Em política é muito difícil andar sempre em boa companhia. Também é quase impossível ganhar eleição sem fazer alianças. Miguel Arraes, que era muito do sabido, venceu três vezes a disputa para o governo de Pernambuco. Todas se juntando com empresários e direitistas: Em 1962 com Paulo Guerra, no pleito de 1986 teve ao seu lado Carlos Wilson e Antônio Farias e em 1994 foi a vez do empresário Armando Monteiro Filho entrar na chapa, disputando o senado. Eduardo Campos, que aprendeu as coisas com o velho, em 2006 atraiu Inocêncio Oliveira para seu palanque e sacramentou a virada que o elegeria governador, se reelegendo com folga neste ano de 2010.
Lula só chegou ao Planalto quando deixou de ser xiita e fez aliança pra todo lado. O seu vice nesses oito anos, o José de Alencar, é um empresário, um dos homens mais ricos do Brasil. Não tem nada de esquerdista: o que ele sempre soube foi ganhar muito dinheiro. Depois o presidente, em nome da governabilidade, se juntou com figuras como Renan Calheiros e José Sarney. Até Fernando Collor, imagine o disparate, hoje faz parte da base aliada do governo do PT. Dilma, candidata do atual presidente, tem o apoio dessa turma toda, o que fez muita gente se bandear para o outro lado.
Mas o José Serra, também não anda em más companhias? Claro que sim. Ele está sendo apoiado por Quércia, Maluf, César Maia, Jorge Bornhausen, Artur Virgílio, Daniel Dantas, ACM Neto, Joaquim Roriz e esposa, José Roberto Arruda (aquele do mensalão do DEM), Paulo Otávio e Luiz Estevão.
Voltando a Miguel Arraes, ele também ensinava que o mais importante é "manter a hegemonia" das forças progressistas. Trazendo essa lição para o momento atual, fundamental é saber quem dará as cartas no futuro governo. Serra irá administrar para os ricos, os empreiteiros, ouvindo as más companhias ou voltado para o povão, os mais pobres? Dilma irá ser manobrada por Renan, Sarney, Collor e outras figuras indesejáveis, ou a hegemonia de uma eventual gestão dela será do PT, das forças populares? É ler, reler, refletir, aprofundar a reflexão e decidir o que é melhor para o Brasil. Sem paixões. Repito aqui um argumento já usado: eleição não é jogo de futebol. A gente não torce, a gente comunga com as ideias do candidato ou candidata e vota pensando na coletividade, na maioria, no futuro do país.
**Fotos: À esquerda Serra e o ex-governador José Roberto Arruda; À direita Dilma e Roseana, da clã dos Sarney.
**Fotos: À esquerda Serra e o ex-governador José Roberto Arruda; À direita Dilma e Roseana, da clã dos Sarney.
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