PREFEITURA MUNICIPAL DE GARANHUNS

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CONFISSÃO DE FÉ


A política provoca muitas discussões, polêmicas. Deus e as religiões também. Recebi de Cleómenes Oliveira, que está em Belém do Pará, um comentário sobre os artigos postados hoje, assinados por Jodeval Duarte e pelo titular do blog. O leitor, que se declara ateu e teve um texto onde assume essa condição publicado no Correio Sete Colinas, confessa estar feliz por ter descoberto duas pessoas em Garanhuns que também não acreditam no Ser Supremo. Respeito sua opinião, sua interpretação e o seu artigo, tanto que o publiquei no jornal impresso. Agora, gostaria de explicar que de forma nenhuma me considero um ateu. Posso ter dúvidas, momentos de crise existencial, discordar dos dogmas de algumas religiões, ser cético em relação a um céu e inferno tal como foi traçado pelos cristãos.
Como o escritor gaúcho Érico Veríssimo, no entanto, acho estúpido demais tudo ser apenas coincidência, acaso, destino. A teoria do Big Bang me parece tão absurda quanto a criação do homem a partir do barro e da mulher a partir das costelas do macho. Existe uma crença em Deus que é muito primitiva. Mas já estamos no século XXI, e mesmo com toda tecnologia e avanço da medicina existem sociedades onde Deus sobrevive.
A religião pode fazer mal, às vezes. A própria Igreja Católica cometeu muitos erros, crimes inclusive. E ainda comete. No entanto não podemos vê-la hoje sob a mesma ótica da Idade Média, quando pessoas eram queimadas na fogueira por suposta bruxaria ou algum tipo de atitude classificada como pecado pela Santa Inquisição. Essa Igreja depois veio se reciclando, teve figuras como João XXIII, Paulo VI e o próprio João Paulo II teve pontos positivos, apesar de algumas atitudes de retrocesso.
Acho que os católicos, hoje, como os evangélicos, os hindus, os espíritas, os budistas e até as correntes menos radicais dos islâmicos podem servir mais ao homem do que prejudicá-lo.
E independente das religiões, como dou a entender no meu primeiro artigo, Deus está no todo. No homem, na mulher, na natureza que nos acolhe, na diversidade dos bichos, animais, aves, peixes, nas plantas... Enfim, em tanta coisa maravilhosa que existe e o ser humano jamais poderia criar.
O homem inventou o rádio, o automóvel, o telefone, a televisão, o automóvel, o avião, armas poderosas, foguetes que vão à lua e um dia chegarão a Marte. Máquinas incríveis para diagnosticar as doenças e curar, ajudar nas cirurgias de risco... Muitas coisas capazes de prolongar a vida e melhorar cada vez mais a estadia nossa nessa terra.
No entanto o cerébro, esta coisa mais complexa do que um computador, o homem será capaz um dia de criar? E o DNA, a carga genética, o coração, o fígado, os rins, os órgãos sexuais do homem e da mulher, capazes ao mesmo tempo de permitir a continuidade da espécie e um prazer divino que nenhuma máquina conseguirá fabricar...?
Não, meu caro Cleómenes. Eu não sou ateu.
