O VALE TUDO EM TORNO DE ALEMANHA E ARGENTINA

A rivalidade entre brasileiros e argentinos tem origem externa, conforme informação do jornalista Paulo Moreira Leite, da Revista IstoÉ. Segundo ele os Estados Unidos e a Inglaterra desde o século XIX incentivam a competição e os conflitos entre os dois países sul-americanos. É aquela velha história de "dividir para reinar".

A Argentina é um país vizinho e tem muito em comum com o Brasil. Nunca nos oprimiu, nem nos espionou, tampouco incentivou golpes de Estado, como fizeram os EUA por aqui em 1964. Tiveram seus tiranos também, no passado, mas somos responsáveis apenas pelos nossos.

Muitos brasileiros sonham com Miami, Nova Iorque, Washington. Quando Buenos Aires e Bariloche podem ser mais interessantes.

Somos próximos dos argentinos no cinema, na literatura, na música e,  claro, o futebol deles parece muito mais com o nosso que o dos americanos.

A rivalidade histórica, contudo, há anos – ou séculos – é vitaminada pela mídia, não se sabe exatamente com que interesses.

A TV Globo e Galvão Bueno, então, chegam a ser ridículos nessa mania de jogar brasileiros contra argentinos e vice-versa.

A emissora chegou ao ponto, no Jornal Nacional de ontem, de editar uma entrevista de Neymar em que ele revelava sua admiração por Messi e outro jogador da Argentina.

Como a Globo poderia botar no ar o melhor jogador do Brasil tecendo loas a atletas do “país inimigo”? William Bonner não iria contradizer sua linha editorial e deixar Galvão e Patrícia com cara de patetas, embora pelo menos o primeiro já pareça um daqueles do famoso trio das comédias pastelão.

Quem é sensato torcia pelo sucesso da Seleção Nacional independente de paixões políticas. Agora que estamos fora do páreo tanto faz Alemanha quanto Argentina, não muda muita coisa pra gente. Uns vão torcer contra los hermanos por conta da antiga rivalidade, outros querem ver a derrota da Alemanha como uma espécie de vingança pelos 7 x 1 e nas últimas horas cresce o número dos que veem uma enorme vantagem na vitória dos sul-americanos por imaginar que a entrega da taça de campeão a Leonel Messi, pela presidenta Dilma, sacramentará a sua sorte na eleição.

Pode ser que esta Copa, ao contrário das de 1998, 2002, 2006 e 2010 tenha alguma influência na eleição. Mas se o povo continuar separando as coisas – futebol e voto na urna – como fez nos últimos 16 anos, o que vai determinar mesmo o resultado da disputa de outubro é a economia, é a coerência de cada candidato é o desenrolar da campanha nas ruas e no palanque eletrônico.

Infelizmente alguns setores – incluindo políticos e parte da mídia – por falta de programas de governo, pela ausência de discursos consistentes e atendendo a interesses mesquinhos se apegam a tudo para levar ao poder os representantes de projetos pessoais ou das elites que nunca aceitaram um operário e muito menos uma mulher no poder.

É o Vale Tudo. Não da novela e sim da vida brasileira.