Federal da República do Brasil: l) a liberdade de expressão
intelectual, artística, científica e de comunicação, conteúdo do Art. 50, IX;
2) e a inviolabilidade da fé e da crença, estabelecida no mesmo artigo quinto,
inciso VI, e ratificada no Código Penal Art. 208, quando trata dos crimes
contra o sentimento e contra o desrespeito aos mortos. O Art. 208, do Código
Penal, normatiza claramente o crime de vilipêndio público às religiões e
especificamente contra um ato religioso. Isso acontece, na peça- em relação à
imagem de Jesus Cristo e à Eucaristia. Compreendemos que a liberdade de expressão
artística não pde ferir o sentimento religioso e a identidade cristã de uma
inteira população.
3. O título da peça apresenta
dois evidentes equívocos, que nem a liberdade artística permiti: 1C) o Evangelho nunca é
"segundo" Jesus, pois Jesus mesmo é o Evangelho e o mensageiro dessa
boa e esperançosa noticia a humanidade; 2º) apresentar Jesus como rainha dos
céus - Ora, Jesus era homem. Em nenhuma fonte bíblica ou historiográfica jamais
se ousou apresentá-lo como mulher, e muito menos como transexual. Não seria
razoável, por exemplo- apresentar a rainha Cleópatra como homem, vivendo um
caso homossexual com Júlio César ou Marco Antônio- A pergunta que se deve fazer
é: até onde a arte tem a liberdade para ressignificar papéis? Escrever
palavrões em hóstias é arte? Está ressigaificando alguma coisa? Um homem nu que
rala uma imagem de Nossa Senhora Aparecida com um ralo de cozinha e recolhe os
fragmentos numa gamela, isso é arte? O que estaria ressignificando? O que seria
razoável para a arte na tarefa da ressignificação e, ao mesmo tempo, no respeiito
às pessoas e às suas sensibilidades?
4- Creio tanto o Governo do
Estado de Pernambuco por meio da Secretaria de Cultura e da Fundarpe, quanto o
Governo Municipal de Garanhuns perdem a oportunidade de impostar a discussão
sobre outra perspectiva- O nosso país é o que mais mata homossexuais, travestis
e transexuais no mundo. Ao mesmo tempo, é o país que mais consome sexo e
pornografia- O Município de Garanhuns está entre os campeões no quesito
"violência contra a mulher". A nossa terra é uma terra que
covardemente mata mulheres. O que o Governo Estadual e o Governo Municipal podem
fazer pra amenizar e, em médio e longo prazos, resolver essa triste situação? Trazer peça teatral que fere a sensibilidade
das pessoas simples da nossa terra? É isso que vocês podem fazer? É respeitoso
para com a Cidade de Garanhuns o discurso do Secretário de Cultura? Isso
constrói uma cultura de paz e diálogo? E respeitoso o modo como a Fundarpe
trata a preparação do Festival de Inverno e o diálogo com as instituições parceiras,
inclusive com a Diocese de Garanhuns por meio da Paróquia da Catedral, onde o
Palco de Música Clássica Instrumental?
5. Lamentamos também
profundamente que essa discussão possa ser utilizada para fins eleitoreiros. Já
basta! O conflito entre o Governo Estadual e o Governo Municipal de Garanhuns,
e vice-versa, só vem diminuindo a nossa terra, só tem nos prejudicado, só tem
inviabilizado investimentos e a resolução dos graves problemas do nosso povo
que tanto sofre. É hora de serem estadistas! Olhem para o nosso povo sofrido,
humilhado, vivendo uma das piores crises sociais, econômicas e éticas de todas
as épocas. Não olhem para as situações com os mesquinhos de uma sigla
partidária e de uma campanha eleitoral. E vou até adiante: é a hora de pensar
Garanhuns. E razoável, por exemplo, que uma cidade de 140 mil habitantes não
tenha um Deputado Estadual e um Deputado Federal? É hora de pensar o Município
de Garanhuns e as redondezas. Paramos no tempo- Temos perdido oportunidades.
6. Por tudo isso, não concordamos
de nenhum modo que a peça seja apresentada em Garanhuns no Festival de Inverno.
Não é disso que necessitamos. Ao mesmo tempo, já afirmo: não entraremos em
nenhuma frente para impedir que a peça seja apresentada. Se for, Senhor
Governador, o senhor está ferindo profundamente a nossa gente. Duas únicas
coisas, eu posso fazer como bispo da Diocese de Garanhuns: conclamar o povo
católico a não tomar parte nesse acinte e proibir que a Igreja Catedral seja
utilizada como um dos palcos do Festival de Inverno 2018.
7. Que o Espirito Santo de Deus nos ilumine para encontrarmos
dialogadas e que gerem verdadeiramente uma cultura de paz.
Dom
Paulo Jackson Nóbrega de Sousa
Bispo
da Diocese de Garanhuns
0 BISPO DIOCESANO DE GARANHUNS,fez uma análise minuciosa mostrando verdades e que sirva para todos tirarem proveitos e suas conclusões.
ResponderExcluirLúcido,coerente,real e verdadeiro.Parabéns,Dom Paulo,Bispo Diocesano!