25 de agosto de 1961.
Renúncia de Jânio Quadros à presidência. Momentaneamente, instaura-se o caos
político no país. Os militares mais uma vez saíram das casernas e vieram a
público para vetar a posse do vice-presidente eleito João Goulart. Tancredo
Neves e outros líderes articulavam uma solução negociada, que seria dar posse a
Jango, mas esvaziar seus poderes, com a instituição do parlamentarismo. Nossa
frágil democracia tremia nas bases.
No auge da confusão, um
repórter perguntou ao governador Magalhães Pinto, querendo saber sua posição
sobre os acontecimentos:
— Onde está Minas?
Magalhães, que seria depois
um dos líderes civis do golpe militar de 1964, respondeu com a frase símbolo da
mineirice:
— Minas está onde sempre
esteve.
Era uma maneira de não dizer
nada, uma versão pão de queijo do altissonante “não sou contra, nem a favor,
muito antes pelo contrário”.
Com aquela resposta, o
governador mineiro ganhava tempo, enquanto a situação se definia.
Domingo, 3/4/2020. O sr. Jair
Bolsonaro participa de mais uma claríssima manifestação contra as instituições
democráticas. E dessa vez foi mais longe, ao afirmar que chegou “ao limite” e
que “acabou a conversa”, acrescentando que contava com as Forças Armadas. As
Forças Armadas desmentiram a ameaça presidencial? Nonada. Os generais
aboletados no governo não se manifestaram. Aliás, no sábado, alguns deles
haviam se reunido com o presidente sublevado. Não se sabe o que conversaram.
Mas ele se sentiu fortalecido a ponto de praticamente anunciar um novo golpe.
Na tarde da segunda-feira,
finalmente, o ministro da Defesa, general Azevedo e Silva, quebrou o mutismo
militar e distribuiu uma nota, bradando veemente:
— As Forças Armadas cumprem a
sua missão Constitucional.
O que quer dizer exatamente
isso? Um apoio ao presidente que apoia seus apoiadores que apoiam o fechamento
do STF e do Congresso, e pedem uma intervenção militar já? Seria talvez uma
repreensão a Bolsonaro? Ou nem uma coisa, nem outra?
Essa proclamação retórica do
general parece, salvo engano, uma versão fardada da frase paisana “Minas está
onde sempre esteve”.
*Homero Fonseca é jornalista e escritor, do mais respeitados em Pernambuco e no Brasil.
Navegar no tempo e no espaço é necessário sim.Graças a vocês jornalistas nós podemos conhecer um pouco da história democrática e ditatorial.
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