Hoje, Dia de Finados, uma data apropriada para lembrar de Augusto dos Anjos. O poeta paraibano que estudou na Faculdade de Direito de Recife é um caso singular na literatura brasileira. Mesmo escrevendo sempre sobre morte, doenças, a degeneração da carne, deixou versos capazes de mexer com a cabeça das pessoas sensíveis e tocou o coração de quem ama a poesia. Saiba um pouco mais sobre esse notável homem das letras lendo o texto a seguir, publicado no Portal UOL Educação:
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho Pau d'Arco, Paraíba. De uma família de donos de engenhos, assistiu à decadência da antiga estrutura latifundiária, substituída pelas grandes usinas. Seu pai, bacharel, foi quem lhe ensinou as primeiras letras. Quando estava no curso secundário, Augusto começou a mostrar uma saúde delicada e um sistema nervoso abalado.
Em 1903, iniciou os estudos na Faculdade de Direito do Recife onde teve contato com o trabalho "A Poesia Científica", do professor Martins Junior. Formado em 1907, preferiu não advogar e ensinar português. Casou-se, em 4 de julho de 1910, com Ester Fialho.
No mesmo ano, em conseqüência de desentendimento com o governador, foi afastado do cargo de professor do Liceu Paraibano, onde havia estudado. Resolveu então se mudar para o Rio de Janeiro, onde exerceu durante algum tempo o magistério. Lecionou geografia na Escola Normal, depois Instituto de Educação, e no Ginásio Nacional, depois Colégio Pedro II, sem conseguir ser efetivado como professor. Em 1911, morreu prematuramente seu primeiro filho.
Em fins de 1913 transferiu-se para Leopoldina, MG, por ter sido nomeado para o cargo de diretor de um grupo escolar. Morreu nessa cidade, vitimado pela pneumonia, com pouco mais de trinta anos. Ainda jovem, os sofrimentos físicos tinham-lhe dado um aspecto senil.
Quase toda a sua obra poética está no seu único livro "Eu", publicado em 1912. Apesar de praticamente ignorado a princípio, pelo público e pela crítica, a partir de 1919 o livro foi constantemente reeditado como "Eu e outros poemas".
Escrito em um momento de transição, pouco antes da virada modernista de 22, sua obra representa o sincretismo entre o parnasianismo e o simbolismo. No livro, Augusto dos Anjos faz da obsessão com o próprio "eu", o centro do seu pensamento. O egoísmo e angústia estão presentes ("Ai! Um urubu pousou na minha sorte"); assim como o ceticismo em relação ao amor ("Não sou capaz de amar mulher alguma, / Nem há mulher talvez capaz de amar-me").
O poeta aspira à morte e à anulação de sua pessoa, reduzindo a vida a combinações de elementos químicos, físicos e biológicos ("Eu, filho do carbono e do amoníaco,"). Tal materialismo o tornava amargo e pessimista ("Tome, doutor, essa tesoura e corte/ Minha singularíssima pessoa"). Contrapõe-se a inapetência para o prazer e um desejo de conhecer outros mundos, onde a força dos instintos não cerceie os vôos da alma ("Quero, arrancado das prisões carnais,/ Viver na luz dos astros imortais").
Basta um dos muito bons poemas de Augusto dos Anjos para o leitor perceber que está diante de um gênio. Um exemplo é Psicologia de um Vencido, com seu ritmo alucinante e versos que parecem ter sido feito para rasgar cada um de nós na própria carne:
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e á vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
SE É UM DOS ASSUNTOS QUE EU FAÇO QUESTÃO DE LER, CHAMA-SE OS AUTORES ESCRITORES.
ResponderExcluirVOCÊ , ROBERTO ALMEIDA,PROPORCIONA-NOS O DIREITO E A LIBERDADE DE RECORDAR MENSAGENS INTERESSANTES E ENRIQUEDORA CULTURALMENTE FALANDO.
É LENDO AS OBRAS DOS GRANDES HOMENS QUE APRENDEMOS UM POUCO MAIS.
A VONTADE DE ESCREVER E DE LER,PERMITE-NOS ANDAR POR UM CAMINHO QUE SE CHAMA CULTURA E SABEDORIA.
CONHECERÁS A VERDADE E A VERDADE NOS LIBERTARÁ.
É O QUE ESTÁ FALTANDO MUITO AO NOSSO POVO.JÁ DIZIA O GRANDE MESTRE MONTEIRO LOBATO, "UM PAÍS SE FAZ COM HOMENS E LIVROS". TEMOS OS HOMENS E AS MULHERES, PORÉM FALTA MUITA LEITURA DE NOSSA PARTE.
PROFESSOR ZECA BARBOSA -LAGOA DO OURO-PE.