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MORRE O TALENTOSO COMPOSITOR BELCHIOR

Sete dias depois de Jerry Adriani, e com a mesma idade, 70 anos, morreu neste sábado (29),  à noite,  o cantor e compositor cearense Belchior.

O artista faleceu em Santa Cruz do Sul (RS) e será sepultado em sua terra natal, o município de Sobral, no interior do Ceará.

A causa mortis não foi divulgada pela família. O governador cearense Camilo Santana (PT), divulgou nota lamentando a perda de Belchior e reconhecendo a importância do cantor para o Estado e a música popular brasileira.

Se Jerry Adriani foi um dos principais nomes da Jovem Guarda, nos anos 60, Antônio Carlos Belchior se destacou como um dos melhores compositores brasileiros da década de 70, brilhando na música popular, ao lado de conterrâneos como Fagner e Ednardo.

Dentre suas músicas mais conhecidas, ainda hoje cultuada pelas novas gerações, estão Como Nossos Pais,  Coração Selvagem, Alucinação, Tudo Outra Vez e a Divina Comédia Humana.

O blog já publicou mais de uma matéria sobre o artista, dentre elas o perfil abaixo, reproduzido dos nossos arquivos:

A IMPORTÂNCIA DE BELCHIOR - Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle nasceu na cidade de Sobral, no interior do Ceará. Foi na terra natal, ainda menino, que  se encantou pelas feiras e se tornou poeta e repentista. Estudou música coral e piano com um artista chamado Acaci Halley. Ainda em Sobral, foi programador da rádio da cidade. Quando passou a morar em Fortaleza, conheceu o grupo de cantores e compositores que futuramente seria chamado de “O Pessoal do Ceeará”. Dele faziam parte Fagner, Ednardo, Rodger, Teti, Cirino, dentre outros.

Belchior morou no Nordeste até 1970 e se apresentou em festivais da região de 1965 até começar a nova década, quando decidiu tentar a sorte no Rio de Janeiro. Na chamada “cidade maravilhosa”, hoje assombrando o mundo por conta do crime organizado, chamou a atenção pela primeira vez, no meio artístico, ao vencer o IV Festival Universitário de MPB. Ainda em Fortaleza, o compositor iniciou o Curso de Medicina. Em 71, no RJ, o amor pelas canções se impôs definitivamente.

Elis Regina, a grande cantora brasileira dos anos 60 e 70, acostumada a gravar compositores novos e torná-los conhecidos do grande público, incluiu no seu disco de 1972 a música Mucuripe, uma composição de Belchior e Fagner muito significativa na vida dos dois cearenses. Em 1974 esta canção seria gravada também por Roberto Carlos, que até então reinava absoluto no mundo da música popular do Brasil.

Com a gravação do primeiro compacto simples, que tinha uma das faixas Na Hora do Almoço, Belchior ainda não chegou às paradas de sucesso. Nem seu primeiro LP, Mote e Glosa, lançado pela Continental, em 1974, teve grande repercussão. Mas Alucinação, o vinil de 1976, pôs o artistas nas paradas de Norte a Sul e ele virou cult, principalmente entre o público jovem e universitário.

O disco trazia 10 faixas, todas elas assinadas por Belchior e a maioria delas foi sucesso no país, executadas exaustivamente nas AMs e nas FMs, estas últimas começando a se espalhar nas capitais.  Apenas Um Rapaz Latino-Americano,  Velha Roupa Colorida, Como Nossos Pais, Sujeito de Sorte, Como o Diabo Gosta, Alucinação, Não leve Flores, A Palo Seco, Fotografia 3 x 4 e Antes do Fim, fazem deste vinil um dos melhores álbuns brasileiros dos anos 70, inclusive com um belíssimo trabalho de capa, que foi escolhida entre as mais criativas da década.

Pouco tempo depois Elis Regina voltaria a gravar Belchior, com grandes interpretações de Velha Roupa Colorida e Como Nossos Pais. Esta última, incluída no disco de 76 da cantora, se transformou numa espécie de Hino da Juventude da época e quem não conhecia o compositor cearense passou a conhecê-lo e admirá-lo.

