Do jornalista Nirlando Beirão na Revista Carta Capital:
A
campanha Criança Esperança chegou ao fim, mas
você, se não o fez, ainda pode doar um dinheirinho para esse frenético jamboree
de caridade midiática que – a Globo apregoa – beneficiará 48 mil crianças e
adolescentes de todo o País.
A
cada ano, a emissora dos irmãos Marinho – não confundir com as irmãs Marinho –
convoca sua constelação de estrelas para, saltitantes, sorridentes, atiçarem as
sensibilidades coronárias da relutante nação canarinho. A solidariedade via
tevê produz um espetáculo convincente, tem o atributo de adormecer até avareza
de banqueiro.
Não
interessa à Globo se perguntar se é coerente promover um show beneficente, logo
ela que, escorada nos califas do neoliberalismo, combate ferozmente iniciativas
como o Bolsa Família, com o duvidoso argumento de que
socorrer os miseráveis é condená-los ao perpétuo estado de miséria. Mania da
Globo essa de querer ser monopolista em tudo, até no quesito solidariedade
humana.
Dois
fortíssimos candidatos aproveitaram o Criança Esperança para disputar o Oscar
da hipocrisia filantrópica. O Faustão, que fez de seu auditório um palanque da
pior política de botequim e anda iradíssimo com o paternalismo bolivariano do
PT, sacou do microfone para dizer que o Criança Esperança é uma beleza. Correndo por fora, assumiu a condição de
campeão do farisaismo o esponjoso Ney Matogrosso, aquele que disse à tevê de
Portugal que as nordestinas engravidam freneticamente para usufruir dos
benefícios da “bolsa miséria” da Dilma.
Ney
subiu ao palco pela causa. Não parecia preocupado com o risco, por ele tão
veemente denunciado, de que, agora com a Bolsa Globo, o Brasil venha a se converter
num gigantesco berçário de indigentes. (Foto: Site da Revista Carta Capital).
Nenhum comentário:
Postar um comentário