Um dia depois da aprovação do impeachment da
presidente Dilma Rousseff pela Câmara o deputado Álvaro Porto (PSD) defendeu a
realização de eleições gerais em outubro. Em discurso da Assembleia na tarde
desta segunda-feira (18.04) afirmou que, diante do gigantesco desgaste da
atividade política, é hora de todos os ocupantes de cargos eletivos se
submeterem a novo julgamento do povo nas urnas.
“Eu tenho ainda três anos de mandato pela frente,
mas não me furto a abraçar essa tese. A crise de credibilidade da política e
dos políticos é tão aguda que o melhor caminho é zerar tudo, passar tudo a
limpo e recomeçar”, disse.
Para reforçar suas declarações, Porto destacou a
rejeição da população ao vice-presidente Michel Temer (PMDB), que sucederá
Dilma, caso o impedimento seja ratificado pelo Senado. Citou pesquisa Datafolha
divulgada nesta segunda-feira que revela que 54% dos manifestantes pró
impeachment não querem que o vice assuma a Presidência ao passo que 68%
acreditam que a sua eventual gestão será ruim ou péssima.
Entre os que são contra o impedimento a rejeição é
maior: 79% defendem o afastamento de Temer e 88% apostam que seu possível
governo será ruim ou péssimo. “É importante que a classe política esteja
sintonizada com as ruas, de modo que os anseios da população sejam atendidos”,
frisou.
O deputado criticou ainda a postura
antirrepublicana e desrespeitosa dos que justificaram seus votos com argumentos
pessoais. “Parlamentares têm papel constitucional conferido por meio de mandato
que, por sua vez, é resultado de votos. Portanto, deputados devem explicações
aos seus eleitores e não a pai, mãe, filho, cunhado ou sobrinho”.
Álvaro Porto destacou a conduta dos deputados
federais pernambucanos Bruno Araújo (PSDB), Mendonça Filho (DEM) e André de
Paula (PSD) por jamais terem estado em cima do muro e por rejeitarem o jogo da
troca de apoio por cargos. “Estendo esse reconhecimento a todos os que se
conduziram sem fraquejar e fizeram valer suas convicções, seja contra ou a
favor do impeachment, sem deixar para decidir de última hora, seguindo o vento
do oportunismo”, salientou.
Por fim, Álvaro Porto jogou
luz sobre a governabilidade, aspecto imprescindível a quem ocupa o Executivo.
Para ele, o impeachment em andamento deve servir de lição e alerta não só para
a presidente. “Governadores e prefeitos devem estar cientes que não governam
sozinhos, mas sim estabelecendo parcerias com vereadores e deputados. Criar
pontes com o Legislativo e cumprir compromissos assumidos é a receita, é o
caminho”.
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