Às primeiras horas da manhã sou informado pelo jornalista Ruy
Sarinho da morte da Rádio Clube de Pernambuco. A mais antiga do Brasil, com
quase 100 anos de história. Lamento o triste fim da emissora pelo que ela
representou na comunicação nacional e por ter tido nela minha segunda escola de
jornalismo (a primeira foi a Universidade Católica). Trabalhei quatro anos na
P.R.A. 8: primeiro na Estrada do Arraial, em Casa Amarela, depois na Rua do
Veiga, em Santo Amaro. Lá convivi com um timaço de profissionais: Edilson
Torres, Gilberto Carvalho, Ralf de Carvalho, Roberto Queiroz, Marcos Leite,
Mané Queiroz, Rosa Falcão, Geraldo Freire, Paulo Marques, Jota Ferreira, Gino César, Graça Araújo... Nenhum deles está mais na emissora. Alguns foram chamados pelo Criador, outros trabalham em
outros órgãos de comunicação. Tenho certeza de que eles, como eu, como o
companheiro Ruy Sarinho e muitos pernambucanos vão lamentar o dia em que a
Rádio Clube foi entregue ao clã da família Marinho. Mas as informações
completas vocês conferem no artigo abaixo, escrito com exclusividade para o
blog pelo jornalista de Olinda.
“Alô, Nordeste”, Mataram a Nossa
Rádio Clube!
Atenção! Esta notícia deveria sair nas páginas policiais: "Morte anunciada. Acabam de matar
a Rádio Clube de Pernambuco, a PRA 8!"
Choram
as ondas do rádio.
A
gula insaciável pelo poder, pelo dinheiro e pela manutenção do monopólio da
comunicação brasileira, que alimenta o repugnante Clã Marinho, decretou o dia 03
de fevereiro de 2014 como o dia da morte da Rádio Clube de Pernambuco, a
Primeira Emissora de Rádio do Brasil e da América Latina. Um assassinato da
cultura, da história do rádio, por cabeças imbecis e inescrupulo$as.
A
partir desta data, quem sintonizar a frequência AM de 720 KHz não vai mais
ouvir as vinhetas da Clube e sim da globalizada Rádio Globo, uma emissora que
impõe uma programação pasteurizada País afora. A Globo vai na contramão do
rádio, que tende a revalorizar as programações locais, regionais, com a cara de
cada região e não essa coisa insossa de programação em rede que tentaram
difundir mundo afora a partir da globalização neoliberal “made” in Tio SAM. Com
finalidade de acabar com as culturas e identidades locais.
A
saída do ar da Rádio Clube de Pernambuco, a PRA 8, é um crime!
Que
mudasse de mão, mas continuasse Rádio Clube de Pernambuco.
Uma
emissora de rádio antes de ser uma propriedade de empresários gulosos e
espertos é uma concessão pública que deveria ter como principal finalidade o serviço
público ao seu ouvinte, com objetivos educativos, sociais e de defesa dos
direitos humanos. E cultura local é direitos humanos.
Certas
estão a Argentina e a Venezuela, que criaram suas leis para controlar as
empresas de comunicação de seus países, que, como no Brasil ainda hoje, eram
manipuladas e pautadas pelos EUA.
E
isto feito na Argentina e Venezuela nunca foi, e nem será, censura.
Sou
jornalista provinciano, mas nunca me prostituí, nunca vendi a minha pena, os
meus princípios, e defendo esse controle da mídia.
Censura
é o que fazem esses donos da comunicação no Brasil, com seus monopólios, que
sempre conseguiram eleger quem queriam, até antes da chegada da internet.
Aqui,
em Pernambuco, teve colunista que se demitiu de um grande Jornal da Capital por
não se submeter às ordens do patrão, tido como democrata, que proibia qualquer
crítica a um então governador que hoje não passa de um político morto, apesar
de estar com mandato na mão. Isto é que é censura e acontece também na telinha
da Globo e jornalões diariamente.
Até
agora, não ouvi um único parlamentar pernambucano protestar contra o enterro
precoce da Rádio Clube de Pernambuco, o que é lamentável.
É
verdade que a Emissora vem de longo processo de decadência, com dirigentes, com
comandos incompetentes, ou mal intencionados. Muita gente se fez às custas da
Rádio Clube. “Gente de bem”, de paletó e gravata, os chamados “empreendedores”.
Enquanto a Rádio foi indo ao fundo do poço.
Mas
nada justifica a morte anunciada da Emissora da Rua do Veiga.
Por
que nós, brasileiros, e pernambucanos em particular, negamos a nossa memória,
cultural e histórica?