No ano seguinte o cearense lançou Coração Selvagem, outro bom disco, incluindo hits como Paralelas, Todo Sujo de Baton e Galos Noites e Quintais, músicas que estão entre as mais representativas de sua carreira. A faixa título tem uma letra muito bonita, na linha dos grandes sucessos do álbum Alucinação. Paralelas e Todo Sujo de Baton receberam regravações de outros artistas brasileiros, inclusive uma boa versão da cantora Vanusa, já então meio desaparecida do cenário musical do país. "Galos Noites e Quintais", seria regravada por Jair Rodrigues, numa arrojada interpretação do cantor de "Disparada". 

Outro grande êxito da carreira do cearense é a música Comentário a Respeito de John, que em alguns sites é apontada como uma homenagem a Lennon. A letra, contudo, em certos trechos, parece direcionada ao ditador brasileiro João Batista Figueiredo, último dos presidentes da República do regime militar pós 64.

“Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho, deixe que eu decida a minha vida...”, canta Belchior nesta bela música.

Pessoalmente, tive a satisfação de ter assistido shows em teatro ou nos Festivais de Inverno de Garanhuns de grandes nomes da MPB, como Fagner, Ednardo, Gonzaguinha, Elis Regina, Simone, Cássia Eller, Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Betânia, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Adriana Calcanhoto, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Aleceu Valença,  Zizi Possi e João Bosco, dentre muitos outros. O Belchior, no entanto, foi o único desse grande time que nunca tinha visto no palco.

Tive opotunidade de acompanhar um show que ele fez em Garanhuns, em 2004 ou 2005, num desses festivais de músicas promovidos pelo então deputado estadual Izaías Régis. Tinha um bom público para assisti-lo e o artista, nesse tempo já fora da mídia e desconhecido por grande parte das novas gerações, parecia gratificado. Fez uma bela apresentação que encantou os presentes, as pessoas que gostam da boa música brasileira. A sua voz, que sempre me pareceu um problema, nos discos, no palco é muito melhor e fiquei muito feliz de estar vendo o cantor e compositor cearense ali, já "coroa", “mandando brasa”, provando que talento não desaparece. 

Em 2009, o programa Fantástico da Rede Globo, fez uma reportagem sensacionalista sobre o desaparecimento do cantor Belchior. Estaria sumido há dois anos, sem contato nem mesmo com os parentes. Depois, a equipe da emissora foi descobri-lo na cidadezinha de São Gregório de Polanco, no interior do Uruguai. Tudo parece mesmo ter tido um pouco de encenação da TV, pois o artista estava hospedado com a mulher, vivia uma vida normal tendo um bom relacionamento com os moradores do lugar e apenas, tudo indica, estava querendo dar um tempo, descansar, encontrar um pouco de paz.

No início deste ano, no Brasil, o artista gravou um depoimento para o filme “O Homem que Engarrafava Nuvens”, de Lírio Ferreira. O longa é um documentário em homenagem ao compositor Humberto Teixeira, nascido em Iguatu, no Ceará, autor de Asa Branca junto com Luiz Gonzaga.

Belchior estava bem vivo e lúcido.  De todo modo seu nome já está cravado na história da música popular brasileira com músicas e versos como os de Tudo Outra Vez, uma de suas mais belas canções:

"Há tempo, muito tempo
Que eu estou
Longe de casa
E nessas ilhas
Cheias de distância
O meu blusão de couro
Se estragou
Oh! Oh! Oh!...

Ouvi dizer num papo
Da rapaziada
Que aquele amigo
Que embarcou comigo
Cheio de esperança e fé
Já se mandou
Oh! Oh! Oh!...

Sentado à beira do caminho
Prá pedir carona
Tenho falado
À mulher companheira
Quem sabe lá no trópico
A vida esteja a mil...

E um cara
Que transava à noite
No "Danúbio azul"
Me disse que faz sol
Na América do Sul
E nossas irmãs nos esperam
No coração do Brasil...

Minha rede branca
Meu cachorro ligeiro
Sertão, olha o Concorde
Que vem vindo do estrangeiro
O fim do termo "saudade"
Como o charme brasileiro
De alguém sozinho a cismar...

