No dia 06 de dezembro, o presidente estadunidense Donald Trump comunicou que seu governo passa a reconhecer
Jerusalém como a capital de Israel e que, portanto, a embaixada dos Estados
Unidos, agora situada em Tel Aviv, se mudará para lá. Trump, com sua típica
atitude bombástica, anunciou que a construção de uma nova embaixada americana
em Jerusalém seria um “magnífico monumento à paz”.
A maioria da população mundial, no
entanto, vê a medida como um incentivo a mais conflitos e à guerra. Em seguida,
o Secretário de Estado Rex Tillerson afirmou que a mudança da embaixada de Tel
Aviv para Jerusalém se dará em alguns anos, mas o dano para as esperanças de
paz entre Israel e Palestina está feito.
Em 1995, o Congresso dos EUA votou para
Jerusalém ser reconhecida como a capital israelense e pediu a mudança da
embaixada, mas a legislação permite que a Casa Branca adie a mudança
temporariamente. Os antecessores de Trump, George W. Bush e Barack Obama,
fizeram repetidamente uso desse expediente, e Trump utilizou-o mais uma vez.
Mas o anúncio sobre a embaixada mostra claramente a direção na qual Trump está
se movendo.
A decisão de Trump viola resoluções da
ONU, inclusive uma resolução-chave de 1980 que exigia que o status final da
cidade de Jerusalém deveria ser estabelecido no contexto de negociações de paz
apontando para a solução do conflito de longo prazo entre Israel e o povo
palestino. Os palestinos querem que o setor árabe / leste de Jerusalém seja a
capital de um novo Estado Palestino independente. Israel declarou que o
conjunto da cidade de Jerusalém é sua capital nacional. A situação se complica
ainda pelo fato de que alguns dos locais mais sagrados do Islã, do Judaísmo e
do Cristianismo se encontram em Jerusalém.
Observadores internacionais e locais
reclamam que o controle israelense de Jerusalém / Leste levou ao tratamento
opressivo à sua numerosa população palestina, desprovida de direitos civis e
políticos e submetida a outros abusos. Sob o governo do atual Primeiro Ministro
israelense Benjamin Netanyahu, esses abusos se intensificaram.
Todas as facções palestinas reagiram
radicalmente ao anúncio de Trump. Hanan Ashrawi, um líder palestino chave,
denunciou a medida de Trump como “irresponsável” e “irracional” e como uma
ameaça à continuação do processo de paz. Não apenas na Palestina, mas por todo
o Oriente Médio e para além, houve manifestações de militantes contra a
política dos EUA, levando o Departamento de Estado a deflagrar alertas de alta
segurança. O Conselho de Segurança da ONU e a maioria dos aliados mais próximos
dos EUA denunciaram a ação de Trump como um risco geral para a paz mundial e
especificamente para a paz no Oriente Médio. Os movimentos de paz de Israel e
da Palestina se uniram às denúncias, assim como muitos líderes judeus e outros
líderes e organizações, inclusive nos Estados Unidos.
Mais uma vez, Trump e seu governo se
mostraram como um perigo para a paz mundial e a justiça internacional. Sua ação
mostra mais uma vez sua orientação de extrema direita, assim como suas ligações
com a ultradireita mundial. Nesse caso, Trump demonstra seu desejo de unir os
elementos mais extremistas na política americana, incluindo os setores mais
reacionários da direitista Cristandade Evangélica e da ultradireitista
comunidade judaica ortodoxa nos Estados Unidos, assim como grupos intolerantes
anti-Islã e anti-árabes.
Estas são as pessoas a quem Trump deve
sua eleição para presidente, e ele tem demonstrado que está se movendo para
retribuir o favor, que inclui a indicação de seu genro Jared Kushner, o qual
possui laços com o movimento de colonos, para ser o encarregado dos esforços
norte-americanos para o processo de paz no Oriente Médio.
Netanyahu, parceiro alinhado de Trump,
é claro, elogiou fortemente a ação dos EUA, que apoiam a adesão de Netanyahu ao
conceito de “Israel Maior”, o qual ameaça pôr fim a qualquer tipo de solução de
dois Estados.
A ação de Trump também revela uma vez
mais o seu forte preconceito contra árabes e muçulmanos, recentemente mostrado
com os seus “retweetings” de mensagens de ódio de uma organização fascista,
Britain First, no Reino Unido, e por seus esforços contínuos para impedir que
pessoas da maioria dos países muçulmanos possam viajar para os Estados Unidos,
mesmo quando têm parentes no país.
O Partido Comunista dos Estados Unidos
denuncia esta nova provocação e conclama o povo americano a protestar contra
ela, inclusive pelo contato com a Casa Branca, o Departamento de Estado e os
deputados e senadores do Congresso, para exigir a volta do processo de paz e do
objetivo de uma solução de dois Estados com plenos direitos para o povo
palestino.
APOIO: PCB (Partido Comunista Brasileiro) de Garanhuns/PE
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