O escritor Sidney Nicéias é natural do Recife e tem curso superior na área de Relações Públicas. Além da produção literária, tem uma assessoria de comunicação, atuando no mesmo campo que seus primos André, Eduardo e Simone, da Nova Representações. No final de outubro o autor de "A Grande Ilusão" esteve em Garanhuns mantendo contatos com literatos da cidade, pois pretende divulgar melhor suas obras por aqui.
Sidney começou a se interessar por literatura na adolescência e em 1995 escreveu e dirigiu "Cinzas da Paixão", uma peça de teatro. Em 2004 publicou seu primeiro romance: "O Que Importa é o Caminho", bem recebido pela crítica da capital. Voltou em 2010 com "O Rei, a Sombra e a Máscara" e o ano passado lançou pela Editora Giosti, do Sudeste, "A Grande Ilusão", talvez o livro que tenha causado maior impacto na crítica e entre os leitores. Esteve com esta obra em diversas cidades brasileiras e até num evento literário na Alemanha.
O autor, que costuma circular pelo país falando do seu trabalho e fazendo palestras, prepara para lançar ainda este mês seu quarto romance: "Vic e o Homem Feito de Nuvens", que promete agradar e mais uma vez surpreender. Entrevistamos o escritor recifense com exclusividade e aproveitamos para publicar esse material jornalístico nessa sua passagem por Garanhuns.
- Quando começou a se interessar por
escrever?
No
final da adolescência. Gostava de escrever, ocasionalmente, algumas poesias e
era muito interessado em Redação na escola – aliás, a minha professora à época,
Tereza Lapa, foi a primeira pessoa a reconhecer em mim potencial para a
escrita. Todavia, passei a dar mais atenção a isso quando, numa desilusão
amorosa, produzi uma série de versos que, mais à frente, adaptei para uma peça
de Teatro, “Cinzas da Paixão” – a minha primeira criação literária.
- Quais os autores que gosta de ler?
Tenho
um gosto diversificado para a leitura. Leio coisas bem diferentes, de
biografias a graphic novel, de poesia à filosofia oriental... E ultimamente
estou descobrindo alguns ótimos autores nacionais. Para não deixar de citar
nomes, tenho uma queda especial por Khalil Gibran, autor do sensacional O
Profeta.
- Como nasceu seu primeiro livro?
De
um diálogo com um casal de amigos, Sérgio e Carla. Lendo algumas coisas
escritas por mim, ambos me sugeriram publicar. Acabei levando a sério e não
parei mais.
- Qual de suas obras é mais importante?
Acho
que não cabe a mim essa classificação de relevância. Posso dizer que “O Rei, a
Sombra e a Máscara”, meu segundo livro, deixou uma marca especial, pois foi um
projeto independente que levou seis anos para ser lançado, incluindo um
curta-metragem. É um livro profundo, mas acho que todos os meus livros têm
importância idêntica para mim, cada qual marcando a minha carreira de alguma
forma.
- Quem é seu principal público hoje?
É um
público misto. Até porque meus livros são um tanto diferentes entre si. Para se
ter uma ideia, do romance “A Grande Ilusão” – uma história forte – estou
partindo para “Vic e o Homem Feito de Nuvens”, meu novo livro, cuja história
abrange todas as idades. Acho que isso acaba, naturalmente, deixando-me com um
público realmente misto.
- Então fale um pouco sobre o seu mais novo
livro...
É
uma história que se equilibra na tênue linha entre a inocência infantil e a
malícia adulta. A visão fabular de um garoto de 10 anos de idade, que não se
sente amado pelos pais e que conhece de forma inusitada um homem que se diz
feito de nuvens, oriundo do reino das nuvens. Da amizade entre os dois, o
leitor vai sendo tocado por diversos temas comuns ao nosso cotidiano,
especialmente o familiar, e é confrontado com a dúvida sobre as intenções do
tal homem. Fábula? Dura realidade? Estou muito interessado na visão do leitor
quanto a essas questões. Mas terei que esperar o lançamento... Acredito que em
novembro já estaremos trabalhando ele pelo país.
- Mesmo com livro novo saindo, você tem
outros projetos em vista?
Sim.
Estou escrevendo uma trilogia – já tenho um livro pronto e outro em mais da
metade concluído. Também tenho um projeto para produzir um documentário baseado
no meu romance A Grande Ilusão, trazendo a ficção para a realidade, já que a
história do Padre atormentado pelos próprios impulsos sexuais e que se depara
com uma adolescente virgem disposta a tudo para tê-lo como primeira da sua
vida, tem inúmeros elos com a nossa vida real. Também continuarei fazendo
palestras em empresas, universidades, escolas e entidades das mais diversas. O
trabalho não para...
- O seu romance A Grande Ilusão percorreu o
Brasil e chegou a Frankfurt. Como foi isso?
A
Grande Ilusão foi muito bem recebido pela crítica e público. Fiz eventos em
várias cidades brasileiras – só em São Paulo foram três eventos, além da
Bienal. Relembrando meus tempos de ator no teatro amador, formatei um monólogo
de cinco minutos baseado no livro, que encenei pelo Brasil (cidades como
Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Joinville, Belém, João Pessoa e Juiz de
Fora, que estarei no início de novembro – inclusive tive o prazer de lançar
também em Garanhuns). Funcionou muito bem. E a aceitação do livro gerou um
convite da minha editora para trabalhar o livro na Feira Literária de
Frankfurt, na Alemanha, a maior do mundo. Fui o único autor nordestino da
editora a participar. A feira aconteceu na primeira quinzena de outubro e
poderemos ter boas novas em breve.
- Qual o futuro do livro na era da
internet?
Difícil
responder. Acho que o formato digital já é uma realidade, mas não vejo o livro
impresso tradicional morrendo – pelo menos não tão cedo. Complicado fazer um
prognóstico de como isso será num futuro próximo. Tudo está mudando e evoluindo
muito rápido. O que é realidade hoje pode não ser mais amanhã e o que foi dado
como “morto” muitas vezes ressurge. Eu, particularmente, sou amante do livro na
mão, da capa, do cheiro...
- O que fazer para que, no Brasil, as
pessoas leiam mais?
Investir
em educação e em projetos de incentivo. E se o Poder Público não age como
deveria, cabe a nós fazer algo. Gosto muito de me aproximar das pessoas com o
meu trabalho, mas não somente daqueles que podem pagar por um livro. Inclusive,
estou com um projeto baseado no livro novo com participação de empresas
privadas para levar literatura às pessoas mais carentes. Existem muitas
iniciativas excelentes pelo país para estimular a leitura. A internet fez as
pessoas lerem mais, contudo, é preciso que isso aconteça com qualidade e senso
crítico. Só a educação pode melhorar o quadro atual.
- Como acompanhar o seu trabalho pela
internet?
Tenho
um perfil no Facebook e no Twitter onde divulgo bastante o meu trabalho; um
blog, de2em2.blogspot.com , onde publico crônicas, contos e poesias
ocasionalmente; e um site oficial, sidneyniceas.com.br. Estou sempre
aberto ao contato do público, que também pode ser feito
pelo email contato@sidneyniceas.com.br. É sempre um prazer lidar com as
pessoas.
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