Por Givaldo Calado de Freitas
Já
se vão tantos 46 dias e 46 noites. Desde 20 de março que estou por aqui.
"Por
aqui onde, amigo. Você não dá mais o ar de sua graça. Não liga mais pros
amigos. Ah! Se eu ainda fosse governador estaria a propor a cassação de seu
mandato, Givaldo. Porque comigo você teria que trabalhar, sobretudo porque
nosso Movimento, fora criado inspirado no trabalho. E, por cima, voluntário.
Tão voluntário que você precisa 'pagar' para nele ingressar, e, depois, passar
a vida pagando para, nele, permanecer."
"Pera
aí. Pera aí. Quem fala? Você entra na minha linha, e vem logo com suas
idiossincrasias. Quem fala? Quem fala?"
"Ah!
Já esqueceu? É Paulo. É Paulo. Aquele que você dizia ser seu grande amigo.
Agora sei. Agora sei. Tudo conversa fiada à mesa de bar. No mínimo, plantado
nas esquinas da vida para falar das vidas alheias."
"Paulo?
Que Paulo? Conheço tantos, e devo dizer, sem desdouro aos demais, que só um me
colocaria em pé, e em continência, para saudá-lo, reverenciá-lo... Paulo Nunes,
meu comandante, meu governador, meu orientador... Mas vô-lo, logo, dizendo.
Aqui, na 'Cidade Encanto', tendo, também, comandante. Também a ele presto
minhas saudações e reverências. E, ainda, digo: eternas."
"Pois
amigo, fique sabendo que é ele mesmo quem fala. E que a saudade me doía tanto
que me traz até você, querido."
"Ele
mesmo quem? Ora! Ora! Seja conciso e elegante, já que diante de alguém que
procura cuidar de seu tempo, máxime, agora, nesses tempos de pandemia."
"Penso
que você anda no mundo da lua. Aqui, é Paulo Nunes, seu governador, e de tantos
e tantas para os estados de Pernambuco, Alagoas e Sergipe."
"Verdade?
Ah! Governador, você queira me desculpar. É que essa pandemia desse 'bichinho'
traiçoeiro, invisível, e, por cima, letal, deixou-me assim. Meio fora do mundo,
aéreo... logo, eu, que já era...
Mas
que prazer! Parece um sonho. Paulo
Nunes, meu governador. Meu orientador. Meu mentor. Precursor da simplicidade e
da humildade em Lions. Como simples e afagante é seu serviço. Pois fique certo,
governador. É um prazer ouvi-lo. Como você me ensinou, imedível."
"Mas
me diga, vice querido. Que tem feito diante desse drama em que vivemos?",
pergunta-me.
"Ah!
Nem te conto. Mergulhei em meus 'hobbies'. Fui revisar os Volumes III, IV e V
de 'Minhas Linhas e Linhas das Redes Sociais', enquanto não 'some' esse terror
do 'COVID-19', e não chega o 'COMVIDA-20'. Esta, ao encontro de outro mundo,
bem melhor no que respeita 'o homem x o homem'. Ele, fraterno, solidário,
cristão... ao largo do ódio, do terror, da guerra, do... Entenda-me: disse sem
o 'mais'..., 'mais'..., 'mais'...
Mas,
governador, como todo um mal deixa um bem, mergulhei, ademais, em leituras
sobre o Império Russo dos Románov, até seu último, Nicolau II; sobre a
revolução russa de 1917; sobre a ascensão, queda e morte de Trótski; sobre a
história da Revolução Russa, na versão de Trótski; sobre os sonhos de Barack
Obama, através de suas obras 'A origem dos meus Sonhos' e 'A Audácia da
Esperança'; sobre Donald Trump, através de seus livros 'A Arte da Negociação' e
'Grande Outra Vez'. Enfim, nesses 46 longos... de recolhimento, de isolamento,
de desconvívio... empresto minha crença à ciência, e aos seus mestres, lavando
as mãos como nunca, e até, usando máscara dentro de casa."
"Mas,
Givaldo, e a 'bichinha', abandonou? Deu, a ela, as costas? Passa, por ela, ao
largo?"
"Que
nada, governador. Interagir, pelas redes sociais, tem sido, pra mim, tarefa
diária, com a ajuda de amigos. E fico muito feliz por isso.
A
'bichinha' a que você se refere, corre em meu sangue, e, nele, estará até meus
últimos suspiros, que sinto longínquo."
*Givaldo Calado é advogado, empresário e cronista. Foi vereador e Secretário de Cultura de Garanhuns.
Hummm! Lendo a biografia de Trotsky! O cara que queria um comunismo menos assassino e levou uma democrática picaretada na cabeça por isso.
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