Rejeito os fanatismos, os que matam em nome de Deus, os oportunistas que enricam com igrejas de pé de escada, os reacionários que criaram uma entidade superior para assustar os ignorantes e dominar essa gente sofrida.
E não vejo nenhuma vantagem em eliminar completamente Deus de minha vida. Quando estou na estrada e tenho a sensação de ter o Criador ao meu redor, fico feliz. Ao contrário, se estou enclausurado e pessimista e duvido da existência de um ser divino, a tendência é ficar triste, infeliz.
Estive perto da morte, não sei se você sabe. Lamentei muito, naqueles dias dramáticos, não ser um homem de tanta fé. Pulei a fogueira, como muitos disseram. Meses depois, num encontro com Altamir Pinheiro, um colega aqui de Garanhuns, ele perguntou se eu estava transformado, se minha fé tinha aumentado depois do "milagre". Na ocasião eu respondi o que sentia: "Não, estou do mesmo jeito que era".
O tempo foi passando e parece que aos poucos algo foi se apoderando de mim. Consciente da minha - e nossa - fragilidade fui aprendendo a fazer do meu jeito a minha oração. Todo dia agradeço a Deus ter me dado a chance solicitada. Continuar a ver, falar, ouvir, beijar a mulher, os filhos e filhas, amigos e amigas. Ainda ter condições de trabalhar. Ter dado minha modesta contribuição na eleição do prefeito de minha terra, fazer um jornal, ter criado este blog.
Eu vou pouco a Igreja. Mas tenho vontade de ir mais. E não só na Católica. Gostaria de entrar na Quarta Igreja Presbiteriana de Garanhuns e dar um abraço no pastor Edson Dantas, por sinal o único religioso que me visitou quando estava prestes a ser operado no Hospital Português. Espero ter esse prazer, de abraçá-lo como irmão e assistir a sua pregação no culto.
Não quero decepcioná-lo, amigo (permita-me chamá-lo assim conhecendo-o somente pelo seu texto inteligente no blog da CIT e este simpático comentário que você enviou), porém não posso e não quero ficar sem a perspectiva de um Deus.
Preciso dele para continuar minha caminhada, minha missão. Ver meus filhos criados, saudáveis e felizes. Um dia, quando partir, ainda estarei aqui através deles e dos meus netos.
Desejo, contudo, que isso ainda demore. Por isso a cada manhã, ou a cada noite, espero dar um jeito de fortalecer a minha fé para pedir a Deus por mim, pelos meus, pelos amigos, pela humanidade. Esses gestos talvez sejam muito pequenos para impedir as tragédias, as perdas, as dores coletivas... Mas se ajudarem de alguma maneira pelos menos algumas dezenas acho que já estou fazendo a minha parte e poderei me sentir melhor.
Posso até ter virado um sentimental ou medroso, quem sabe, mas não tenho vergonha de explicitar que sou uma pessoa capaz de crer. E capaz de admirar os que acreditam ainda muito mais que eu: como minha mãe, meus irmãos, alguns amigos e amigas, colegas de profissão, velhos conhecidos, outros de contatos passageiros, homens e mulheres que nem conheço... E no entanto foram capazes de pedir com sinceridade, cheios de fé, que eu continuasse a minha jornada. E aqui estou eu. Escrevendo, produzindo, observando o que acontece ao meu redor e procurando alimentar mais e mais o prazer de estar vivo.

Graças a Deus.

4 comentários:

  1. Prezado Cleómenes Oliveira,

    ANOTE NO SEU CADERNINHO, NÃO DOIS, E SIM, MAIS UM QUE NÃO É LIGADO NA LOROTA DESSE TAL DEUS DA BÍBLIA.NA VERDADE, PARA SER UM BOM ATEU, CAMARADAS, FAÇAM COMO NÓS QUE, "NÃO ACREDITAMOS NEM VENDO."

    Abraços,
    Altamir Pinheiro - Garanhuns - PE.
    o_guerrilheiro@hotmail.com

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  2. Caro Altamir Pinheiro,

    Fico feliz por encontrar outro ateu. Os crentes não entendem muito quando dizemos que é melhor não crer que crer. Não sabe o que perderam este tempo todo, em cotas de liberdade (não liberalidade). Eu não sei se igual a você eu acreditaria em Deus se o visse. Eu ainda não o vi e sei que quem falou com Moisés foi a salsa ardente, se, como diz o Roberto Almeida, poderemos considerar a salsa Deus, também podemos não considerar. Eu não considero. E vivo muito bem.

    Abraços

    Cleómenes Oliveira (http://www.citltda.com)

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  3. Eu não tenho religião.
    As religiões mais separam que unem. Não que preguem isso, mas os seus adeptos parecem crer que a sua religião é a única verdade. Então, cada um acha que sua crença é melhor que a do outro. E enquanto se pensar desse modo, não haverá união nem paz na terra.
    Há muito deixei a religião. Mas, tenho a minha filosofia, a minha crença. "Amar o próximo como a nós mesmos" é um excelente mandamento, que, se fosse seguido, o mundo seria ótimo. "Amar a Deus, sobre todas as coisas", também. Se amo a Deus, tenho que procurar ver no outro, a mim mesma, respeitar, tolerar, gostar, ver nele um ser feito à imagem e semelhança do que nos criou. Claro está, essa "imagem e semelhança" ainda não foi alcançada. Mas, vamos sim, tentando conquistá-la. A estrada da vida é de evolução. Para os que querem, naturalmente. Creio sim, que algo nos transcende, que existe algo maior e melhor que nós,
    uma Inteligência Superior. Assim, creio em Deus. Deus como imagino, o "Deus da meu coração, da minha compreensão." Cada um imagina Deus, como pode e tem capacidade de entender.
    Acredito também na reencarnação, no carma individual e coletivo. Essas duas crenças estão em minha vida e me sustentam.
    Sem isso, a vida seria uma nulidade, um vazio,
    uma coisa sem nexo. Há muitas perguntas sem respostas. Não tenho ainda respostas para tudo. Para o mal que existe - pois existe o Bem e o Mal. Mas, acredito, sim, em Deus. Não quero participar de nenhuma religião, mas, a maioria delas, são boas no que pregam. Contudo, não gosto de dogmas que restringem o pensar.

    Bem... quem falou com Moisés, deve ter sido algo vindo de Deus e certamente não foi a salsa, que é um tempero(e um ritmo das Américas, e Moisés não foi pra lá dançar); nem mesmo foi a SARÇA que lá estava, uma planta, também: ela jamais poderia falar com voz humana. E o que Moisés ouviu, não foi uma fala humana. Foi algo dentro de si, dentro dele próprio, uma revelação, a VOZ INTERIOR que
    vem da Alma - essa nossa partícula Divina.

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  4. Prezada Nefertari,

    Venho agradecer a você a correção feita sobre a palavra “salsa” ou “sarça”. Quando vi o filme de Cecil B. Demille, Os Dez Mandamentos entendi salsa. Mil desculpas àqueles que leram este comentário. Não ando lendo a Bíblia ultimamente, apesar das inúmeras insistências.
    Agora querer dizer que a sarça fez Moisés ouvir vozes interiores, etc. é apenas se fixar em coisas religiosas que, como você mesma diz, separa mais do que une. Moisés foi apenas um ser humano, inteligente, líder, preocupado com o destino de seu povo, mergulhado na promiscuidade gerada pelo grau de evolução naquela época. Com sua cultura você deve saber, que não existia parlamento, rádio, TV ou internet, no Monte Sinai. Ele quis apresentar um código de sobrevivência para o seu povo (que, diga-se de passagem serviu à humanidade até agora) e criou toda aquela coisa de sarça, arbusto, tábuas e a presença de Deus. E teve êxito, salvou o povo Hebreu e deu um sentido de vida a seu povo. Naquela época era a época do olho por olho e dente por dente, mesmo amando a Deus. Jesus foi o grande homem seguinte, na civilização ocidental, melhorou o Deus de Moisés dizendo: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a te mesmo”.
    Este homens foram de grande importância para a humanidade porque fizeram com que pessoas como você acreditassem nestes mandamentos éticos, de tremenda importância para a sobrevivência humana. Será que você cumpriria o segundo preceito, de amar o próximo como a si mesma, sem acreditar no primeiro? Pelo o que você expõem, não. Eu, pelo que vivo, sim. Não preciso de Deus para amar meu próximo. Preciso apenas acreditar que a vida é o nosso dom mais precioso, e não tem entidade etérea nenhuma para meter o bedelho nela. Estamos sós, e como tal, devemos lutar de forma objetiva para preservar a vida, sem nenhum freio externo, pois não somos cavalos para precisar de freio, como disse uma vez o Graciliano Ramos.
    O importante não é a existência de Deus. Se você se acha que sem ele sua vida seria uma nulidade, uma coisa sem nexo, eu sinto por você, pois a minha não é assim. Eu não preciso de Deus nem de sarça para viver. Agora, a reencarnação, carma individual e coletivo, pelo amor de Deus, prefiro ir para inferno dos meus pais do que acreditar nisso.

    Cleómenes Oliveira (http://www.citltda.com)

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