Lindomar
Cabral, que adotou o nome de Lindomar Castilho por sugestão do diretor da
gravadora Continental, nasceu num distrito do município de Rio Verde, no
interior de Goiás.
Quando foi
morar em Goiânia, a capital do Estado, começou a cursar Direito, mas
pertencente a uma família com vocação pela vida artística, logo se iniciou também na música.
Não demorou a
ser descoberto por empresários da indústria fonográfica e nos anos 60 sua
carreira começou a decolar, chegando à década seguinte como um dos maiores
vendedores de disco do Brasil.
Lindomar foi um
dos precursores da chamada música cafona, depois rotulada como brega, que teve
nomes como Waldick Soriano, Reginaldo Rossi, Amado Batista, Odair José, Diana, Fernando Mendes,
Evaldo Braga e Agnaldo Timóteo.
Alguns, como o
próprio Castilho, estão vivos, embora não façam mais sucesso como antes.
Quando estava
no auge, Lindomar emplacou vários hits nas rádios, como Ébrio de Amor, Vou Rifar Meu Coração, Nós Somos Dois Sem Vergonha, Minha Mãe/Minha Heroína e Doida
Demais.
O cantor ficou
famoso, lançando discos ao mesmo tempo no Brasil, nos Estados Unidos e no
mercado latino. Se tornou conhecido como
“O Rei do Bolero”, mas sua vida começou a mudar quando em 1979 casou com Eliane de Grammont, também cantora e irmã de uma repórter da TV Globo, na época.
Quando casou
com Lindomar Castilho, Eliane abandonou a carreira para se dedicar somente ao
marido, cuidar de casa e de uma filha que tiveram com pouco tempo de união.
O artista, no
entanto, começou a beber muito, tornou-se excessivamente ciumento, agressivo e o casamento
acabou depois de dois anos.
Em 1981, já
separado de Eliane, Lindomar foi a um café em São Paulo, onde a ex-mulher (que retomara
a carreira) fazia uma apresentação e disparou cinco tiros.
Um deles matou
a cantora, outro pegou no seu primo Carlos Randal, que Castilho imaginava estar
tendo um envolvimento com a senhora Grammont.
O crime causou
comoção no início dos anos 80 e pela primeira vez houve uma grande mobilização das
mulheres para que o assassinato não ficasse impune.
O “Rei dos
Boleros” foi a júri popular, sendo condenado a 12 anos de prisão.
Márcio Tomaz Bastos, que viria a ser
Ministro da Justiça do Brasil, atuou como advogado da família Grammont.
Lindomar
Castilho nunca mais foi o mesmo, seu nome sumiu dos rádios e da mídia em geral,
embora ele tenha conseguido a liberdade em 1988.
Ele repetiu em
várias entrevistas que não há um dia em sua vida que não se arrependa de ter
matado a ex-mulher. É possível que esteja falando a verdade, mas pelo
isolamento a que foi submetido a sociedade brasileira nunca o perdoou pela maneira covarde que agiu.
Lindomar não
deu a menor chance a Eliane Grammont. Pode ter destruído sua própria vida,
porém antes acabou com a dela, que tinha apenas 26 anos e uma carreira
promissora pela frente.
Quando estava
preso, o cantor de Goiás gravou um disco intitulado “Muralhas da Solidão”.
A faixa que dá
nome ao álbum faz um registro dramático de sua vida atrás das grades.
Na canção citada, Castilho lembra muito Vicente Celestino, de quem interpretou várias músicas no início da carreira.
Curioso na vida
do artista é que no início da carreira ele gravou uma música chamada “Matei”.
Era como se fosse uma profecia da tragédia que abalaria o Brasil.
Em 2012 o
Portal da Globo tentou realizar uma entrevista com Lindomar Castilho. Ele
resistiu porque estava com problemas nas cordas vocais e desistira da carreira.
Terminou falando, contudo, e uma das coisas que disse é que estava acabado, “não
servia mais pra nada”.
Aos 77 anos,
Lindomar é um mero desconhecido paras as novas gerações. Como disse um internauta
outro dia, ao comentar um vídeo do cantor no YouTube, "hoje ele é mais lembrado
por ter assassinado Eliane de Grammont de que pelos sucessos de sua carreira".
*Fotos Google: 1) Lindomar no auge da carreira; 2) Eliane de Grammont; 3) O cantor na capa do disco "Muralhas da Solidão".
**Eliane compôs a música "Ser Amélia Já Era", gravada por ela e também por Ângela Maria. A letra da canção faz um contraponto à famosa "Ai que Saudade de Amélia", de Ataulfo Alves.
Teve o que mereceu
ResponderExcluirMeu pai gostava de ouvir Lindomar Castilho; uma professora da escola na qual eu trabalho em Goianinha-RN homenageou as mães e me fez lembrar deste grande cantor que num momento de loucura matou alguém e se destruiu também.
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