O escritor e jornalista Urariano Mota escreveu uma bela crônica no site Viomundo sobre a passagem da presidente Dilma Rousseff por Recife, esta semana. Ele relata a emoção que tomou conta das pessoas, que se comportaram feito crianças diante da gigantesca manifestação popular. Leia o texto na íntegra:
Roberto Carlos costuma falar que “são muitas
emoções” em sua vida. Mas o Rei canta e não sabe o que são emoções de amor
político, com afeição despudorada, num coletivo de paixão, porque não esteve
presente na mais feliz terça-feira do Recife. Assim falo porque ontem, 21
de outubro de 2014 — mas terá mesmo sido ontem? – digo, agora, mas um agora
contínuo até domingo e adiante, em resumo, vou tentar escrever o que vi a
partir da tarde de 21.
Aquilo que Dom Pedro II certa vez revelou, numa
visita à cidade, que Pernambuco era um céu aberto, Lula, Dilma e o povo ontem
atualizaram: o Recife é um coração aberto, pulsante, vermelho e pleno.
Assim falo porque as pessoas gritavam, cantavam
“Dilma, eu te amo”. Não digo que tiravam a roupa, mas fizeram coisas mais
impulsivas, desbragadas e delirantes.
Na Avenida Conde da Boa Vista, contente com o
engarrafamento de carros que se formava em razão da caminhada com Dilma, o
motorista de um ônibus largou o volante e subiu para o teto. Para quê? De
lá de cima, com uma bandeira vermelha, ele dançou ao som de “Dilma,
coração valente”.
A massa foi ao delírio. Achando pouco, o louco e
sincero motorista fazia passos e voltas sobre o teto do ônibus, agarrado à bandeira,
como se ela fosse a própria presidenta. Um crítico de música ao meu lado
observou que ele estava em seu momento Michael Jackson. Mas para a massa da
multidão, o motorista era, depois de Lula e Dilma, o cara. E nós
sorríamos, e acenávamos, e ele posava e pousava para as fotos dos celulares.
O recifense, o homem do povo, tem um modo de
recepcionar, de receber, que é fora de esquadro, fora de governo, de regras de
boas maneiras e da boa educação do colégio das damas. O povo é total, efusivo,
de alegria.
Sim, achei a palavra que desde ontem procurava:
alegria. Foi com a multidão alegre, a sorrir, a gargalhar, a dar vivas que
Dilma foi recebida no Recife.
Quando lhe anunciaram o nome, lá na tarde às
margens do Parque 13 de maio, uma corrente elétrica, de alta voltagem do frevo
Vassourinhas correu a multidão.
Foi um fenômeno como uma ola nos estádios de
futebol, não, foi como um urro, ainda não, foi como uma respiração em voz alta,
um ar que correu em ondas e crescendo num som que não se distingue em palavras.
E todos correram para a origem do fenômeno, porque havia chegado a presidenta.
Durante o percurso, nos ônibus pudemos ver mais
gente que não podia descer, que voltava do trabalho e que não pôde vir, mas que
gostaria muito de estar com toda a gente. Diante do gigantesco engarrafamento
na Conde da Boa Vista, na hora, não, mas agora percebo que eu só podia ter pena
das ambulâncias. Os pacientes que entendessem o momento histórico de Dilma na
cidade. Fora das sirenas, o Recife era mais urgente. Parecia o Galo da
Madrugada fora de época.
A multidão mostrava que Dilma é amada pelo povo do
Recife. O povo lhe dedica uma afeição que já deixou de ser política, virou um
caso pessoal. Ela virou o nosso caso na República.
Lula, para nós, é como um sogro, o nosso querido
sogro que nos deu a sua filha num lance raro de generosidade. A multidão ontem,
no comício, se comportava como se falasse para ela, “Dá licença, presidenta, o
povo pede a sua mão”. E ela respondeu e correspondeu:
– Eu amo vocês, esta é a primeira coisa que eu
queria falar. A segunda coisa é que eu nunca vi na minha vida um ato tão
bonito, tão alegre, tão carinhoso como este.
