Por Rodrigo Tenório
Capoeiras é uma cidade
localizada no agreste pernambucano, a mesma situa-se numa região de transição
entre o agreste e a caatinga, como todos sabem a caatinga é um bioma único e
exclusivo do Brasil, ele é endêmico. Esse bioma é riquíssimo em sua biodiversidade,
vários animais podem ser ainda encontrados nesse ecossistema, grandes rios
também correm por aqui, como exemplo temos o rio São Francisco o 5º maior rio
brasileiro, foi na caatinga que também se deu um dos maiores movimentos do
nordeste, o cangaço, onde Lampião e seu bando cortaram várias trilhas mata a
dentro, a caatinga do nosso rei do baião, que traduziu em suas composições as
várias formas do nordeste, a caatinga das grandes secas, consequentemente
também a caatinga símbolo de resistência e bravura daqueles que nela residem e
que enfrentam as intempere do tempo.
Hoje esse bioma está se
transformando, os canais de irrigação já cortam grande parte do nosso
território, já somos um dos maiores produtores de fruta do brasil, exportamos
frutas para grande parte do mundo, grandes empreendimentos estão sendo
instalados, empreendimentos esses voltados na produção de energias renováveis
como por exemplo as energias eólica e solar, não tenho dúvida que seremos
grandes pioneiros nesse ramo.
Por trás de todos essas benefícios,
se paga um alto preço, um grande custo, porém se existisse um mínimo de
responsabilidade pelos órgãos competentes, talvez esse prejuízo não fosse tão
grande, entendo que deveria ser buscado um ponto de equilíbrio, onde se produzisse
sem destruir e sem agredir tanto.
Esse ecossistema corre sérios
riscos de desaparecer, e com esse desaparecimento, toda história também ter o
seu fim. O desmatamento é desenfreado e desordenado, as espécies estão ficando
sem o seu habitat original, para muitas pessoas isso pode não parecer tão
importante, ou pior, não ter importância nenhuma, porém é um caso muito sério,
pois, o desmatamento está ligado diretamente ao regime de chuvas dessa região. Sem
a caatinga, não teremos as nossas chuvas dentro de um padrão organizado, e sem
as chuvas não teremos os nossos alimentos, triste futuro esse do nosso bioma
nordestino.
Mas porque intitulei essa
matéria como “Capoeiras está queimando”?
Como citei no início do
texto, Capoeiras é um município nordestino, mais precisamente pernambucano, que
está inserido no bioma caatinga, pois aqui também não é diferente, estamos
vivenciando o mesmo problema e descaso, estamos assistindo e acompanhado uma
grande agressão ao nosso meio ambiente, há poucos dias foi vendido um terreno
com cerca de 90 hectares, onde existia uma grande cobertura vegetal, pois bem
as máquinas chegaram e derrubaram tudo, hoje só vemos as clareiras e o fogo das
coivaras, que são incendiadas todas as noites, como se não bastasse, esta
semana passei por perto dessas terras que foram destruídas e encontrei um outro
terreno que está tendo sua cobertura vegetal destruída e que vai queimar também
como o primeiro terreno queimou, creio eu que esse segundo terreno deva ter
cerca de 40 ou 50 hectares, que também está sendo destruído. Juntando os dois
terrenos a nossa caatinga capoeirense está tendo um déficit de cerca de 120 a
130 hectares destruídos, esse número é muito grande.
Precisamos orientar os nossos
jovens de modo que eles não possam ver no futuro próximo as grandes matas de
caatinga que existiam em nossa cidade, as madeiras como baraúnas, angicos,
aroeiras, entre outras, já são difíceis de ser encontradas, resta agora a gente
tentar fazer com que os últimos respingos de caatinga existentes em nosso
município não sejam destruídos, para que os nossos filhos possam também ter a
oportunidade de conhecer as belezas desse nosso ecossistema.
Fica uma pergunta no ar: onde
estão as nossas autoridades, que não estão vendo esse grande crime ambiental? Que
não estão vendo essa devastação e que por lei toda e qualquer propriedade, seja
ela de rico ou de pobre, tem que ter uma porcentagem de mata nativa preservada.
*Foto Ilustrativa: Nossa Ciência
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