Não restava outra coisa a fazer. Depois
que o escritor Paulo César Araújo provou, através de fotos e de um vídeo, ter
entrevistado o artista, o cantor Chico
Buarque pediu desculpas por não se lembrar deste momento de sua vida. Em texto
publicado nesta quinta-feira (17) no site do jornal O Estão de S.
Paulo, Chico anotou: "Agora fico sabendo que sim, dei-lhe uma
entrevista em 1992. Pelo que ele diz, foi uma entrevista de quatro horas onde
falamos sobre censura, interrogatórios, diversas fases e canções da minha
carreira".
O cantor e compositor chegou a assinar um artigo em "O
Globo" em que criticava a Rede Globo e Paulo César de Araújo porque atribuíram a ele uma declaração publicada na biografia não autorizada
"Roberto Carlos em Detalhes" (obra que foi recolhida das livrarias)."Lamento pelo autor, que diz ter empenhado 15 anos de sua
vida em pesquisas e entrevistas com não sei quantas pessoas, inclusive eu. Só
que ele nunca me entrevistou", desdenhou.
Chico alegou não se lembrar da pergunta sobre Roberto Carlos
porque a entrevista foi longa. "No meio de uma entrevista de quatro horas,
20 atrás, uma pergunta sobre Roberto Carlos talvez fosse pouco para me lembrar
que contribuí para sua biografia. De qualquer modo, errei e por isto lhe peço
desculpas", escreveu o artista no artigo do Estadão.
DIVISÃO ENTRE OS ARTISTAS - A polêmica sobre a censura prévia às biografias não autorizadas tomou conta do meio artístico. Paula Lavigne,
ex-mulher de Caetano Veloso, é porta voz de um grupo denominado “Procure Saber”,
que luta pela privacidade dos artistas e defende que biografias somente sejam
publicadas com autorização do personagem.
Desse grupo fazem parte a própria Paula, Caetano, Gilberto Gil,
Djavan, Chico Buarque, Milton Nascimento, Marília Peira, Wagner Moura, Roberto
Carlos e Erasmo Carlos.
“Sou sim a favor de podermos ter biografias não autorizadas de
Sarney e Roberto Marinho. Mas as delicadezas do sofrimento de Gloria Perez e o
perigo de proliferação de escândalos são tópicos sobre os quais o leitor deve
refletir”, disse Caetano Veloso sobre o assunto.
Dentre os que não concordam com a proibição das biografias não
autorizadas estão Fagner, Alceu Valença, Nana Caymmi, Lobão, o jornalista Ruy
Castro, o jornalista e historiador Laurentino Gomes (autor de 1808, 1822 e
1889), o presidente do STF, Joaquim Barbosa e a dramaturga Maria Adelaide
Amaral.
A filha do compositor paulista Adoniram Barbosa (autor de “Trem
das Onze e "Saudosa Maloca") confessou estar decepcionada e envergonhada com
Chico Buarque por este defender biografias previamente censuradas. (Este texto foi escrito a partir de uma série de dados, matérias e declarações disponíveis no Portal UOL).
Esses caras viveram a fase da ditadura, lutaram contra a censura e agora estão fazendo algo parecido. É o que sempre digo, valores morais hoje em dia é pago com o vil metal...que vergonha !
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