O dia começou com chuva em Recife. Nem por isso milhares de pessoas deixaram de ir às ruas para acompanhar o desfile do Galo da Madrugada. Um mar de gente nas pontes, que levam gente de um lado e outro do Rio Capibaribe. No camarote das autoridades, logo cedo, vereadores, secretários, ministros, artistas, o governador Eduardo Campos e o prefeito João da Costa. O deputado federal João Paulo também esteve por lá. João e João se encontraram, mas nem se falaram. “A chuva deve estar mandando algum recado”, brincou o ex-prefeito.
O desfile do Galo este ano homenageia dois grandes artistas pernambucanos: Luiz Gonzaga, que em 2012 completaria 100 anos de idade se estivesse vivo; e Alceu Valença, o sessentão de São Bento do Una, o melhor intérprete do “Hino do Galo da Madrugada”
Ei pessoal, vem moçada
Carnaval começa no Galo da Madrugada (BIS)
A manhã já vem surgindo,
O sol clareia a cidade com seus raios de cristal
E o Galo da madrugada, já está na rua, saldando o Carnaval
Ei pessoal...
As donzelas estão dormindo
As cores recebendo o orvalho matinal
E o Galo da Madrugada
Já está na rua, saldando o Carnaval
Ei pessoal...
O Galo também é de briga, as esporas afiadas
E a crista é coral
E o Galo da Madrugada, já está na rua
Saldando o Carnaval
Ei pessoal...
Alceu está em todos os palcos. Gonzagão contagia os vocalistas, em cima dos trios elétricos. No foco da folia, um encontro inusitado: Joelma (da Banda Calypso), com Robertinho do Recife, um dos maiores guitarristas do Brasil e do mundo. Ele tira o som do seu instrumento e ela com poucos recursos vocais canta “Frevo Mulher”, de autoria de Zé Ramalho, que foi sucesso também na voz de Amelinha.
O povão nem se toca para os deslizes da estrela. Todo mundo quer é “cair na folia”
A TV Globo, envolvendo 250 profissionais de quatro estados do Nordeste dá um show de cobertura. Os repórteres falam dos diversos focos do desfile e um helicóptero mostra a cada instante imagens áreas da multidão lá embaixo.
Uma loucura. Uma loucura saudável. Gente de todas as tribos, o povão. O carnaval de Pernambuco, ao contrário da festa do Rio do Janeiro, com todo o luxo do sambódromo, espelha mais a diversidade, as desigualdades sociais, a cidade e o país.
Carnaval é festa da carne. É válvula de escape. É alegria geral.
No Galo da Madrugada, arrastando milhares ou milhões, um espetáculo visual único, deslumbrante. Que o digam as câmeras de TV e o olho atento dos repórteres fotográficos.
Alceu, Recife, Luiz Gonzaga e o maior bloco carnavalesco do mundo... É mesmo para estar no livro dos recordes.
Pena que o desfile do "Galo" não seja transmitido em programação nacional.
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