PERFUME DE MULHER
Alfredo James Pacino, ator americano conhecido como Al Pacino, tem um currículo invejável e ainda hoje, aos 70 anos, é um dos melhores intérpretes de Hollywood. Começou a consolidar sua carreira muito tempo atrás, com O Poderoso Chefão, mas participou de outros grandes filmes que lhe deram fama e prestígio, como Serpico, Um Dia de Cão e o Advogado do Diabo. Este último, o mais recente dos citados, impressionou críticos exigentes e público em geral. Pacino é um verdadeiro fenômeno diante das câmeras.
Antes de O Advogado do Diabo, de 1997, uma das obras mais populares com este carismático ator, Al Pacino ganhou o Oscar de interpretação, em 1993, com o excelente Perfume de Mulher, lançado um ano antes. O longa tem a direção de Martin Brest, um cineasta que assinou poucos filmes, dentre eles a comédia Um Tira da Pesada e o bom drama Encontro Marcado, com Brad Pitt, numa história que levanta a possibilidade de uma outra vida após a morte.
Nosso foco, nesse comentário, é Perfume de Mulher, o filme que deu o Oscar de Melhor Ator a Pacino. Normalmente começamos as resenhas desta série escrevendo alguma coisa sobre o diretor ou a importância da história contada nas telas. Neste caso, é inevitável dar maior importância ao intérprete, ao principal responsável pela beleza deste trabalho, um dos grandes momentos da sétima arte nos anos 90.
Logicamente o longa tem uma direção competente, bela fotografia, boa trilha sonora e escolha acertada dos demais atores. Chris O´Donnel , intérprete de Robin em dois filmes de Batman, é ainda um garoto, em Perfume de Mulher, desempenhando muito bem o seu papel e fazendo um contraponto interessante com Pacino.
Não há malabarismo nem artifício em Perfume de Mulher. Temos uma história forte e muito objetiva: O tenente coronel Frank Slade é um homem cego, grosseiro, amargurado que está decidido a dar um fim à vida da maneira dramática, simplesmente estourando os miolos com um tiro de pistola. Charlie Simms, um jovem que estuda num bom educandário de ricaços graças a uma bolsa de estudos, presencia uma traquinagem dos colegas estudantes, mas se recusa a entregar os rapazes, como pretende o diretor, que chega a pressiona-lo e até faz chantagem para obter a confissão.
Charlie aproveita um final de semana para ganhar um dinheiro extra e vai trabalhar ajudando a cuidar do irascível coronel. O primeiro encontro é um choque, o militar reformado é agressivo e fala um linguajar chulo, o comportamento da fera assusta o jovem que pensa em desistir do serviço temporário. Termina ficando e involuntariamente acompanha Frank numa espécie de viagem de despedida, antes que ele “estoure os miolos”.
Os dois - um velho e desesperado, o outro retraído e compenetrado - terminam por se conhecer mais, se apegarem, de modo que os segredos do estudante e do militar terminam sendo compartilhados. Acabam se conhecendo e se respeitando.
Perto do final, é o coronel Frank Slade que vai à escola, como se fosse o pai de Charlie, fazer sua defesa perante o diretor e a comissão do colégio. Usando palavrões, agredindo, insultando, o velho cego escancara a verdade e a hipocrisia, permitindo uma reviravolta que emociona e contagia o expectador.
O nome poético do filme, na tradução brasileira, se refere apenas a capacidade que tinha Frank de saber de imediato o sabonete ou perfume que determinada mulher estava usando. Cego, ele aguçara outros sentidos e “enxergava” outras coisas.
O coronel é um personagem forte. Choca, irrita, incomoda. No final emociona e encanta, deixa até uma porta aberta para o otimismo, numa troca de olhares com uma professora do colégio de Charlie, que elogia seu discurso de defesa do rapaz.
Perfume de Mulher é um grande filme. Al Pacino é a alma deste drama que você não esquecerá com facilidade.
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