Parece
que temos vergonha de guardar para sempre o que foi construído no passado,
amparados numa falsa e burra modernidade, que não passa de falta de cultura
característica de uma elite econômica e política deseducada. Burra. Ou
colonizada, propositadamente treinada para não preservar as nossas raízes, a
nossa identidade, sob o preconceituoso, e excludente discurso, também escroto,
de uma tal meritocracia.
A
mais recente vítima dessa falta de memória chama-se Rádio Clube de Pernambuco,
a PRA 8, o “Canhão do Nordeste”, que com os seus 100 Kilos de potência varreu o
Nordeste, e o Brasil e o Mundo - através das suas ondas curtas - até algumas
décadas atrás, com um rádio de sotaque genuinamente pernambucano, nordestino,
como a alma de nossa gente.
A
Rádio Clube de Pernambuco foi Escola do Rádio Brasileiro. Mestres da
comunicação, como Chico Anísio, por exemplo, iniciaram seu sucesso profissional
nos seus microfones, aqui em Pernambuco. O título desta despedida-denúncia é
uma marca que faz história, o Programa “Alô, Nordeste!”, comandado por Elias
Lourenço que liderou durante muitas décadas a audiência das madrugadas
nordestinas e que foi afastado anos atrás porque um idiota de Brasília que veio
(des)comandar a Emissora o considerou velho e ultrapassado. Hoje, Elias
Lourenço continua fazendo sucesso nas madrugadas pela Rádio Folha FM e do
incompetente que o demitiu não se sabe nem o nome. Deve ser um desses tais
“empreendedores” espertos e falantes que pululam por aí. Imagino a saudade e
tristeza de Geraldo Leal, Elias Lourenço, Aldemar Paiva e tantos outros que
vivenciaram por dentro a história da Rádio Clube.
É
de fazer chorar!
Um pouco desta bela História
Há
95 anos no ar, a Rádio Clube de Pernambuco, a PRA 8, foi a primeira emissora de
rádio do País e da América Latina, fundada em 06 de abril de 1919 por um grupo
de amigos amadores liderados por Augusto Joaquim Pereira, com edital de criação
publicado pelo Diario de Pernambuco. As primeiras instalações situavam-se no
Parque 13 de Maio, passando em 1923, com a entrada de Oscar Moreira Pinto, a
funcionar na Avenida Cruz Cabugá com um pequeno equipamento de 10 watts que
possibilitava a irradiação das suas ondas no Centro da Cidade e em alguns
bairros da Cidade. Esta façanha colocou Pernambuco no pioneirismo da
radiodifusão no Brasil.
A
Rádio Clube de Pernambuco também deu o pontapé inicial no radialismo esportivo,
realizando a primeira transmissão ao vivo no Norte-Nordeste, com a narração de
um jogo feita pelo locutor Abílio de Castro, em 1931. A partir daí a
Emissora passou a liderar o jornalismo esportivo no rádio com a melhor
aparelhagem técnica e maior potência de transmissão. Já nas décadas de 1960 e
1970, com equipe especializada, manteve liderança absoluta nas transmissões
esportivas do Nordeste Em 1936 sua potência já era de 50 Kilowatts chegando
tempos depois aos 100 Kilos que a tornaram o “Canhão do Nordeste”, marca usada
até os dias atuais. Ainda nesses anos a Clube já contava com um grande quadro
de locutores, jornalistas, artistas e produtores que era responsável por uma
programação popular que incluía radionovelas e programas de auditório. Até uma
maravilhosa orquestra a Emissora passou a ter com a contratação do genial
Maestro Nélson Ferreira, que encantava Pernambuco e o Brasil.
Outro
marco da Rádio Clube de Pernambuco foi o Repórter Esso, surgido no País em 1941
e que um ano depois passou a ser transmitido pela nossa
PRA 8 com os ouvintes ao pé do rádio para se informarem sobre tudo o que
acontecia na Segunda Guerra Mundial. A partir de 1952 a Rádio Clube de
Pernambuco passou para as mãos dos Diários Associados, empresa fundada pelo
jornalista e empresário Assis Chateaubriand, responsável pela instalação da
televisão no Brasil numa época em que se achava desnecessária essa inauguração
da TV no País.
Olinda, 2 de fevereiro de 2014
Ruy Sarinho (Cidadão
pernambucano, ouvinte da Rádio Clube e jornalista).
(Na foto que ilustra o post, do Nordeste.com, Abílio de Castro, o primeiro comunicador da Rádio Clube, em 1926. Pela P.R.A 8 passaram também figuras como Aldemar Paiva, Chico Anísio e José Wilker, tendo este sido reprovado num teste para locutor).
