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Pesquisas Eleitorais

GRANDES NOMES DA MPB XXXIV


Oficialmente nesta sexta-feira, dia seis de agosto de 2010, Adoniram Barbosa, se fosse vivo, teria completado 100 anos de idade. Segundo uma biografia do compositor, publicada no site SampaArt, de São Paulo, a data de nascimento verdadeira do artista é seis de julho de 1912. Foi “maquiada” para que ele pudesse trabalhar ainda menino. Isso era muito comum no passado.

João Rubinato, seu nome real, foi o sétimo filho de Fernando e Ema, italianos de Veneza, que emigraram para o Brasil. Nasceu em Valinhos, no interior paulista, morando depois uns tempos em Jundiaí. Antes de morar na capital, ainda viveu em Santo André, já na região metropolitana da maior cidade do país.

Rubinato, que só adotaria o nome artístico em 1933 (o Barbosa foi uma homenagem a um amigo da boemia), só freqüentava à escola forçado por Dona Ema. Antes de virar compositor e dar uma outra dimensão ao samba paulista, Adoniram trabalhou nos vagões da estrada de ferro, entregou marmitas, foi varredor, pintor, encanador, serralheiro, ajustador mecânico e garçon.

Aos 22 anos, já em São Paulo, morando numa pensão, ele tenta ganhar a vida como cantor e compositor. Participa de um programa de calouros na Rádio Cruzeiro do Sul e após alguns fracassos consegue passar cantando a música Filosofia, de Noel Rosa.

Em 1933 assina um contrato com a emissora e passa a se apresentar num programa semanal de 15 minutos. É aí que o Adoniram Barbosa surge, sumindo o João Rubinato. No ano seguinte vence um concurso carnavalesco promovido pela Prefeitura de São Paulo, com a marchinha Dona Boa. Com o sucesso dessa música, casa-se com a namorada, Olga, contudo o casamento tem vida curta. Mas da união nasce Maria Helena, sua única filha.

No ano de 1941, Adoniram muda para a Rádio Record. Nesta emissora, fez humorismo, rádio-teatro, cantou e só saiu com a aposentadoria, em 1972. O artista paulista fez também cinema, tendo feito parte do elenco do filme Os Cangaceiros, de Lima Barreto, um marco no cinema nacional. Em 1949 casou pela segunda vez, com Matilde e dessa vez viveu com a companheira durante mais de 30 anos. Os dois, inclusive, foram parceiros em algumas composições, como nas músicas A Garoa Vem descendo e Pra que Chorar?.

Na década de 50 Adoniram Barbosa chega ao sucesso como compositor. Principalmente com “Trem das Onze”, um clássico nacional, música que se tornou conhecida em todo o país, principalmente depois de gravada pelo grupo paulista Demônios da Garoa. Este conjunto de rapazes paulistas, com mais de 60 anos de história na Música Popular Brasileira, terminaria se transformando no maior intérprete do compositor do bairro do Bexiga, em todo o território brasileiro.

“Não posso ficar, nem mais um minuto sem você, se eu perde esse trem, que sai agora às 11 horas, só amanhã de manha...”

Esses versos, que encantaram várias gerações, foram gravados também por Gal Costa, que numa interpretação suave, como é do seu estilo, embelezou mais ainda a letra de Trem das Onze.
Outras duas composições marcantes de Adoniram são Iracema e Saudosa Maloca, também gravadas pelos Demônios da Garoa. Elis Regina, porém, no auge da carreira, faria releituras brilhantes dessas duas belas músicas, verdadeiras pérolas da nossa MPB.

“Se o senhor não tá lembrado/Dá licença de contar/Ali onde agora está
Este "adifício arto"/Era uma casa "véia",/ um palacete assobradado
Foi aqui seu moço/Que eu, Mato Grosso e o Joca
Construimos nossa "maloca"/Mas um dia
"nóis" nem pode se "alembrá"/Veio os "home" com as ferramenta
E o dono"mandôderrubá"/ Peguemos todas nossas coisas
E fumos pro meio da rua/"Apreciá" a demolição
Que tristeza que "nóis" sentia/Cada táuba que caía
Doía no coração"

Acima, um trecho de Saudosa Maloca, gravada também por João Gilberto, e que representa bem o universo das composições de Adoniram.

Um artista que deu envergadura ao samba paulista. Um compositor que cantou o seu bairro da Bexiga, a cidade de São Paulo e se preocupou - numa época em que a maioria dos artistas emolduravam a realidade – com os menos favorecidos, os engraxates, os homens da rua, a mulher submissa, os favelados, os solitários.

Adoniram vive: temos em São Paulo o Museu Adoniran Barbosa. Há, no Ibirapuera, um albergue para desportistas que leva seu nome; em Itaquera existe a Escola Adoniran Barbosa; no bairro do Bexiga, Adoniran Barbosa é uma rua famosa e na praça Don Orione há um busto do compositor; Adoniran Barbosa é também um bar e uma praça; no Jaçanã existe uma rua chamada "Trem das Onze"...

Graças a mudança na data de nascimento, feita por seus pais, em muitos lugares do Brasil, principalmente em São Paulo, foram celebrados ontem os 100 anos de Adoniram Barbosa.

“E hoje ela vive lá no céu
E ela vive bem juntinho de nosso Senhor
De lembranças guardo somente suas meias e seus sapatos
Iracema, eu perdi o seu retrato!.

Adoniram, de alguma maneira, deve viver lá no Céu, como a Iracema de sua música, retratada nos versos acima.

Salve o compositor paulista... Esse grande artista da Música Popular Brasileira!

*Clicando no nome de Adoniram, acima, todo em maiúsculo, você acessa um emocionante vídeo do youtube, em que o compositor aparece com Elis Regina, num bar, todos muito bem descontraídos e a grande cantora brasileira interpreta Iracema como se estivesse em casa, ou numa simples reunião de amigos.

(Fontes de consultas: Site SampaArt, dados de Demônios da Garoa, letras de Trem das Onze, Iracema e Saudosa Maloca, discografia do artista e Enciclopédia Google).

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