Outro dia
publicamos no blog uma pequena análise do livro “Caminhos Cruzados”, do
escritor gaúcho Érico Veríssimo.
O romance
mostra os dramas da classe média e o sofrimento dos mais pobres, principalmente
dos desempregados e sem perspectiva de vida. Ao mesmo tempo retrata de uma
forma caricata a burguesia nacional, escancarando as hipocrisias e egoísmos
dos empresários, dos novos ricos e de todos que tendo quase de tudo “não estão
nem aí” para os menos afortunados.
“Caminhos
Cruzados é o segundo livro publicado por Érico, de 1935, ano em que Getúlio Vargas deu um golpe de estado e instalou uma
ditadura no país.
Trinta
anos depois, em 1965, Veríssimo publicou o seu livro mais político, “O Senhor
Embaixador”, primeiro romance do autor depois da trilogia “O Tempo e o Vento”,
tida como a grande obra do escritor do Rio Grande do Sul.
Embora
fosse moderado, equilibrado e até contido, Érico neste livro de
meados dos anos 60 chega a ser panfletário, na sua crítica dura aos golpes de
estado e às ditaduras ridículas da América Latina, implantadas normalmente com o apoio dos Estados Unidos.
Lúcido,
coerente, Érico Veríssimo critica tanto a falta de escrúpulo da direita quando
o fanatismo da esquerda, que quando chega ao poder, normalmente através de
revoluções, na maioria das vezes instala um regime de terror e suprime as
liberdades, sem nenhuma preocupação com o humanismo.
“O Senhor
Embaixador” foi publicado um ano após o golpe militar de 1964 e representa, de
certa maneira, um protesto do escritor contra a situação do país.
Embora a
crítica seja à América Latina de maneira geral, inclusive os rumos da revolução
cubana, que então tinha poucos anos, o Brasil também está incluído no contexto
e já no final do livro Érico dá alguma estocadas nos descaminhos do país.
“O Brasil
é um país saqueado. De fora para dentro. De dentro para fora...”, diz um
personagem do livro, por sinal um brasileiro.
Prosseguindo
na avaliação do próprio país, o personagem continua: “A simpatia no Brasil é a
grande panaceia. E é nessa simpatia, nesse bom mocismo, que reside nossa
desgraça como nação. No Brasil tudo está bom se o sujeito é simpático. Por
simpáticos (e também irresponsáveis e levianos) esperamos que as coisas caiam
do céu. Por simpatia votamos em homens incompetentes ou desonestos para os
cargos públicos...”.
Mais de
50 anos depois, como esse pensamento continua atual. Érico sabia muito de Brasil,
de pessoas, e sua obra serve para entender melhor a América Latina, os golpes
de estado no continente, o Brasil de Castelo Branco e até o Brasil do presidente Temer,
que representa, em última instância, mais um instrumento de golpe, um atalho (ou uma pinguela, como definiu o sociólogo Fernando Henrique Cardoso), para que setores
da burguesia, da Casa Grande, mantenham intactos seus interesses ou o status quo, não importando que a maioria continue (ou volte) à Senzala.
Viva o
país dos canalhas simpáticos! Ou dos presidente ilegítimos ou sorumbáticos!
SEMPRE vão existir os sistemas feudais que roubam tudo dos países subdesenvolvidos. Sejam estes da América Latina ou da África! Os Estados Unidos da América do Norte (EUA) e a Europa são os donos do mundo! Fazem o que bem querem contra os países atrasados e indolentes pela própria natureza! - Assim, quem escapar da "Casa Grande", será engolido pela Casa Branca e pela União Europeia! - 2. Grandes escritores, sociólogos e outros (as) homens e mulheres que PENSAM, SEMPRE alertaram para esses desastres! - Venham os desastres da direita cínica ou da deteriorada esquerda!
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