Do jornalista Ricardo Kotscho:
Em
estado comatoso desde a posse de Bolsonaro, o Brasil deu sinal de vida na
segunda-feira contra o processo de destruição das instituições.
Os meios de comunicação tentaram minimizar as grandes
manifestações estudantis no Rio, em Salvador e outras capitais, mas agora não
dá mais para esconder que o país acordou.
Nas mesmas redes sociais em que militares e olavetes se
estapeiam sem parar, num espetáculo degradante para as Forças Armadas, imagens
das mídias alternativas de várias partes do país mostraram durante todo o dia
que tudo tem um limite.
O corte de 30% das verbas das universidades e institutos
federais foi o estopim para mobilizar pais, estudantes e professores em defesa
do ensino público, tomando as ruas para denunciar o que está acontecendo.
Assim como aconteceu em 2013, nas jornadas de junho contra o
aumento dos 20 centavos nas tarifas de ônibus, em que pequenos protestos se
multiplicaram rapidamente pelo país, em escala crescente, num rastilho de
pólvora, a classe política foi mais uma vez surpreendida.
O governo paramilitar bolsonarista convocou logo a Polícia do
Exército, com metralhadoras e uniformes de campanha, e a oposição ficou só
assistindo de longe, sem dar um pio.
Desta vez, não teve, nem terá, a Rede Globo com suas
intermináveis transmissões ao vivo para convocar a população a protestar contra
o governo Dilma, que passou a ser o principal alvo das manifestações
“apartidárias e espontâneas” dos paneleiros com camisas da CBF, que acabaram
desaguando no impeachment da presidente eleita.
A grotesca troca de ofensas entre generais e o desvairado guru
da Virginia, com a participação especial dos filhos do presidente, condecorados
e elogiados por Bolsonaro pelo seu combate ao “comunismo”, não foi suficiente
para distrair a platéia.
O estrago feito pelo bolsonarismo na vida real dos brasileiros,
em apenas quatro meses de governo, com o país parado à espera da reforma da
Previdência, é de tal ordem que levará muitos anos para consertar.
Só os idiotas de raiz nas redes sociais ainda defendem o indefensável
e tentam justificar os desatinos do capitão, que fugiu ao controle dos generais
e do mercado, e ganhou vida própria.
Como piloto de um trem-fantasma desgovernado, ele ataca em
várias frentes, e agora avança sobre o IBGE para demolir o censo programado
para 2020.
No estatuto da veneranda instituição, que o capitão nem deve
conhecer, está definido o objetivo do censo:
“Retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento
de sua realidade e ao exercício da cidadania”.
Pois é exatamente o “exercício da cidadania” plena que Bolsonaro
quer combater, para impor suas ideias amalucadas de liberar as armas nos campos
e nas cidades para transformar o país num grande faroeste em que ele será o
único xerife.
Em sua escalada de regressões e retrocessos, ele quer agora
baixar o preço dos cigarros para combater o contrabando e desregulamentar a
publicidade voltada para as crianças.
Estão ameaçadas conquistas sociais como o combate ao tabagismo e
a proibição de comerciais prejudiciais a crianças e adolescentes.
Em lugar das mamadeiras de piroca, que seus seguidores
inventaram na campanha suja do ano passado, em breve poderemos ter propaganda
de mamadeiras de cachaça na TV e de cigarros infantis com gosto de chocolate.
É até injusto acusar o capitão de não ter ideias. Ao contrário,
ele tem muitas, uma nova a cada dia _ todas nocivas à saúde e à vida em
sociedade.
Sem ter qualquer programa de governo, ele vai desfiando este
varejão de insanidades e demolindo programas de saúde, de educação, de moradia,
de direitos trabalhistas e previdenciários, como bem ilustra a genial charge de
Laerte na segunda página da Folha desta terça-feira.
Neste cenário fúnebre, a reação dos estudantes dá um alento a
quem já estava desistindo do Brasil.
Como em outros momentos críticos da vida nacional, a juventude
mostra a coragem que falta aos nossos políticos.
*Fotos: Rádio Jornal/Recife, Jornal O Globo.
ESTE BRASIL N U N C A mudar. Pode entrar A ou B o que importa para "POLÍTICO BRASILEIRO" é aniquilar deixando na miséria a vida e a honra dos brasileiros e a alto estima. Vemos a podridão nos poderes constituídos. Todos que os que estão no poder se acham no direito de roubar. Todos, Todos os políticos sabem conjugar o verbo "ROUBA" em todos os modos e tempos. Isto é uma prerrogativa da política brasileira. O grande Profeta "CHICO BUARQUE" compôs uma música que retrata o BRASIL VARONIL -- "ACORDA, AMOR"., QUE MANDA CHAMAR O LADRÃO. Talvez seja menos perigoso.
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