A
atriz Patrícila Pillar, atualmente vivendo Constância Assunção, na novela Lado
a Lado, da TV Globo, tem uma curiosidade em sua carreira artística. Em 2007 a estrela dirigiu o
documentário “Waldick – Pra Sempre em Meu Coração”.
Com
muita sensibilidade e competência ela fez uma homenagem a Waldick Soriano, que
já estava velho e doente. O cantor morreu no ano seguinte, pobre e esquecido do
grande público que teve nos anos 60 e 70, principalmente.
Paulo
César Araújo, historiador e escritor – autor de uma biografia sobre Roberto
Carlos e um outro livro, sobre Waldick - escreveu um artigo para a folha de São Paulo
elogiando o filme de Patrícia.
“O
documentário "Waldick Soriano - Sempre no Meu Coração", de Patrícia
Pillar, é um retrato humano desse ícone da nossa música popular. Revela
contradições e angústias do homem por trás do artista. Mais do que isso: é um
olhar terno sobre a velhice, a saudade e a solidão de uma pessoa no ocaso da
vida. E nesse sentido, um clima de melancolia perpassa o filme, principalmente
vendo-o agora quando sabemos que o artista já morreu”, registrou Paulo César, no texto publicado na Folha.
Tive
a oportunidade de assistir o documentário esta semana no Canal Brasil e gostei
muito do trabalho da atriz como diretora. O final é tocante, quando o artista canta "Cavalgada", uma das canções mais bonitas de Roberto Carlos.
Waldick
foi o brega dos bregas, na música popular brasileira, uma espécie de Jece Valadão
da MPB, com suas roupas cafonas e o jeito de machão.
O
nome completo do artista era Eurípedes Waldick Soriano. O cantor nasceu em Caetité,
no interior da Bahia. Um fato que marcou sua vida foi o abandono do lar por sua
mãe. Ele era namorador e aventureiro na cidadezinha em que nasceu. Depois de um
incidente num bar resolveu tentar a vida em São Paulo. Na cidade grande foi
lavrador, engraxate e garimpeiro.
Nos anos 50 começou a vida artística e gravou
o seu primeiro sucesso: “Quem és tu?”.
A
sua música mais conhecida chama a atenção pelo título e refrão, de tremendo mau
gosto: “Eu não sou cachorro não”. Paulo César Araújo usa essa frase para
escrever o seu livro-tese sobre Waldick e a música brega.
Pouca
gente sabe, mas Waldick Soriano teve uma música censurada pelo regime militar
de 1964. “Tortura de amor” foi proibida pelos generais de plantão, porque nos "anos de chumbo" podia torturar, porém a palavra era proibida de ser citada, até
mesmo numa música romântica.
O
cearense Raimundo Fagner, nos primeiros anos da década de 80, regravou “Tortura
de Amor”. Uma versão suave, bonita. A abertura estava se aproximando e o autor de “Canteiros” fez justiça
ao já esquecido e sempre discriminado Waldick.
Uma
coisa que me impressionou muito, no documentário de Patrícia Pillar, foi quando
Waldick Soriano já velho, decadente, com um olhar triste, confessa diante das câmeras:
“Consegui o sucesso, ganhei dinheiro, mas nunca, nunca, conheci essa tal de
felicidade”.
Tudo
indica que o abandono por parte da mãe o marcou para sempre. Esteve sempre
procurando alguma coisa que não encontrou. Perto de morrer tinha o olhar
ausente, ficava calado, sem interesse por nada. Nem parecia o cantor que se inspirava em Durango Kid e que um dia
se apresentou na antiga Difusora de Garanhuns, de chapéu e óculos escuros,
atraindo dezenas de fãs.
Para abrilhantar ainda mais este excelente texto escrito e postado pelo Roberto Almeida, eu que sou fã incondicional do Frankk Sinatra brasileiro, um fato pitoresco que aconteceu em sua viagem/chegada ao Rio de Janeiro ele foi a procura de um radialista da Rádio Globo por nome de Haroldo de Andrade e mostrou-lhe cerca de uma dúzia de composições dele mesmo, todas elas, escritas em papel de cimento com lápis grafite... músicas estas que, posteriormente, transformaram-se em grande sucessos como por exemplo EU SEI QUE VOCÊ VAI CASAR COM OUTRO(Levarei muitas flores perfumadas) e a imortal PAIXÃO DE UM HOMEM...
ResponderExcluirNada melhor que essa interação com o leitor. Seu comentário por certo abrilhanta a matéria jornalística e ajuda o autor na intenção de valorizar o filme de Patrícia Pillar e fazer justiça ao cantor popular. "Frank Sinatra brasileiro" é ótimo.
ResponderExcluirOuvi muito essa música EU SEI QUE VOCÊ VAI CASAR COM OUTRO(Levarei muitas flores perfumadas) nos parques de diversões, sentado numa roda-gigante ou coretos de praças na época de natal. Posteriormente, descambava para o cabaré para ouvir Valdik junto com as putas na boate Califórnia lá na rua da madeira.
ResponderExcluirFaço coro com o brilhante cronista Altamir Pinheiro; o texto de Roberto é excelente e informa sobre um trabalho da bonita Patrícia Pillar que muita gente não conhece ao tempo em que resgata um cantor popular esnobado pela elite intelectual; fico feliz em saber que Fagner um dos melhores cantores do Brasil não teve preconceito e gravou o compositor considerado cafona ou brega; precisamos de matérias assim embora a maioria dos leitores pareça se interessar mais pelas futricas políticas. Waldick Soriano não era nenhum Chico Buarque ou mesmo um Roberto Carlos nem por isso deixou de compor algumas músicas deliciosas como A CARTA: Minha querida, saudações
ResponderExcluirEscrevo esta carta
Não repare os senões...
Em vida é muito louvável,porque na morte...
ResponderExcluirWaldick foi e sempre sera o poeta do povo,este povo sofrido que sabe muito bem o que chorar por amor que não tem vergonha de amar que fica embriagado por uma mulher que não desiste nunca dos seus sonhos Waldick sabia de tudo isso e deus te deu uma voz poderosa para interpretar tudo em forma de cancão Waldick foi e sempre sera o poeta do povo
ResponderExcluirRaimundo Woiage Soariano