Por Michel Zaidan Filho
A consequência natural de um
governo ilegítimo, arbitrário e impopular teria de ser uma intervenção militar
num dos principais estados da Federação Brasileira: o Rio de Janeiro. Mas ela
foi reforçada pelo fiasco da reforma da previdência, já anunciada como inviável
pelos aliados do próprio governo, e os eventos carnavalescos, entre os quais o
estado de acefalia que tomou conta do estado fluminense, durante os festejos
momescos.
O Executivo, rodeado de seus
“sábios” e “impolutos” conselheiros devem ter aconselhado o Chefe do Governo a
buscar outra saída, diversionista, para desviar os olhos da opinião pública da
iminente derrota política no Congresso. Dizia Napoleão que se pode fazer quase
tudo com uma baioneta, menos sentar-se sobre ela. E os dignos parlamentares não
estão dispostos a sentar em cima de nenhuma baioneta, leia-se derrota eleitoral
e desgaste político, perante o eleitor, com o voto a favor dessa malfadada
reforma.
Curioso detalhe: quando o
presidente do Congresso já tinha retirado de pauta a reforma, alegando o
decreto da intervenção federal, as principais revistas semanais do país
trouxeram encartes sobre a reforma, aplaudindo-as. Ninguém avisou a elas que
este tema não entraria mais em pauta neste ano.
O decreto que autoriza a
intervenção militar no Rio de janeiro está eivado de vícios e
inconstitucionalidades, conforme análise da Associação dos Juízes para a
Democracia. Não obedeceu às exigências e condições impostas pela Constituição
para a tomada dessa decisão pelo Chefe do Executivo.
Mas o apreço pela lei não
parece ser o forte dessa turma. Não houve discussão nem consulta ao Conselho da
República, nem ao Conselho nacional de Segurança Pública. Não há fato
determinado que justifique a intervenção federal (não se confunde perturbação
da segurança pública, com perturbação da “ordem pública”). Há um flagrante
desvio de finalidade do papel das forças armadas, cuja missão é proteger a
nação de inimigos externos. Não há indicação de nenhum plano de segurança
pública para a intervenção, e o que é mais grave: mandados coletivos de busca e
apreensão pelos militares, que serão usados contra a população pobre e
trabalhadora das favelas cariocas, sob pretexto de combate ao crime organizado. Estado de Exceção mesmo, que poderá ser
estendido a outras regiões onde a violência seja apontada como uma ameaça ao
Estado.
Todo mundo discute hoje o
caráter eleitoreiro dessa medida abusiva. Parece um “factoide”, na antevéspera
da campanha eleitoral, onde dificilmente ninguém se louvará na herança ruinosa
desse golpista que ocupa o Palácio da Alvorada.
E há mais de um “esperto” que
visa tirar proveito dessa arriscada aventura. Um deles, com certeza, chama-se
Raul Jungmann, dito ministro da Defesa (também chamado pelos estudiosos de
“office-boy” dos militares).
O referido senhor tem firmes
pretensões em disputar um mandato no Rio de Janeiro, sabe-se lá de quê. Já que
em Pernambuco, terá muitas dificuldades de se eleger para qualquer coisa. De toda maneira, a possibilidade dessa jogada
dar errado é muito grande. Toda vez que os militares são chamados a assumir o
papel de polícia, a imagem da instituição militar sai profundamente
arranhada. É denúncia de tortura,
invasão de domicílio, violência contra civis, imperícia nas ações armadas etc.
Afinal, essa não é a missão constitucional do Exército.
O Rio de janeiro não é o
Estado campeão da violência no Brasil. Outras unidades da federação passam por
situações semelhantes ou até pior. O nosso estado, por exemplo, na aparece numa
situação confortável nesse ranking sinistro. A alegação de combater o crime
organizado chega a ser engraçada. Pois o próprio chefe do executivo nacional
foi chamado de líder de uma quadrilha perigosa, onde os meliantes estão impunes,
rindo à toa. A limpa teria de começar por Brasília e pelo Congresso Nacional e
depois, O Poder Executivo.
Os bandidos do Rio de janeiro
são fichinhas diante do descalabro
moral, político e administrativo que reina no Distrito federal. Qual é a
autoridade moral e legal que têm esses senhores para falar numa intervenção
militar contra o crime organizado?
*Michel Zaidan é cientista político, professor da Universidade Federal de Pernambuco.
*Foto: Revista Veja.
A limpa deveria começar dentro das Universidades Federais loteadas de Comunista e Traficantes.
ResponderExcluirÔ burro... baixa a orelha e levanta o focinho!!!
ExcluirOs artigos e as matérias tem sim um caráter informativo e educativo.0 questionamento das ações públicas são todas passíveis de acertos e erros.
ResponderExcluirQuem tem muito conhecimento da matéria e nos transmitem suas mensagens assim estará contribuindo para o entender o porquê da ocorrência dos fatos e dos fenômenos.
0 governo gastou muito dinheiro e comprou direta ou indiretamente muitos parlamentares no toma lá dá cá e dois fatores aconteceram a dedistência da filha do Roberto Jefferson de ser ministra do Trabalho e a aprovação da Reforma da Presidência que previa tirar direitos dos trabalhadores e acabar com as aposentadorias dos mais pobres.Por enquanto,pelo menos,vamos ter que aposentar a Reforma da Previdência.
Um artigo bem feito e com conhecimento de causa e efeito.Parabéns,Professor!