Kathleen Turner e Nicolas Cage
PEGG SUE - SEU PASSADO A ESPERA
A maioria dos filmes comentados nesta série são bem conhecidos. Ou porque se tornaram grandes sucessos de público, colecionaram prêmios internacionais, foram louvados pela crítica especializada, ou simplesmente por terem caído no gosto do público e se tornados clássicos ou cults. É preciso ser muito desinformado sobre as grandes obras cinematográficas, para nunca ter lido alguma coisa ou ouvido falar de E O Vento Levou, Casablanca, O Grande Ditador, ET, Titanic, Um Estranho no Ninho, Um Sonho de Liberdade, Cidade de Deus, A Bela da Tarde, Cinema Paradiso ou 2001 – Uma Odisséia no Espaço, todos eles já analisados no blog.
Existem, no entanto, alguns filmes bem deliciosos que não são conhecidos assim, principalmente pelas novas gerações. Ocorre, às vezes, que talvez por serem assinados por um diretor de grandes obras ficaram em segundo plano. Imagino que este é o caso de Pegg Sue – Seu Passado a Espera, da Francis Ford Coppola, mais conhecido pela trilogia de O Poderoso Chefão. O cineasta tem ainda em sua filmografia, outros longas conhecidos, como Jardins de Pedra, O Selvagem da Motocicleta, Drácula de Bram Stoker e Apocalypse Now.
Respeitado internacionalmente, vencedor mais de uma vez do Oscar, tanto na qualidade de Melhor Filme, como na de Melhor Diretor, premiado duas vezes com a Palma de Ouro em Cannes, Coppola é um dos “monstros sagrados do cinema”, devido ao seu enorme talento e aos longas incríveis que realizou. Para completar, é pai de Sofia Coppola, também uma cineasta de prestígio e tio do ator Nicolas Cage, um dos mais conhecidos dos astros de Hoolywood.
Dentro desse contexto, Pegg Sue pode até ser considerado um filme menor, ou bobinho do cineasta americano. Eu particularmente considero uma bela obra de arte, que vai muito além da comédia, como alguns querem classificá-lo.
Na minha avaliação Seu Passado a Espera é mais uma obra de ficção, mesclada com drama e muito pouco de comédia. Assisti pela primeira vez com pouco menos da metade da idade que tenho hoje e fiquei encantado com a magia criada por Francis Coppola em Pegg Sue. Revi, dias atrás, baixado da internet e além de ter tido impressões estéticas bastante semelhantes às da minha juventude, descobri curiosamente no elenco atores que eram meros desconhecidos na década de 80 e hoje são estrelas em todos os países do Ocidente.
Lembrava mesmo era da bela Kathleen Turner, atriz principal, que achara lindíssima na sessão do Veneza, em Recife, no ano de 1986. E sabia que a história falava de uma mulher que voltava no tempo. Outros detalhes foram simplesmente eliminados pela memória, pelo passar dos anos.
Em Pegg Sue, no entanto, temos a Kathlleen realmente bela e talentosa como atriz, pois estava no auge da carreira, um Nicolas Cage juvenil, um rapaz bem diferente do ator dos dias atuais. Estava praticamente no início de sua carreira de muitos sucessos. Mais incrível ainda é a participação de Jim Carrey, esse ainda um garoto, completamente desconhecido da crítica e do público, que no filme chama mais atenção por fazer caretas e rir, estando ali, provavelmente o germe do artista de Ace Aventura, Debi e Lóide, O Mentiroso, O Maskara, Batman Eternamente, Cine Majestic e O Show de Truman.
Com Kathleen Turner já veterana e um grupo de atores iniciantes, Ford Coppola faz de Pegg Sue – Seu Passado a Espera, um filme mágico, que pode ter diferentes leituras e não apenas aquela que salta aos olhos à primeira vista.
No longa, Pegg é uma senhora que está com o casamento em crise. Vive com Charlie (Nicolas Cage envelhecido pela maquiagem), seu namorado desde a adolescência, mas a relação está esgotada, no fim mesmo. Durante uma festa de reencontro de sua turma de formatura, a personagem desmaia e volta no tempo. Estava em 1985 e quando acorda surpreendentemente está no início dos anos 60. Reencontra os pais moços ainda, os avós que já tinham morrido, todos os amigos dos tempos de adolescência.
O que mais cativa, em Seu Passado a Espera, é exatamente isso: a possibilidade de voltar atrás, conviver com seus pais de novo, a irmã, os avós, os amigos, tendo sido adulta. Ter a chance de rever atitudes, valorizar mais cada uma dessas pessoas, gestos e costumes.
É muito bonito esse lado do filme, que mexe com sentimentos, como é interessante observar a mudança de costumes retratada pelo diretor do filme: Em 1960 as mocinhas eram comportadas, as mulheres eram donas de casa, os rapazes respeitavam as namoradas e mesmo nos Estados Unidos era como no Brasil cantado por Reginaldo Rossi: “Fazer sexo só depois de casar”.
Esse trabalho, nas mãos de um cineasta sem o talento de Coppola, poderia ter rendido um drama piegas, uma porcaria qualquer. Graças à visão artística do americano, contudo, aos atores que escolheu e dirigiu, Pegg Sue se transformou numa bela fábula que você acompanha e retém na memória possivelmente por toda vida.
Roberto Almeida, eu gosto muito do seu blog e acesso diariamente aqui do Recife. Notei que durante a semana você se preocupa mais com política e garanhuns e nos finais de semana nos delicia com essas belas crônicas sobre cinema e música popular brasileira. O amigo demonstra erudição, senbilidade e bom gosto. Está de Parabéns.
ResponderExcluirProfessor Eduardo Ferreira - Casa Amarela