O compositor Zé Dantas, parceiro de Luiz Gonzaga, se vivo estivesse teria completado 100 anos neste mês de fevereiro.
Aniversário do grande letrista e médico foi registrada na Assembleia Legislativa de Pernambuco pelo deputado Aluízio Lessa, do PSB.
Transcrevemos abaixo o discurso do parlamentar:
Senhoras Deputadas e Senhores
Deputados, importante para a Casa Joaquim Nabuco poder reverenciar o Centenário
do Grande filho de Carnaíba Zé Dantas.
Zé Dantas é imortal!
José de Sousa Dantas Filho nasceu em Carnaíba. Filho de José de Sousa Dantas, fazendeiro, comerciante e
ex-prefeito da cidade de Flores, e de Josefina Alves Siqueira Dantas.
Sob pressão familiar, migrou
para o Recife ainda jovem. Aos 17 anos. Com uma meta estabelecida: ser médico.
“Virar um doutor”, como ainda se costuma dizer pelas bandas das cidades do
interior do Estado. Aluno aplicado, concluiu o ensino médio e se formou em
medicina.
Fez carreira no Rio de
Janeiro no exercício da profissão. Médico residente obstetra e depois diretor
do Hospital dos Servidores. Foi casado com a também pernambucana Yolanda
Dantas. Teve três filhos. Morreu em 1961. Seu principal legado: a poesia, a
música, a cultura nordestina.
Carnaíba integra o cinturão
do Sertão do Pajeú, região que historicamente tem três características no seu
DNA. O Rio Pajeú, a polarização política entre forças progressistas e setores
conservadores e a cultura da poesia popular.
E foi nesse ambiente que Zé
Dantas, um dos compositores mais geniais da Música Popular Brasileira nasceu e
se formou.
Conheceu Luiz Gonzaga
pessoalmente aos 26 anos, no Recife. Escreveu
composições antológicas. Que não as assinava, a seu próprio pedido,
temendo represálias de seus pais.
A juventude consagrou autores
como Geraldo Vandré, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre tantos
outros, nas chamadas composições de protesto, no final da década 60.
“Mas doutô uma esmola a um
homem qui é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”, versos de Vozes
da Seca, canção em que Zé Dantas denuncia a injusta e criminosa desigualdade regional contra
o Nordeste. Isso na década de 50.
No próximo dia 27 de
fevereiro de 2021 Zé Dantas faria 100 anos se vivo fosse. Infelizmente, para
todos nós, a pandemia não permite uma
comemoração com muito forró, em Carnaíba, como havia pensado e programado o
prefeito Anchieta Patriota.
Mas Zé Dantas estará vivo em
nossos corações e mentes para a eternidade. Ele é imortal como um bem cultural
e imaterial do Nordeste, do Brasil.
E se refletirmos sobre sua
história de vida, que o destino lhe impôs decidir entre ser reconhecido como um
doutor ou um poeta popular, fica a lição de que nada vale estar acima dos
nossos sonhos.
Viva Zédantas, imortal, imortal!
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