Por Givaldo Calado de Freiras.
Estive presente à
solenidade de lançamento da programação do centenário do "templo sagrado
de luz e saber".
Confesso
que fiquei emocionado ao cantar, com os presentes, o hino do "querido
lar".
É que,
de repente, voltei ao ano de 1965 quando, presidente do Diretório Estudantil do
"Gigante da Praça da Bandeira", eu participava, enquanto aluno, do
desfile de 12 de outubro de seu cinquentenário.
De repente, ainda, veio-me
a lembrança de um colega meu da velha Faculdade de Direito do Recife, José
Paulo Cavalcanti Filho, autor de uma obra magistral. E densa. Sobre Fernando
Pessoa. Que Zé Paulinho, no seu esforço literário, intitulou-a de "Fernando
Pessoa - uma quase autobiografia". E parece mesmo, tamanho o empenho dele
em traduzir, com exatidão e riqueza, a vida do grande poeta português. Na obra, numa passagem, ele se refere a
Miguel Torga, que foi apanhador de café dos 12 aos 25 anos. Que escreveria,
mais tarde, lembrando aquele passado:
"Há
quanto tempo já te deixei
Cais do lado de lá do meu destino".
Cais do lado de lá do meu destino".
Os
versos de Miguel martelavam a minha mente. Era como se eu os tivesse escrito. E
eu os pronunciava baixinho, na medida em que adentrava àquelas portas, pensando
nos bons tempos de minha adolescência. Que não voltam mais.
De
repente, toda uma vida pregressa me vem à mente. Os meus anos na escola de Dona
Dulcina Coelho, na Avenida Santo Antônio. Criança, ainda, no aprendizado das
primeiras letras. Na escola de Dona Geraldina Miranda, na antiga Rua do Recife.
No “pulo do gato”, que dei ao enfrentar o exame de admissão ao Ginásio, a
revelia de Dona Geraldina - cursava eu o terceiro ano primário. A minha
aprovação naquele exame, e o meu entusiasmo por estar entrando, como aluno, no
“Gigante da Praça da Bandeira”.
Do
Ginásio histórias infinitas a contar. As aulas de educaçã
o moral e cívica,
formadoras de cidadãos, do Mons. Aldemar da Mota Valença. Dos desfiles, que não
perdia, dos dias 7 de setembro e 12 de outubro, este em homenagem ao aniversário
do Colégio. Dos colegas dos cursos ginasial e clássico que tive - muitos que se
foram já a algum tempo, de forma precoce. Da formação de meu caráter. Do
despertar do meu espírito público. Que muito me honra. E muito me orgulha. De
minha participação nos embates políticos, de forma destemida, solidária,
corajosa e franca. Tudo, eu ainda muito jovem. E a espera da maioridade para
poder votar.
Ah!
Como me lembro daqueles tempos! A eles devo tudo o que sou hoje. Deles, peço
sempre a Deus nunca me afastar.
Da solenidade
de lançamento da programação do centenário do “templo sagrado de luz e saber” e
da Missa de Ação de Graças pelos 100 anos de sua fundação, confesso que sai em
estado de graças. Pela profundeza das recordações. Pelo reencontro com muitos
amigos.
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