Tentando chegar mais perto da sua afeição, um
escritor amigo foi barrado quando desejou ficar mais junto do palanque. O pobre
do literato só queria estar mais perto da pessoa da presidenta. Mas um dos
seguranças lhe falou: “Aqui só passa se tiver credencial”.
Ao que o escritor respondeu: “Eu não tenho
credencial, mas tenho todas as palavras”. Falou e amargou. Mas convenhamos, o
escritor estava magoado, porque as palavras todas não saíram ali nem agora,
como ele queria. É como um poema não escrito, porque as palavras mais
eloquentes, as que vêm da ação, estavam sendo escritas ali, no ato, em gestos,
canções e suspiros.
Dilma poderia falar o que quisesse. Poderia cantar
“o cravo brigou com a rosa”, e todos aplaudiriam. Poderia ficar diante do
microfone repetindo “sapo-sapo-sapo-sapo”, e o povo iria ao delírio.
Diriam, “como ela fala bem sapo-sapo-sapo!”. Sabem
aquele afeição conquistada, que vê em tudo quanto vem da pessoa amada a coisa
mais linda? Mas a presidenta, em lugar de palavras sem nexo, falou:
– Vamos mostrar que este país tem coluna vertebral,
tem mulheres de coragem e fé. O estado de Pernambuco me honra estando perto de
mim.
E abriu a bandeira do estado. Em Pernambuco, a
bandeira que vem da revolução de 1817 é sagrada e acima de todas as coisas. E
se estabeleceu então mais alta a corrente de afinidade. É uma relação de tal
modo apaixonada, que uma senhora do povo me falou, com a maior intimidade,
embora nunca nos tivéssemos conhecido antes, o que é raro entre pernambucanos,
um povo em seu natural tímido.
Mas como a situação ali era outra, ela me disse com
a voz embargada: “quando Dilma passou mal, depois daquele debate na televisão,
eu fiquei… olhe, eu fiquei…” e não conseguia completar a frase, porque a
lembrança lhe voltava em forte emoção.
E porque eu a compreendia eu pensava em lhe falar
na língua de imbu, mangaba, graviola, cajá, azeitona, pitomba, abacaxi, goiaba,
maracujá, manga, cana doce, numa fala de salada do Nordeste. Mistura de tudo,
porque o povo mais misturado que já vi numa eleição estava presente.
No final, depois do comício, corremos feito loucos
para flagrar a passagem da presidenta, que sairia por trás do palanque. Eu não
era mais um cidadão de cabelos brancos, barrigudo, de fôlego curto, a léguas de
distância de atleta de qualquer condição.
Eu era, todos éramos, voltávamos a ser mais uma vez
meninos. Éramos a infância do que manda o coração. A presidenta entendeu
a nossa meninice. Na passagem, ela nos enviou 2 beijos.
O jornalista Uraniano pegou os dois beijos enviados pela Dilma. Guarde-os caro jornalista, porque depois da denúncia de Veja, ela só poderá distriubui-los lá em Brasilia junto com o Lula e Zé Dirceu. Eu não sei como é que uma empolgação tão grande acontece em Recife, quando o João Paulo foi defenestrado não faz um mês. Parece que o Uraniano estava igual ao Lula, com uma caninha 51 no quengo.
ResponderExcluirVc não sabe nem que dia e hoje caro amigo ante futuro se passa por tudo que lê em revistas 13 Dilma é o povo
Excluirnão sabia que a veja é o STJ julga é decreta a verdade absoluta , tudo isso é muito ficticio na vespera de uma eleição somente um bobo para achar verdaede nesta revista que joga tudo para eleger aécio
ResponderExcluiré DILMA domingo rumo a vitória
abaixo o oportunismo......
Sou Dilma13, amanhã dia 26 de outubro de 2014. Quanto ao outro candidato depois de três derrotas seguidas, uma do seu candidato a Governador, perdeu no primeiro turno na terra dele, a outra Dilma ganhou dele em Minas Gerais, onde tinha sido Governador e a outra amanhã. Esse rapaz só vota nele quem não conhece ele.
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