Em 1961, o diretor
Nicholas Ray realizou uma das obras mais importantes da Vida de Jesus Cristo,
um tributo à iconografia cristã. Na verdade, uma bela representação através de
imagens. Conforme nos conta o cinéfilo Paulo Telles, o diretor traz para esta fita
o seu EVANGELHO CÊNICO, HIERÁTICO, POLÍTICO, GRAVE, e COMOVENTE...
Ao contrário do que
geralmente ocorre em outras versões da Paixão, REI DOS REIS inicia sua
narrativa 63 anos antes do nascimento de Jesus, quando os romanos sob as ordens
do General Pompeu (Conrado San Martin) invadem Jerusalém e conquistam o
território. Por meio de um prólogo, narrado brilhantemente por Orson Welles
(1915-1985), vemos a tomada da Judeia pelo exército romano e a nomeação do Rei
Herodes (Gregoire Aslan) como uma espécie de interventor local. Inicia-se a
perseguição ao povo judeu, que resiste com a crença de que a salvação está na
vinda do Messias.
Assiste-se neste filme,
KING OF KINGS, a vida de Cristo contada com rigor histórico. Da
manjedoura em que nasceu na cidade de Belém para a adoração de milhares de
fiéis espalhados pelo mundo, a vida de Jesus Cristo (interpretado por Jeffrey
Hunter) foi inegavelmente repleta de grandes acontecimentos. Acompanhe em O Rei
dos Reis, dirigido por Nicholas Ray e escrito por Philip Yordan - adaptado de
nada menos que o Novo Testamento. Você verá seus milagres, os pilares da
construção de sua igreja, a escolha dos Doze Apóstolos, a última ceia, a
traição de Judas, o humilhante julgamento em praça pública conduzido por Pôncio
Pilatos, a crucificação e a ressurreição. Para os cristãos, é uma grande chance
de ver seu líder espiritual. Para toda a humanidade, a oportunidade de aprender
mais sobre a vida de um dos ícones religiosos mais importantes da História. O
Rei dos Reis tem música do vencedor do Oscar Miklos Rozsa e narração de Orson
Welles.
Excelente atuação
do ator Jeffrey Hunter que é o Jesus definitivo do cinema. Outro fato
marcante é a bela trilha sonora, uma das melhores já compostas para
esse tipo de épico. O filme é lindo e a trilha sonora original mais linda
ainda. Muito interessante, principalmente por se concentrar mais no lado
político da história. Portanto, não há problemas se o público não for
religioso. Ele pode ser puramente visto como um filme político, mas o diretor
não esqueceu em momento algum de incrementar uma boa dose de drama a
partir do nascimento, até a vida e morte. um bom filme sobre a
história milenar de Jesus Cristo, o Homem de Nazaré.
A película de mais de
duas horas tem bons momentos, incluindo a eloquente sequência do Sermão da
Montanha, o julgamento de Cristo (parece até que todo o filme foi feito em
razão desse momento), e o emotivo evento que foi a crucificação. O USO DA COR
VERMELHA, uma constate na filmografia, além de um deslumbrante cenário de uma
terra esturricada na região da Espanha com um chão
apedregulhado, também chamam muito atenção do telespectador. E as
qualidades param por aí. Caracterização dos personagens, ritmo, alguns diálogos
mais simplórios, além de outros elementos, elevam esta obra muito mais do que
deveria.
Eis a declaração do ator
que interpreta Cristo, Jeff Hunter, sobre seu sacro papel em REI
DOS REIS (1961): “Senti minha responsabilidade crescer à medida que o filme
prosseguia, e sinto-a ainda mesmo que o filme tenha terminado. Não creio,
entretanto, que sou maior conhecedor de Cristo do que qualquer outra pessoa.
Minha educação religiosa foi como a de qualquer criança americana. Conhecia a
Bíblia, é claro, a história de Jesus era sagrada, mas nunca havia pensado muito
sobre ele como pessoa, de carne e sangue, como um homem que viveu neste mundo
como nós vivemos, entre pessoas e em um tempo não diferente dos atuais. Ao
estudar o script, e enquanto prosseguia minha pesquisa, comecei a compreender
pela primeira vez o significado de Sua vida e o que os seus ensinamentos
trouxeram ao mundo”.
Para a escolha dos
cenários, a produção optou pelas paisagens desérticas da Espanha que
foram escolhidas em razão dos locais, entre pequenas aldeias e montanhas,
lembravam a Palestina de 2000 anos, e pareciam reproduzir conjunturas
adequadas para o filme. Cerca de 326 cenários foram construídos nos
estúdios e ao ar livre. Como relata o historiador Paulo Telles, a cidade de
Nazaré foi reconstituída em Manzanares, e um rio próximo de Andrea Del Fresno
serviu para representar o Rio Jordão, onde João Batista batizou Jesus. Mas para
a cena ao ar livre considerada o Climax Maximus do filme, "O SERMÃO DA
MONTANHA", estiveram presentes na filmagem 7.000 figurantes. Foram construídos
cerca de 60 metros de trilhos ao longo das encostas. A cena, talvez o “sermão”
mais espetacular de todas as fitas que tem como tema a Vida de Jesus, foi
rodada em três dias. Ao longo da projeção, o "Sermão da Montanha" de
Rei dos Reis leva apenas quinze minutos.
Apesar da temática
política do filme, ele nos oferece belos momentos de amor e fé através das
mensagens solenes de Cristo. sem dúvida, é um esplendoroso monumento épico
bíblico em seus 168 minutos de projeção, e mesmo passado quase 60 anos de seu lançamento,
ainda é incapaz de arranhar o fervor das plateias a santificada imagem de
Cristo. Em tradução simultânea, o filme REI DOS REIS, pode ser considerado como
o maior tratado de libertação de consciências. Sem purpurinas, mágicas ou
utopias...
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