Por Michel Zaidan Filho*
Segundo as informações de um
conceituado blog da cidade do Recife, a viúva (e pessoa sempre presente nos
atos da atual administração de estado de Pernambuco) teria tomado a
decisão de candidatar o filho mais velho ao mandato de deputado federal e o
secretário de Turismo, Felipe Carreras, à sucessão de Paulo, Câmara nas
eleições do próximo ano.
A se confirmarem essas informações, a
solução para os problemas políticos e sociais do estado continuarão
"caseiras", tomadas por um "petit comitê",
chefiado pela matriarca da família Campos. Solução que conta
naturalmente com o apoio da avó, com a oposição do tio, e com a aceitação
tácita dos amigos e seguidores da oligarquia ora dominante. Desde o cortejo
fúnebre do ex-governador, esposo, pai e filho de Ana Arraes, que essa
pré-candidatura foi alimentada no bojo da construção de uma falsa e pretendida
legenda política em Pernambuco: o avô, o pai...e agora, o neto. Uma linhagem
familiar nos padrões da política patrimonialista do nosso estado, onde os
cargos e mandatos parecem prebendas ou privilégios de membros de certas
famílias ilustres, que nasceram para governar.
Descontando a receita preparada
no interior da cozinha da Casa Grande, é preciso atentar para as
características do momento político que ora atravessamos, seja no estado
ou no país. O destino político incerto dessa oligarquia em relação à sucessão
presidencial, e o governo ruinoso e impopular do atual gestor da capitania
(hereditária?). O nome deste gestor já vem sendo objeto de muitas
especulações, no sentido de sua troca ou pelo nome do atual prefeito da capital
e, agora, do secretário de turismo. Pelo visto, quem decide a política
estadual é a viúva e seu seus conselheiros, à revelia dos interesses da
popula&cc edil;ão de Pernambuco.
Curioso é o destino das alianças do
PSB, nas próximas eleições estaduais e nacionais. O partido parece estar
dividido entre o PSDB paulista e o PT de Lula. A opção da oligarquia estadual
pela aliança com o PT teria que enfrentar a tendência do partido em São Paulo
de se compor eleitoralmente com o PSDB, apoiando Alkimin ou Doria em troca
da sucessão estadual paulista. O que pode significar uma ruptura do grupo
pernambucano com o PSB nacional. Por outro lado, a possibilidade de uma aliança
com o PT, aqui no estado, causaria arrepios e calafrios nos opositores
(do próprio partido) à ação desagregadora produzida pelo PSB no campo da
esquerda pernambucana. É difícil engolir os sapos da administração
socialista, com as perseguições, a incúria na gestão dos negócios públicos etc.
A esquerda tem um enorme desafio
político pela frente: reconstruir o seu campo e a seu programa, sem se
comprometer - de um lado ou de outro - com projetos políticos meramente
eleitorais e estratégicos, cujas as alianças ajudam a desacreditar os seus
princípios e o seu programa. Mais ainda num terreno minado como esse daqui do nosso
estado. É preciso pensar que há objetivamente o fim de um ciclo
político-partidário no nosso país e a necessidade de construção de um novo
tempo político.
*Michel Zaidan Filho, natural de Garanhuns, é professor universitário, cientista político e escritor.
**Ilustração: Outras palavras.
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