Foi anunciada a
presença do senador do MDB, Fernando Bezerra Coelho, na cerimônia de
posse do novo reitor da UFPE, como representante do Governo Federal. Para quem
não conhece a figura, trata-se de um legítimo espécime camaleônico, ligado umbilicalmente a uma das oligarquias
mais antigas da cidade de Petrolina, a da família Coelho, fundada pelo coronel
Quelé.
A história desse clã
oriundo do sertão de Pernambuco já foi contada e recontando pelo historiador e
cientista político Ruyter Bezerra, doutor em Ciência Política, pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em seus dois importantes livros
sobre a família Coelho; o que lhe custou- aliás- muitos dissabores na vida.
A trajetória política
do senhor Fernando Bezerra é aquela marcada pela contínua e permanente
troca de legenda partidária, quando lhe convém, num quadro, diga-se de
passagem, em que não escapam nem os políticos que se dizem de
"esquerda" em nosso estado. Ele já passeou pelas diversas agremiações
políticas, de forma a acomodar as diversas facções políticas de sua própria
família (há os da direita declarada, os de centro e até os que se apresentam
como "esquerda").
Esteve no palanque do
finado Eduardo Campos e foi seu secretário de indústria e comércio, chegando a
administrar o porto de Suape. Depois, passou para a oposição, quando o PSB
passou a fazer críticas a Temer e a Bolsonaro. Agora, virou líder do governo no
Senado, e é nesta qualidade que pretende estar na posse do novo reitor.
Curiosamente, a sua
biografia foi recentemente enriquecida com a denúncia do recebimento de
propinas, durante a última campanha eleitoral. A isso, some-se aquela outra,
documentada em vídeo, da recepção de recursos, juntamente com outros políticos
de Pernambuco, oriundos da transposição do rio São Francisco. O que fazer com
um político tradicional, conservador, fisiológico, como esse? Deixá-lo manchar
a imagem da UFPE, numa empreitada - sabidamente - politiqueira, como querendo
marcar presença na na cena política pernambucana, às vésperas de outro pleito
eleitoral? - Conta-se, entre outras façanhas, que teria bancado o nome de Antônio
de Campos, para a presidência da FUNDAJ. Desejará o senador petrolinense se
apresentar como benemérito ou patrocinador das causas educacionais em nosso
estado? - Nada mais falso e ridículo.
Na minha modesta
opinião de ex-professor titular (aposentado) da instituição universitária, a
comunidade acadêmica - com a representação de seus três segmentos - não deveria
permitir essa desonrosa e incômoda visita. É muito importante que as entidades
coletivas de professores, alunos e funcionários se reúnam no dia da posse e
protestem em alto e bom som que o senhor Fernando Bezerra Coelho é uma
"persona non grata" na Universidade Federal de Pernambuco. Que ele não
conspurque ou ofenda a dignidade desta instituição pública de ensino
superior. Mais ainda representando um governo hostil, inimigo da cultura, do
ensino, da pesquisa e da extensão universitária. Que ele vá procurar as escolas
particulares (como fez Mendoncinha) para pontificar como benfeitor da educação
superior.
*Foto: Jornal Estado de São Paulo
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