A famosa Rádio Clube no passado, transmitia também em Ondas Curtas, que cobria todo Planeta. Depois, com a nova Legislação passou a transmitir só em Ondas Médias, mas com uma potência de 100 quilowatt.Diziam os moradores residentes nas proximidades dos transmissores, que a potência era tão forte, que chega ascender as lâmpadas florescente da respondera, Nossa condolências aos rádios ouvintes de todo País.
ResponderExcluirSales/Garanhuns
É nada mais nada menos que uma falta de respeito com a cultura Pernambucana, e por que nao dizer Nordestina.
ResponderExcluirPara o governo federal é ótimo. O sistema Globo de Comunicação, anos atrás demonizado pelos petistas, é o comunicador oficial do Planalto.
ResponderExcluirJornalista Eduardo Ferreira, Recife
É uma pena Roberto ,a rádio Clube era fantástica , seus programas esportivos são inesquecíveis , seu slogan , SEM CLUBE NÃO HÁ FUTEBOL" era espetacular.
ResponderExcluirÉ errado colocar à culpa no sistema Globo , pois , o equívoco maior foi dos seus donos que à rejeitaram e ignoraram seus ouvintes , caso a GLOBO não compra-se a mesma , outro sistema teria feito isso , já que , seus donos queriam livrar-se da grande CLUBE, isso é óbvio.Nosso grande erro é colocar a culpa dos problemas do país no SISTEMA GLOBO e passar as mãos na cabeça de políticos corruptos , isso é indiscutível.
ResponderExcluirSempre a globo por trás de tudo isso.
ExcluirEssa pressão dos poderosos sempre acontece. Vejam o que está acontecendo no momento com a pressão da Globo/Sportv para que a Tv Esporte Interativo não entre na grade de programação da Sky e Neet, as duas maiores operadoras de tv paga do país. O EI está mostrando para todo o país o Campeonato do Nordeste, além dos estaduais da região, mas os poderosos não querem que vejam nossos times, é melhor para eles que fiquemos vendo o Flamengo, Fluminense, São Paulo, Palmeiras...
ResponderExcluirA Rádio Clube deixou de ser grande há muito tempo. Nem de longe competia mais com a Rádio Jornal. Nos últimos tempos sua programação era nacionalizada. Só a parte de esportes é que sobrevivia a duras penas, perdendo em audiência para as outras rádios, inclusive para as FMs que transmitem futebol. Penso que a afiliação à Rádio Globo foi a salvação da emissora. Do contrário iria fechar, pois tinha poucos ouvintes (seu Ibope era irrisório) e quase nenhum anunciante. Você só ouvia algum comercial nas transmissões esportivas. O restante da grande era retransmissão de uma programação distribuídas para todas as rádios dos Diários Associados. Melhor do que fechar foi entregar o prefixo a outra empresa. A fila anda e quem não se moderniza fica para trás.
ResponderExcluirVc amigo é uma pessoa sem informação, a Rádio Clube era a pioneira no brasil, se ela ficou do jeito que ficou a culpa foi da má administração, e da maldita globalização que veio pra melhorar umas coisas, e destruir outras, eu participei da Rádio clube de Pernambuco, frequentei os programas de auditório na década dos anos 70, a Rádio clube foi minha infância, e essa época levarei comigo até o fim da minha vida, eu era vizinho da rádio Clube, vc não sabe a história linda que têm essa emissóra, muitos artístas hoje consagrados passaram por aqui, Super Rádio Clube de Pernambuco sempre será grande!!!
ExcluirQue falta sinto da Rádio clube de pernambuco, Quando criança frequêntava muito os programas de auditório com meus irmãos e minha hoje falecida mãe, que saudade tenho daqueles tempos de super rádio clube,Eram os programas alta voltagem com paulo ferreira, o programa e agora josé com José Santana, o programa Paulo Marques e a cidade aflita com Rosa Maria, Gino Cesar, Lacerdinha e outros, a Rádio clube tinha uma programação recheada de coisas boas, perdemos as melhores programações do Rádio Brasileiro, essa maldita globalização acabou com nossa Super Rádio Clube de Pernambuco, ainda tenho na memória a vinheta que sempre tocava quando a rádio clube completou 50 anos, era mais ou menos assim ( com cinquenta anos no ar, com cinquenta anos de tradição, com cinquenta anos liderando, com cinquenta anos de comunicação) há que saudade da poderosa Super Rádio Clube!!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir