CRÔNICA - VISITA À INFÂNCIA EM GARANHUNS


Morava numa casa simples, na Rua XV.

Aos olhos de criança era um casarão,  largo e espaçoso. 

O adulto a vê hoje como uma casinha. Decadente, pequena e estreita.

Mas não era tão minúscula assim. Lembro de três ou quatro quartos, duas salas, cozinha, banheiro e um enorme quintal.

Cedo ia para as aulas, no Colégio Quinze de Novembro.

Naquela época os "crentes" eram mais tolerantes, os estudantes não sofriam bullying, como tem acontecido nos tempos atuais, às vezes com consequências sérias para os pré-adolescentes.

Havia ditadura, mas felizmente não atingiu o nosso mundo e nós nem sabíamos o que rolava.

Além dos estudos, a vida se fazia com os filmes na TV, as revistas e gibis, o sorvete Maguary na Praça Souto Filho, que no final dos anos 60 devia ter outro nome. Nem havia a fonte ainda.

E tinha o futebol. Pelada no campinho do XV. Jogos do Náutico ouvidos pelo rádio, com narração de Ivan Lima e comentários de José Santana.

Inesquecíveis os dois.

Uma vez, ainda reinava a Jovem Guarda, veio se apresentar em Garanhuns a banda Renato e Seus Blue Caps.

Um acontecimento na cidade!

O irmão mais velho foi com uma namorada. Saíram às pressas, o show era no IAC, onde hoje funciona uma lanchonete de marca.

Na correria ela quebrou o salto do sapato. Uma tragédia! Isso ficou na minha mente até hoje, passados quase 60 anos.

Garanhuns era um lugar pequeno, provinciano,  embora já fosse a principal a principal cidade do agreste meridional.

Não havia Cohabs, nem Manoel Chéu ou Brahma.

Era São José, Santo Antônio, Magano, Aloísio Pinto e Heliópolis, basicamente.

E os distritos que são os mesmos atuais: São Pedro, Miracica e Iratama.

A Difusora era a única emissora de rádio. Tocava Roberto Carlos, Luiz Gonzaga, Agnaldo Timóteo e Nelson Gonçalves.

Depois é que surgiram os Fevers, que viveram o auge nos anos 70. 

E "Mar de Rosas" tocou sem parar e animou os "assustados" em todas as cidades da região.

Três nomes se destacaram na Difusora, nos anos 60: Rosa Maria, Ivo de Souza e o jornalista Humberto de Moraes.

Os comentários "Na Hora do Almoço" eram melhores do que os feitos atualmente por essa turma da Globo News.

O prefeito devia ser Amílcar Valença. Mas menino de 10 anos não sabe que a cidade tem dono. Na cabeça dele o pai é rei e mãe a santa protetora.

Já existia o Pau Pombo e o Parque Euclides Dourado, ainda hoje firmes, belos e imponentes.

Os cinemas eram três: o Jardim, o Veneza e o Eldorado, que deu origem ao atual, com o mesmo nome.

Uma vida em Garanhuns!

Cidade das Flores, Cidade Jardim, Terra da Garoa, Suíça Pernambucana, terra de amores sem fim.

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