TETÊ ESPÍNDOLA
Tetê Espíndola tem voz de pássaro, sua música ecoa o som das matas, dos rios, das cachoeiras e dos bichos. Figura rara, na MPB, que não aparece com seus gritinhos em meio a miados e chiados de velhos e novos falsos sertanejos. Cantora, compositora, instrumentista parece apresentar suas canções em estado bruto, deixa que ouvidos sensíveis façam a lapidação, como se tudo estivesse “escrito nas estrelas”.
Teresinha Maria de Miranda Espíndola nasceu em Campo Grande, no Mato Grosso, em 1954. É de uma família de artistas. São sete ao todo incluindo os irmãos. Já em 1968, com apenas 14 anos, formou com os manos – Geraldo, Celito e Alzira – o grupo LuzAzul, que passou a executar concertos entre Cuibá e Campo Grande.
Nas suas viagens entre uma cidade e outra, a cantora conheceu a Chapada dos Guimarães, um lugar especial, que a fez conhecer o tamanho de sua voz aguda.
Celito e Tetê vão para São Paulo na década de 70 e passam a tocar em barzinhos. Em 78, os irmãos estão todos juntos na paulicéia e a pedido da gravadora Phillips mudam o nome do grupo LuzAzul, que passa a ser denominado Tetê e o Lírio Selvagem. Este também é o nome do primeiro LP dos artistas.
Mas no ano seguinte a artista decide seguir carreira solo e lança o disco Piraretã. Ela canta “Refazenda”, de Gilberto Gil; “Cio da Terra”, de Milton Nascimento e Chico Buarque e até uma versão dos beatles Lennon e Mc Cartney. O álbum inclui ainda uma composição do amigo Arrigo Barnabé e as outras são todas parceria dela com os irmãos. Músicas como a faixa título “Piraretã”, “Beija Flor” e “Cunhãtaiporã”, bem com o jeito das coisas do Mato Grosso.
Em 1981, ao lado de Arrigo Barnabé, Tetê Espíndola defende no Festival MPB Shell a valsa “Londrina”. A música ficou com o prêmio de melhor arranjo do evento, transmitido pela TV Globo.
Quatro anos depois Tetê vence o Festival dos Festivais, da Rede Globo, interpretando a música “Escrito nas Estrelas”, de Arnaldo Black e Carlos Rennó. O disco incluindo esta canção bateu recordes de execução e vendagem em todo o país. Neste momento a artista ficou conhecida nacionalmente e teve o seu momento de cantora popular. Na década de 90, a baiana Ivete Sangalo cantou Escrito nas Estrelas num especial da TV Globo. Uma boa interpretação, mas sem os agudos diferenciados da matogrossense.
A matogrossense, no entanto, não parecia interessada em se transformar num produto comercial. Depois do sucesso, votou a fazer experiências com sua voz e a gravar o que lhe interessava, que estivesse ligado a suas raízes.
Depois do êxito de “Escrito nas Estrelas”, a cantora foi convidada para fazer uma participação especial no filme “Mônica e a Sereia do Rio”, de Maurício de Souza. Também aparece no curta metragem Caramujo Flor, juntamente com Almir Sater e Ney Matogrosso. No final dos anos 80, se apresenta como representante do Brasil em shows e concertos realizados em Roma e Paris. Cantou ainda num Festival de Jazz, na Bélgica.
Uma retrospectiva de sua carreira foi feita em 1995, quando ela gravou o disco “Canção de Amor”. Na Chapada, Pulsação das Águas, Gata Vadia e outras canções mais conhecidas, inclusive “Adeus Dias Doidos”, do paraibano Chico César. É linda essa música na interpretação de Tetê.
Na década passada Tetê Espíndola continuou atuando. Fazendo shows e gravando discos, alguns em parceria com os irmãos. O último álbum registrado é de 2007, intitulado Evaporar, com destaque para “Ópera da Natureza”, uma parceria dela com Arnaldo Black, o mesmo de Escrito nas Estrelas.
Tetê nunca foi conhecida ou popular como Maria Betânia, Gal Costa ou Simone. Nunca emplacou grandes sucessos, à exceção da citada Escrito nas Estrelas. Podemos escrever, no entanto, que com sua voz única, sua ligação radical com as matas, os pássaros, os índios, o pantanal, um pedaço um pouco conhecido do Brasil, a matogrossense é uma artista importante, que marca um capítulo diferenciado na Música Popular Brasileira.
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Linda, ela!
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