ODORICO PARAGUAÇU VIVE

Um leitor de Palmeirina escreve para reclamar que o prefeito do município, acompanhado de um vereador, mandou a Polícia Militar acabar com o ensaio da Orquestra Manoel Lafaiete, de muita tradição na cidade. Há poucos dias moradores de São João acusaram o novo gestor de perseguir até barraqueiros no carnaval, por conta de questões políticas.

Situações como essas dos dirigentes políticos das duas cidades se repetem na maioria dos municípios do interior. São atitudes de coroneis, que há muito deviam ter sido eliminadas da prática política.

O povo do Agreste Meridional, que votou por mudanças na maioria dos municípios, certamente não queria simplesmente trocar um arbitrário por outro. Quando esses senhores vão perceber que no Brasil se vive uma democracia desde 1985? Em vez de trabalhar sintonizados com a população, preferem mostrar força, governar pelo recurso da intimidação.

É uma pena que o prefeito Odorico Paraguaçu, personagem fictício criado pela inteligência do dramaturgo Dias Gomes, 40 anos atrás, como uma crítica ao coronelismo nordestino, ainda sobreviva no Século XXI na pele de muitos governantes, apesar de tanto acesso à informação.

Hoje existem escolas de nível superior por todo canto. Oportunidade de ler e adquirir um pouco de cultura não falta. Mas neste Brasil de petistas, tucanos e fisiológicos consorciados, se mantém vivo o sentimento escravocrata, da lei do mais forte, da esperteza e da arrogância.

Democratas de verdade, homens educados e honestos parece que não vão muito longe neste país, principalmente se quiserem se envolver com a atividade política.  O problema, infelizmente, é de mão dupla: tanto os políticos quanto os eleitores muitas vezes revelam um despreparo absurdo.

Enquanto for assim os coronéis vão continuar dando as cartas.