Ao longo de mais de 40 anos de carreira, o cearense Fagner
cantou baladas, blues, boleros, MPB, Beatles, brega e forró.
Musicou a poesia de Cecília Meirelles,
Fernando Pessoa, Vinicius de Moraes, Flor Bela Espanca e gravou versos bonitos
de sua autoria ou de parceiros como Belchior, Fausto Nilo, Abel Silva, Marcos Assunção, Cazuza e
Zeca Baleiro. Parceiros novos e antigos.
Teve a fase Luiz Gonzaga, a fase Sullivan e
Massadas. E foi ele mesmo quando começou, se reencontrando nos últimos anos.
Esteve em Garanhuns, no Viva Dominguinhos e
resolveu apresentar um trabalho expressando a sua pluralidade.
Foi mal compreendido, parece, porque queriam
apenas um Fagner, o da fase forrozeira.
O garanhuense Sandro José Gama Correia, que
hoje mora no Recife, escreveu um artigo oportuno sobre essa incompreensão ao trabalho do artista.
Uns abominam a fase popularesca do cearense,
preferem o cantor de Canteiros, Ave Noturna e Conflito. No Viva Dominguinhos queriam apenas forró, o apelo
popular.
Por isso, como anotou alguém: “Ele não
empolgou”.
Mas isso já aconteceu aqui em Garanhuns com
outros artistas de peso quando resolveram fazer shows representando o seu
momento e não o que o público queria: Gal Costa, Zizi Possi e Caetano Veloso
desagradaram quando não fizeram concessões ao grande público.
Isso sempre acontecerá, porque com forte
presença de público sempre haverá muitos querendo a música conhecida, o Leãozinho, a Asa Morena, Folhetim.
A massa quer cantar junto e tem medo do
desconhecido.
Transcrevemos em seguida o artigo de Sandro:
VIVA NENÊ OU VIVA DOMINGUINHOS ?
Tenho
lido, através das redes sociais, de algumas pessoas. E cheguei a escutar de um
comunicador de rádio, em Garanhuns, em seu programa, criticas à apresentação do
cantor Fagner, no Festival Viva Dominguinhos.
A
insatisfação é com o repertório apresentado pelo cantor na sua apresentação.
As reclamações vão de ter tocado pouco forró, até a mudança dos
arranjos das músicas apresentadas.
E aí podemos aqui repetir que trata-se de opinião, e que opinião
deve ser respeitada.
E é verdade! E não estou aqui querendo desrespeitar a opinião de ninguém.
Mas, acho que essas opiniões, devem ser respeitadas, não pelo
simples fato de se ter o direito de tê-las e de expressá-las.
E sim, porque, elas, (ao meu ver, e aí esse meu ver, pode se restringir apenas
à minha opinião, o que torço fortemente, que não)levam a seguinte reflexão.
O que é o Viva Dominguinhos?
Uma Homenagem à Dominguinhos ou apenas uma festa de forró?
Forró de mermo ou " forró " de plástico?
Se realmente é uma homenagem, estão homenageando a quem, a Nenê
ou Dominguinhos?
Segundo o poeta, Xico Bizerra:
" os acordes que acordam melodias, lembram os dias de um nenê que se
adomingou..."
Se adomingou, se agigantou, transbordou, pluralizou e não cabe
mais em nenê, nem em Garanhuns, no Brasil, e muito menos, apenas no forró.
Nunca coube!
Numa homenagem à Dominguinhos, cabe tudo aquilo que faça jus à
sua qualidade, versatilidade e genialidade.
Seu Domingos era, e ainda é, forró, xote, baião, mpb, jazz...
ele era, e é, a música na sua melhor essência, na sua melhor apresentação.
Por isso, no Viva Dominguinhos, cabe Fagner, mostrando, também,
a sua pluralidade, a sua qualidade, a sua versatilidade.
Cabe Mariana, Mestrinho, Quinteto, João Neto, Jorge de Altinho,
Santana e tantos outros que se apresentaram não só na Esplanada, como também no
Colunata,
e fizeram jus a toda essa grandiosidade que é Dominguinhos.
Nenê foi a matéria.
Dominguinhos, imaterial.
Acho que algumas pessoas em Garanhuns, principalmente os que tem
o poder de formar opinião, deveriam se preocupar em enxergar o FIG e o Viva
Dominguinhos, fora da caixa do populismo cultural e da deturpação do popular.
Acredito até que não é por maldade.
É até a boa intenção de contemplar a todos.
Mas, assim, comete-se o erro de negar, a grande maioria, o direito de pelo menos
conhecer o que existe, fora da caixa.
Viva Garanhuns!
Viva Dominguinhos!
Obrigado pela atenção, amigo Roberto.
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