Gente de minha rua
Como eu andei distante
Quando eu desapareci
Ela arranjou um amante
Minha normalista linda
Ainda sou estudante
Da vida que eu quero dar...

Até parece que foi ontem
Minha mocidade
Com diploma de sofrer
De outra Universidade
Minha fala nordestina
Quero esquecer o francês...

E vou viver as coisas novas
Que também são boas
O amor, humor das praças
Cheias de pessoas
Agora eu quero tudo

6 comentários:

  1. Encanta-se um gênio da MPB antes do tempo previsto!!! Sem o menor farelo de dúvida ele está entre os dez maiores letristas da música brasileira.

    P.S.: – O BRASIL NÃO DEU O RESPALDO NECESSÁRIO E QUE TANTO MERECIAM e PRECISAVAM OS DOIS MONSTROS SAGRADOS DA MÚSICA FILOSÓFICA BRASILEIRA: Raul Seixas e Belchior…

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  2. A MÚSICA FOTOGRAFIA 3X4 É OBRA DE GÊNIO!!!

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  3. O GRANDE FÃ DE BELCHIOR, Fernando José Barbosa de Oliveira, ESCREVEU ESTA PÉROLA, DELEITEM-SE:

    Belchior!
    Um nome, uma videira,
    uma inteira viagem
    pela vida inteira. Meu caro,
    já faz tempo, muito tempo
    que eu também estou, estamos nós.
    Eu te entendo!
    Nós não moramos em nós! Não cabemos.
    Então essas ilhas cheias de distância que somos,
    agora têm tanto pra cantar os galos,
    as noites, os quintais.
    E tentar iluminar cada face. E ver, tatear
    a parte oculta da lua na força feminina
    que existe, que não é só ilusão. Sim , sim,
    não é só ilusão. Pela janela do carro, pela janela,
    quem é ela? Quem é ela?
    Ela, o cetim, o gole de conhaque, o toque e
    a primeira vez de apenas um rapaz. Com tantas,tantas
    canções no rádio… Quero as praças, as praças,
    quero a esperança cheia de pessoas! Tudo ainda ressoa,
    estou ouvindo, sentindo, vivendo ainda.
    E pensar composições assim!, maiúsculas!,
    músicas músicas! Lindas assim.
    Músicas tão nossas, tão suas.
    Belchior! Preciso chamá-lo de amigo,
    e agradecer, e dizer de um poeta e sua voz: teu destino!
    Poeta e voz: estou chorando sorrindo, estou cantando.
    E agora? Foi o céu, não foi? Estou cheio de fé.
    Estou ainda longe de casa, e ainda preciso de tudo!
    Tudo outra vez. Quem mandou?
    Preciso agradecer-te, preciso chamar-te de amigo.
    Amigo, como aquele, aquele
    que um dia embarcou contigo.

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  4. Belchior: Um grande artista. Da geração que sonhava com um País que oferecesse melhores condições para os menos favorecidos. Associo a personalidade do Belchior, a d Guerreiro Lutador Luiz Inácio Lula do Povo Brasileiro. Segue com Deus Belchior.

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  5. PUTA QUE O PARIU!!! FAZ CALO NÃO, CARA!!! RESPEITO É BOM E BELCHIOR SEMPRE GOSTOU!!!

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  6. É muita ironia do destino. Os bons vão cedo, rápido e deixam uma saudade danada. E ao mesmo tempo, os ruins, sacanas, ladrões, mentirosos, safados, que deixam um rastro de destruição danada e continuam jogando sujo se achando favorito para voltar a MALINAR, outras horas se acha injustiçado pelos milhões que roubou pra ele e pros filhos e os amigos... Diante dessa indagação, quem sabe, estariam os deuses ficando loucos?!?!?!

    P.S.: - MAS NÃO HÁ DE SER NADA, O INJUSTO CAI POR SUA PRÓPRIA INJUSTIÇA. TÊM DELES QUE ATÉ PRESOS VÃO E MOFAM NA CADEIA...

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